Entenda a ofensiva de Trump contra universidades de ponta

Série ‘Adolescência’ será transmitida nas escolas britânicas
Governo de Donald Trump usa bloqueio de verbas como ferramenta para pressionar instituições acadêmicas a se alinharem a suas visões políticas e ideológicas; entre alvos, estão Harvard, Princeton e Columbia. Estudantes realizam um protesto com abandono de aulas nos degraus da Low Library da Universidade Columbia
Reuters
Desde que voltou à Casa Branca, Donald Trump tem colocado em risco a pesquisa universitária nos Estados Unidos por meio do bloqueio de financiamentos e de interferência na gestão de algumas das mais importantes instituições acadêmicas do mundo.
Com um Congresso submisso, controlado pelo partido Republicano, e uma Suprema Corte dominada por conservadores, o presidente americano não tem tido dificuldade em cumprir sua promessa de campanha de recuperar as instituições educacionais americanas do que ele chama de "esquerda radical".
Nos últimos dias, ele determinou a suspensão de 1,8 bilhão de dólares (cerca de R$ 10,2 bilhões) em financiamentos a Harvard, Columbia, Princeton, Johns Hopkins e Universidade da Pensilvânia, e ameaçou ir além caso essas instituições insistam numa suposta postura antissemita. Na visão da atual administração, isso inclui ações que questionem o governo de Israel, como acolher manifestações estudantis contra a guerra em Gaza.
Universidades encurraladas
O governo Trump mandou investigar cerca de 100 instituições de ensino superior por discriminação e antissemitismo. Algumas delas conseguiram recorrer na Justiça contra sanções mas, de forma geral, elas estão se curvando às pressões, já que não podem prescindir dos recursos federais. Segundo levantamento da Associated Press, essas universidades, juntas, receberam 33 bilhões de dólares (R$ 188,4 bilhões) entre 2022 e 2023, o que representa, em média, 13% de seus orçamentos.
O episódio mais recente aconteceu nesta semana com a Universidade de Princeton, que foi punida com a suspensão de bolsas de pesquisa no valor de 210 milhões de dólares (R$ 1,1 bilhão). A medida afeta dezenas de projetos que recebiam verbas federais vinculados ao Departamento de Energia, à Nasa (agência espacial americana) e ao Departamento de Defesa.
O reitor da instituição, Christopher Eisgruber, descreveu as ações de Trump como a maior ameaça às universidades americanas em décadas. "Estamos comprometidos em combater o antissemitismo e todas as formas de discriminação e cooperaremos com o governo nesse esforço. Princeton também defenderá vigorosamente a liberdade acadêmica e os direitos ao devido processo desta universidade", disse Eisgruber em comunicado.
Columbia, epicentro dos protestos estudantis pró-palestinos que se alastraram pelos Estados Unidos no ano passado, foi uma das primeiras afetadas pela atual ofensiva. No início de março, o governo determinou o corte de 400 milhões de dólares (R$ 2,3 bilhões) à universidade. A partir de então, a instituição anunciou reformas institucionais, como regras mais rígidas para protestos em seus campi e maior vigilância sobre departamentos de estudos do Oriente Médio.
Donald Trump fala à repórteres na Casa Branca
REUTERS/Evelyn Hockstein
No caso de Harvard, considerada a universidade com mais recursos do mundo, uma força-tarefa federal contra antissemitismo anunciou a revisão de 9 bilhões de dólares (R$ 51,4 bilhões) em contratos e subsídios federais ao acusar a instituição de não proteger seus estudantes judeus e de promover "ideologias divisórias através da livre pesquisa". Desse total, 255,6 milhões de dólares (R$ 1,5 bilhão) são relativos a contratos em vigor que foram suspensos, e o restante são compromissos de subsídios para os próximos anos.
A sanção mais expressiva até o momento foi contra a Universidade Johns Hopkins, um dos principais centros de pesquisa científica do país, que perdeu 800 milhões de dólares (R$ 4,5 bilhões) em financiamento. Segundo o governo, a instituição deveria rever sua postura em relação aos protestos em seu campus e garantir que alunos e professores respeitem as diretrizes do governo sobre antissemitismo e apoio a movimentos considerados vinculados ao Hamas. Como consequência, a universidade anunciou a demissão de mais de 2.000 funcionários.
Canetadas sem freio
As medidas do governo Trump têm sido comparadas às adotadas durante a Guerra do Vietnã ( de 1955 a 1976), período em que as universidades consideradas centros de ativismo antiguerra enfrentavam cortes de verbas federais. Professores que expressavam posições críticas ao governo, sobretudo durante a presidência de Richard Nixon, corriam o risco de perder financiamentos para pesquisas e até seus empregos por serem considerados antiamericanos ou comunistas.
No entanto, analistas avaliam que nenhum governo fez uso tão intensivo de ordens executivas– ações unilaterais do presidente – para atacar a oposição ao seu governo e ao de aliados. "Ordens executivas nunca foram concebidas para visar especificamente indivíduos ou atores não governamentais com propósitos de retaliação ou vingança", afirmou à Reuters o advogado Mark Zaid.
Suas ações têm despertado críticas até de aliados. "Ele [Trump] traçou essas amplas linhas de batalha, seja contra pessoas que ele acredita terem tentado arruiná-lo pessoalmente, seja contra aqueles que, em sua visão, tentaram destruir a civilização ocidental", afirma o estrategista republicano Scott Jennings. "Tudo o que ele disse que faria na campanha, ele está fazendo."
Manifestantes, incluindo alguns grupos judaicos, argumentam que o governo Trump erra ao equiparar as críticas à campanha militar de Israel em Gaza e a defesa dos direitos palestinos a antissemitismo e apoio ao grupo terrorista Hamas.
Essa pressão recai não só sobre instituições, mas também sobre estudantes, com prisões, perseguições e ameaças de deportação. É o caso da doutoranda turca Rumeysa Ozturk, que foi levada à força sob custódia por agentes federais em plena luz do dia, perto de sua casa em Massachusetts, e teve seu visto revogado.
Imagem de câmera de segurança mostra momento em que Rumeysa Ozturk é detida por agentes federais em Sommerville, Massachusetts.
AP Photo/picture alliance
Um ano atrás, ela assinou um artigo de opinião no jornal estudantil da Universidade Tufts, onde estuda, defendendo que a instituição deixasse de investir em empresas com vínculos com Israel em reconhecimento ao "genocídio palestino". Não está claro se esse foi o motivo da detenção, já que ela não estava diretamente envolvida em protestos. O governo fala em apoio de Ozturk ao Hamas.
Outro símbolo da repressão do governo americano nas universidades é Mahmoud Khalil, ativista palestino e aluno de pós-graduação de Columbia, detido em 8 de março em seu apartamento universitário em Manhattan. Khalil corre o risco de ser deportado, mesmo tendo green card e sendo casado com uma cidadã americana – que estava grávida de oito meses na época de sua prisão.
"Esta é a primeira prisão de muitas que virão", disse Trump em sua plataforma de rede social Truth Social à época, acusado de ser um "estudante radical a favor do Hamas".
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou ter revogado mais de 300 vistos de estudantes dentro da atual ofensiva do governo.
"Guerra cultural"
Entre os temas "proibidos" pela administração Trump estão ainda questões de diversidade, meio ambiente e direitos humanos.
Um dos exemplos mais emblemáticos dessa perseguição à qual o governo chama de "guerra cultural" foi a suspensão de 175 milhões de dólares (quase R$ 1 bilhão) para a Universidade da Pensilvânia devido a políticas esportivas para atletas transgênero.
No centro do caso está a nadadora Lia Thomas, que fez história ao se tornar a primeira mulher trans a vencer o campeonato universitário americano de natação feminina, competindo pela universidade. Sua vitória gerou uma onda de discussões e críticas, especialmente entre aqueles que acreditam que atletas transgênero têm uma vantagem injusta sobre mulheres cisgênero em competições esportivas.
O governo Trump alegou que a universidade não estava aderindo a políticas que o governo considerava necessárias para garantir a "equidade" no esporte feminino.
VÍDEOS DE EDUCAÇÃO

Como prédios altos podem resistir a terremotos tão fortes? Veja 4 estratégias adotadas por engenheiros

Série ‘Adolescência’ será transmitida nas escolas britânicas
O 'básico' da engenharia sísmica é seguir as normas sismorresistentes, que determinam os materiais e as dimensões ideais para não haver desabamento. Técnicas mais avançadas também usam molas amortecedoras, pêndulos gigantes e sistemas computadorizados. Como prédios altos podem resistir a terremotos tão fortes?
Um vídeo que viralizou nas redes sociais nesta semana mostrou que, mesmo diante do terremoto de magnitude 7,7, que devastou Bangkok em 28 de março, dois prédios altos da capital tailandesa resistiram aos tremores e não colapsaram.
“As pessoas estudam engenharia civil por um motivo, gente”, escreveu uma das usuárias do X, em post com quase 3 milhões de visualizações.
➡️Mas, afinal, o que explica o fato de um edifício não desabar durante um abalo sísmico? O g1 conversou com três especialistas da área e resumiu abaixo as principais estratégias:
estrutura resistente, nas dimensões e materiais corretos;
sistemas de isolamento sísmico de três tipos diferentes, que incluem amortecedores de borracha, sistemas computadorizados e pêndulos gigantescos, por exemplo.
💦 Um spoiler: reparou, no vídeo, que a água da piscina, na cobertura das torres, “espirra” para os lados após o tremor? Proposital ou não, certamente foi um elemento que colaborou para as torres não desmoronarem. Veja os detalhes ao longo desta reportagem.
1- Estrutura resistente
“O princípio de base da engenharia sísmica é: a construção não pode desabar. Precisamos proteger a população”, afirma Gustavo Siqueira, professor associado da Universidade Estadual de Campinas e pesquisador de sistemas de isolamento sísmico.
Levando em conta características geográficas (como a posição das placas tectônicas), cada país tem suas próprias normas sismorresistentes: procedimentos básicos que devem ser adotados pelo engenheiro civil para que as estruturas sejam dimensionadas de forma que resistam a terremotos. Isso inclui a instalação de determinados tipos de pilares e de vigas, por exemplo, ou a utilização de materiais específicos, como aço, betão ou madeira.
Edifícios com falhas na construção e templos antigos provavelmente não foram projetados seguindo as normas modernas.
José Elias Laier, engenheiro civil e professor titular da Universidade de São Paulo (USP), esclarece que, em edifícios mais altos, a recomendação é investir em aço, por ser dúctil (ou seja, por ser flexível sem que haja rompimento).
“Ele não esfarela, digamos assim. É possível que ele resista ao terremoto, dependendo da magnitude — pode até balançar, mas não vai cair. É como o bambu, que consegue se deformar sem romper”, diz.
📢Mas, atenção: o fato de um prédio resistir ao desabamento não significa que ele ficará intacto e seguro após o abalo sísmico. Pode haver fissuras em pilares e lajes, por exemplo, que exigirão manutenção (e possivelmente uma evacuação do local).
🏥Isso seria inviável para prédios que não podem ter o funcionamento interrompido, como hospitais e quartéis de bombeiros. Dependendo da importância do estabelecimento, é possível ir além: investir em sistemas de proteção que, mesmo depois de um tremor, possam continuar funcionando, sem necessidade de conserto.
Eles dividem-se entre sistemas passivos (que funcionam por conta própria, “sozinhos”) e ativos (que necessitam de eletricidade).
2- Sistemas passivos
São isoladores sísmicos que têm a vantagem de não precisar de energia para funcionar. Veja exemplos:
a) Dissipadores: absorvem a energia do terremoto antes que ela atinja a estrutura principal do edifício. Podem ser molas amortecedoras e sistemas hidráulicos, por exemplo.
Um dos mais famosos é é o TMD (Tunned Mass Damper), que, em português, é traduzido como "amortecedor de massa sintonizada". Ele fica na parte de cima do edifício e funciona pela Lei da Inércia.
✏️Para você refrescar a memória: é a 1ª lei de Newton, ensinada no ensino médio aos alunos. “Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele.”
Imagine que uma pessoa está em um ônibus parado e, de repente, ele arranca bruscamente. O indivíduo tende a ser lançado para trás, antes de acompanhar o movimento do veículo. Isso acontece porque, pela Lei da Inércia, o corpo quer permanecer em repouso. Agora, pense no contrário: o ônibus está em movimento e freia de repente. A pessoa tende a ir para frente, porque estava em movimento e quer continuar nesse estado.
O TMD funciona da mesma forma:
Dentro de alguns arranha-céus, há uma enorme massa suspensa (como um pêndulo gigante).
Quando o prédio começa a balançar devido a um terremoto, essa grande massa tende a permanecer em repouso por causa da Lei da Inércia.
Como resultado, ela se move na direção oposta ao balanço do prédio, ajudando a reduzir as oscilações e tornando o edifício mais estável. Isso serve para equilibrar a construção: se o edifício estiver se inclinando para a direita, o pêndulo vai se mover para a esquerda.
“Toda a energia de vibração vai para o pêndulo, e não para o prédio. A Ponte Rio-Niterói, por exemplo, tem um sistema assim, feito com baldes de ferro pendurados em molas. [Foi essa intervenção que] diminuiu a vibração sentida no vão central quando batia um vento de cerca de 55 km/h”, explica Reyolando Brasil, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
“Na China, temos exemplos de pêndulos com massas que ocupam três andares do prédio. É um sistema muito inteligente, porque vai funcionar mesmo sem eletricidade.”
Veja o funcionamento do TMD
Arte/g1
b) Isolamento de base
“Nesse tipo de passivo, a fundação do prédio fica em cima de isoladores sísmicos, como molas ou amortecedores de borracha. É algo gigante que tem como objetivo ‘isolar’ o edifício e 'desacoplá-lo' parcialmente do solo. Com isso, o solo se movimenta, mas só a mola [ou a estrutura usada] se deforma — sem abalar tanto a estrutura”, explica Brasil.
Há também outras tipos de isolamento, como amortecedores de chumbo e rolamentos deslizantes.
O edifício da Suprema Corte dos Estados Unidos, por exemplo, passou por uma reforma em 2011 para a instalação de isoladores embaixo da construção.
Isolamento de base pode ajudar a preservar a construção em terremotos
Arte/g1
3- Sistemas ativos
Neste caso, sensores detectam tendências de movimento do solo e enviam informações para um sistema computacional, que processa as informações e aciona dispositivos no topo do edifício (como molas amortecedoras).
Esse mecanismo ajuda a minimizar o impacto de vibrações causadas por terremotos.
Cidades como Nova York e Tóquio possuem edifícios equipados com esse tipo de tecnologia. No entanto, são sistemas que apresentam algumas limitações: além de serem significativamente mais caros, dependem de eletricidade para funcionar. Isso pode ser um problema em situações de emergência, como em um terremoto, quando há risco de falta de energia. Adotar fontes alternativas pode ser uma solução, mas gera mais custos.
E a piscina lá de cima? Realmente pode ter ajudado?
Sim. Não sabemos se ela foi construída na cobertura já com essa intenção de proteção sísmica (provavelmente, não) — de qualquer forma, foi um recurso que auxiliou na preservação dos edifícios.
Mais uma vez, a explicação vem da Lei da Inércia, por meio de um sistema de “contrarresposta passiva”.
“O terremoto ‘tira o chão’ do prédio. Nesse movimento, toda aquela água da piscina tende a se deslocar para o sentido contrário. Isso traz um equilíbrio por um tempo”, explica Reyolando Brasil.
Então, colocar uma piscina na cobertura pode ser a solução para evitar desabamentos? Não, é apenas um recurso extra. “A água vai sendo jogada para fora, e a força [que equilibraria o prédio] vai reduzindo com o passar do tempo”, complementa o professor.
Outros vídeos de Educação

Dia Mundial da Conscientização do Autismo: veja os obstáculos enfrentados e conheça iniciativas de apoio à inclusão

Série ‘Adolescência’ será transmitida nas escolas britânicas
Transtorno do Espectro Autista costuma gerar dificuldades de interação social,
problemas na comunicação e alteração nos interesses (como resistência a mudanças de rotinas ou maneiras diferentes de brincar). Em um ano, 200 mil alunos com autismo foram matriculados em escolas comuns
Neste 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, o g1 reúne:
informações sobre os direitos reservados às pessoas que têm TEA (transtorno do espectro autista) e aos familiares delas;
histórias de quem enfrenta obstáculos para alcançar a inclusão plena, principalmente na escola;
iniciativas em cidades brasileiras para divulgar mais informações sobre o autismo e informar a população.
🧩 Quais os sinais de alerta para procurar ajuda médica?
Pais e mães devem ficar atentos se a criança:
não estabelece contato visual com a mãe durante a amamentação;
não olha quando é chamado pelo nome ou quando alguém compartilha um interesse e aponta para algo;
não gosta do toque e prefere ficar sozinho no berço (isso não significa desgostar de carinho);
quando começa a andar, é na ponta dos pés;
tem um jeito atípico de brincar – prefere empilhar ou enfileirar carrinhos, por exemplo;
tem seletividade alimentar e problemas com texturas;
não ri de brincadeiras que os pais fazem;
faz gestos repetitivos, com a cabeça ou o tronco, e balança as mãos;
não fala ou, quando aprende a falar, repete frases de filmes, sem se comunicar;
fica nervoso com mudanças de rotina.
Saiba mais sobre o diagnóstico.
Luto e libertação: mãe e filha têm sensações diferentes ao receberem diagnóstico tardio de autismo
🧩 Quais os direitos da pessoa com TEA e de seus familiares nos benefícios sociais?
Jary, que tem autismo, estuda em escola comum de Nova Iguaçu (RJ)
Arquivo pessoal
Nesta reportagem, o g1 explica como indivíduos com autismo podem acessar benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A reportagem detalha os critérios para a obtenção do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e orienta sobre o processo de solicitação. Leia aqui.
Outra matéria também destaca os direitos de pais e mães de pessoas atípicas: mostra os desafios enfrentados por essas famílias e esclarece os benefícios e garantias legais disponíveis para assegurar uma melhor qualidade de vida a elas. Acompanhe aqui.
🧩 A inclusão escolar realmente acontece? Quais os desafios?
De 2022 a 2023 (dados mais recentes), no Brasil, o número de crianças e adolescentes com TEA matriculados em salas de aula comuns — ou seja, junto com alunos sem deficiência — aumentou 50%: saltou de 405.056 para 607.144, segundo dados do Censo de Educação Básica.
➡️Cientistas e profissionais da educação reforçam que a convivência entre pessoas com e sem deficiência é benéfica para todos – tanto do ponto de vista social (compreensão das diferenças, cidadania, melhora na capacidade de comunicação) quanto do cognitivo (a escola deve apresentar os conteúdos de maneira que todos os estudantes possam aprender e desenvolver o pensamento lógico, o raciocínio matemático ou conhecimento histórico, por exemplo).
👎O problema é que a matrícula é só o primeiro passo – e as etapas subsequentes ainda deixam a desejar. Não basta “permitir” a entrada da criança. Há dificuldades diante:
da formação frágil de docentes e funcionários, que acabam indo atrás de preparo por iniciativa própria, sem apoio da escola ou do governo;
da falta de adaptação de atividades e aulas;
do desconhecimento sobre como agir diante de surtos de agressividade e de outros possíveis sintomas;
do bullying;
da cobrança de taxas extras na mensalidade (prática ilegal);
do descumprimento do direito a um acompanhante contratado pelo colégio;
da evasão escolar e ausência de recursos para lidar com os diferentes tempos de aprendizagem.
Em Alagoas, uma matéria do g1 aborda os desafios enfrentados por famílias na inclusão de crianças com autismo nas escolas de Maceió. Leia aqui.
“Sempre enfrentei muito preconceito na vida escolar de professores que não sabiam as características do meu transtorno. Hoje estou na universidade e continuo sofrendo agressões de quem deveria me ajudar [comunidade acadêmica] quando entro em crise”, diz à reportagem um estudante com TEA.
🧩 Que iniciativas estão promovendo a conscientização do autismo?
Há diversos projetos, novas iniciativas e eventos que, neste 2 de abril, estão divulgando informações a respeito do TEA ou facilitando o acesso dos autistas à cultura, à educação e à saúde:
No Pará, o g1 apresenta uma iniciativa cultural em Belém que promove a inclusão de DJs autistas e destaca a importância da inclusão cultural.
No Rio de Janeiro, um projeto usa animais no tratamento de pessoas com autismo em hospital da capital.
No Espírito Santo, um menino autista encontrou no cultivo de abelhas um caminho para a socialização.
Em São Paulo, a Prefeitura inaugurou o primeiro Centro Municipal para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo da cidade, com um investimento de R$ 119 milhões. O centro oferecerá atendimento especializado e multidisciplinar.
Na Bahia, uma ação de saúde em Salvador está oferecendo atendimentos gratuitos a familiares de pessoas com autismo. A iniciativa disponibiliza uma variedade de serviços para apoiar as famílias, incluindo orientações médicas e psicológicas.
Em Goiás, um padre em Planaltina criou turmas inclusivas para catequese e batismo de crianças com autismo. O programa é adaptado às necessidades dessas crianças, promovendo inclusão e acessibilidade nas atividades religiosas.
Em Feira de Santana, na Bahia, uma ação promove a confecção gratuita de crachás para autistas, para facilitar a identificação e assegurar que pessoas com TEA recebam atendimento adequado.
No Mato Grosso do Sul, a "Caminhada da Inclusão" reuniu a comunidade de Campo Grande em prol do autismo. O evento buscou aumentar a conscientização sobre o TEA e promover a inclusão social, contando com a participação de famílias, profissionais e apoiadores da causa.
Em Mojuí dos Campos, no Pará, a Câmara Municipal realizou uma sessão solene alusiva ao Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo. A cerimônia destacou a importância de políticas públicas voltadas para pessoas com TEA e reconheceu o trabalho de organizações e indivíduos que atuam na área.
No Amazonas, uma ação educativa em Manaus atendeu famílias das escolas associadas ao Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Estado do Amazonas, promovendo atividades de conscientização e inclusão.
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Resultado da lista de espera do Prouni 2025 é divulgado; confira calendário de comprovação de informações

Série ‘Adolescência’ será transmitida nas escolas britânicas
Etapa é voltada aos inscritos que não foram pré-selecionados nas chamadas regulares ou que foram reprovados por não formação de turma. Calendário do Prouni 2025 do primeiro semestre.
Reprodução
O resultado da lista de espera do Programa Universidade Para Todos (Prouni) do primeiro semestre de 2025 foi divulgado nesta terça-feira (1º). O candidato pode fazer a consulta no portal Acesso Único, utilizando o login gov.br, com CPF e senha.
A etapa é voltada aos inscritos que não foram pré-selecionados nas chamadas regulares ou que foram reprovados por não formação de turma.
Quem for pré-selecionado na etapa terá até 11 de abril para comprovar as informações prestadas no ato de inscrição, na instituição de ensino na qual foi aprovado.
🚨 Atenção: Fique atento, as instituições podem ter exigências adicionais, além das previstas pelo programa.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), reponsável pelo programa, 197.080 estudantes haviam sido pré-selecionados na primeira chamada do Prouni, no início de fevereiro. Na segunda chamada, ao final do mês, outros 86.373 teriam sido pré-selecionados.
Ainda de acordo com a pasta, a edição de 2025 teve 1,5 milhão de inscrições totais, para 768.296  inscritos (considerando que cada candidato pode escolher até dois cursos).
A edição oferta 338.444 bolsas em 403 cursos de 1.031 instituições privadas por todo o país. Dessas bolsas, 203.539 são integrais e 134.905 parciais.
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Série ‘Adolescência’ será transmitida nas escolas britânicas

Série ‘Adolescência’ será transmitida nas escolas britânicas
Produção explora as influências tóxicas e misóginas às quais os jovens são expostos na internet e já foi assistida por mais de 65 milhões de pessoas. Owen Cooper foi elogiado por sua atuação como Jamie, de 13 anos, em 'Adolescência'
Divulgação/Netflix
A minissérie da Netflix "Adolescência", que explora as influências tóxicas e misóginas às quais os jovens são expostos na internet, será transmitida gratuitamente nas escolas de ensino médio do Reino Unido, anunciou o governo britânico nesta segunda-feira (31).
"Esta é uma iniciativa importante para incentivar o maior número possível de estudantes a assistir ao programa", disse o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que assistiu à minissérie com seus filhos adolescentes.
O anúncio foi feito depois que Starmer se reuniu com os criadores do programa, juntamente com organizações beneficentes e juvenis, em sua residência de Downing Street para discutir os problemas expostos pelo programa.
A série, que está no streaming desde 13 de março, é a número 1 na Netflix no mundo todo. Até 25 de março, foi assistida por mais de 66,3 milhões de pessoas, de acordo com a plataforma.
LEIA TAMBÉM:
'Adolescência': como surgiu a sinistra 'machosfera' retratada pela série
Incels, redpills e mais 10: os termos da série ‘Adolescência’ sobre a cultura de ódio a mulheres
No Reino Unido, tornou-se um fenômeno de massa e os jornais publicaram vários artigos sobre as questões levantadas.
"Adolescência" conta a história de um garoto de 13 anos, Jamie, que é preso e acusado de esfaquear uma estudante até a morte.
"Criamos esse programa para gerar discussão. Poder transmiti-lo nas escolas excede as nossas expectativas", disse Jack Thorne, co-roteirista da série.
Em quatro episódios, "Adolescência" disseca os motivos que podem ter levado o jovem a esse ato, evocando a influência do discurso misógino e machista e a impossibilidade de controlar o uso das redes sociais entre os adolescentes.
"Falar abertamente sobre as mudanças na maneira como se comunicam, no conteúdo que visualizam e entender as conversas que têm entre si é essencial para ajudá-los a lidar adequadamente com as influências nocivas", disse Starmer.
Maria Neophytou, da organização beneficente de proteção à criança NSPCC, disse que as empresas têm a "responsabilidade de garantir que suas plataformas e sites sejam projetados para serem seguros para os usuários jovens".
No Reino Unido, uma Lei de Segurança Digital foi aprovada em 2023 e já está em vigor, com o objetivo de reforçar as obrigações das plataformas, especialmente a de remover conteúdos ilegais.
Entenda o que são incels, redpills e outros 10 termos da série ‘Adolescência’