‘Jairo miserável’, ‘quem mente sobre fruta?’: 3 questões de matemática que tiraram alunos de escola pública do sério na OBMEP

Em 3 anos, Brasil tem 27 ataques de violência extrema em escolas; por que tantos casos?
Edição de 2025 da Olímpiada Brasileira de Matemática tem mais de 18,6 milhões de inscritos. Universidades como a USP e a Unicamp reservam vagas para medalhistas. ‘Quantos mentiram?’ Questão da Obmep sobre fruta preferida ‘castiga’ alunos
Não vamos reproduzir todas as manifestações de raiva dos candidatos da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), porque não seria educado colocar tantos palavrões aqui na reportagem.
Mas, tenha certeza: três questões da prova do ensino médio, aplicada na última terça-feira (3), tiraram os alunos do eixo e geraram memes de desespero nas redes sociais.
Tente respondê-las no quiz abaixo e, em seguida, veja como resolver cada uma, segundo a própria OBMEP e seis professores ouvidos pelo g1.
3 questões de matemática da OBMEP que tiraram alunos da rede pública do sério
🧮 Como resolver?
O gabarito oficial da prova só será publicado no início de julho. Mas a organização da OBMEP já adiantou ao g1 as respostas dessas três questões!
Abaixo, veja as resoluções propostas pelo próprio Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), que administra a competição, e pelos professores:
Wallace Salgueiro, do Colégio Pedro II – Campus Tijuca (RJ);
Jéssica Rama, Deivison Cunha e Phillipi Souza, do Colégio pH (RJ);
Victor Pompeo, do Curso Anglo (SP);
Paulo Ricardo Lopes, das Escolas SEB, unidades Portugal e Ribeirânia (SP).
Questão 1 do quiz – fruta favorita🍌🍎🍇
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Como cada um dos 250 habitantes tem exatamente uma fruta que prefere.
Se todos dissessem a verdade, haveria exatamente 250 respostas SIM.
Cada pessoa mentirosa, no entanto, responde NÃO para a sua fruta preferida e SIM para as outras duas, ou seja, responde SIM uma vez a mais do que o esperado.
Assim, o excesso de respostas SIM mostra exatamente o número de mentirosos, já que cada um contribui com uma resposta SIM extra.
Como há 140 + 120 + 110 = 370 respostas SIM e apenas 250 pessoas na ilha, há 370 – 250 = 120 mentirosos.
Questão 2 do quiz – conta ABC 🤔
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O resultado da conta tem 3 algarismos iguais; ou seja, é 111, 222, 333, 444, 555, 666, 777, 888 ou 999. Note que todos esses números são múltiplos de 111. Assim, o resultado da conta pode ser escrito como 111x A.
Como 111 = 3 x 37, é necessário ter um fator 37 em algum dos termos da multiplicação. Assim, a primeira linha, AB, deve ser ou 37 ou 74 (que é múltiplo de 37).
-> Se AB for igual a 37, teremos:
37
x C
——–
333
E essa conta dá certo para C = 9, já que 37 x 9=333
-> Se AB = 74, temos:
74
x C
——-
777
Essa conta, por sua vez, não tem resultado possível.
Assim, A = 3, B = 7 e C = 9 e, portanto, A + B + C = 3 + 7 + 9 = 19.
Questão 3 do quiz – corda de Jairo 🪢
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Jairo tem cordas de 2 metros. Quando amarra duas, perde 0,3 metros com o nó: 2m + 2m = 4m → viram 3,7m → perda de 0,3m.
Ele quer fazer uma corda de exatamente 20 metros.
Se forem 2 cordas, será um nó. Em 3 cordas, 2 nós. Em 4 cordas, 3 nós. E assim por diante. Ou seja: em n cordas, ele terá (n – 1) nós.
O comprimento real será: 2n — 0,3 (n — 1) = 20.
Resolvendo: 2n — 0,3n + 0,3 = 20
1,7n = 19,7
n = 11,58 cordas (para render 20 metros)
Precisaremos arredondar para cima (ou seja, para 12), porque a ideia é que sobre um pouco de corda além dos 20 metros.
Substituindo o n por 12, teremos:
2 x 12 — 0,3 (12 — 1) = 24 — 3,3 = 20,7 metros
Ou seja, precisaremos cortar 0,7 metro.
Como funciona a OBMEP?
A olimpíada tem duas fases: a 1ª foi em 3 de junho, com 20 questões e 2h30 de duração máxima. Os candidatos que se classificarem para a etapa seguinte farão uma nova prova em 25 de outubro.
Mais de 18,6 milhões de crianças e jovens estão inscritos, divididos em três grupos: nível 1 (6º e 7º anos), nível 2 (8º e 9º anos) e nível 3 (ensino médio).
Serão distribuídas 8.450 medalhas nacionais:🥇 650 de ouro,🥈 1.950 de prata e🥉 5.850 de bronze.
Universidades públicas como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) reservam vagas para medalhistas.
Quiz da OBMEP
Imagem gerada pelo ChatGPT

China promete defender ‘com firmeza’ direitos de estudantes após decreto de Trump proibir Harvard de admitir estrangeiros

Em 3 anos, Brasil tem 27 ataques de violência extrema em escolas; por que tantos casos?
Trump assinou ordem executiva proibindo admissão de alunos estrangeiros pelos próximos seis meses. Casa Branca acusa universidade de facilitar a entrada de 'adversários estrangeiros' e de ter recebido US$ 150 milhões da China. Harvard se nega a cumprir exigências de Trump, e mais de US$ 2 bi em recursos congelados
A China prometeu nesta quinta-feira (5) "defender firmemente os legítimos direitos e interesses de seus estudantes no exterior", após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinar ordem executiva proibindo que a Universidade de Harvard matricule estudantes estrangeiros.
"A China sempre se opôs à politização da cooperação educacional. As ações relevantes por parte dos EUA apenas prejudicarão a imagem e a credibilidade internacional da América", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian.
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A proibição a Harvard, um novo capítulo do embate entre a universidade e o governo dos EUA, foi imposta pelo presidente americano, Donald Trump, em ordem executiva na quarta-feira (4).
A medida, válida para os próximos seis meses, impede que a universidade de Harvard receba estudantes estrangeiros em seus cursos. Para justificar a proibição, a ordem de Trump alega supostas ameaças à segurança nacional.
"O Federal Bureau of Investigation (FBI) alerta há muito tempo que adversários estrangeiros aproveitam o fácil acesso ao ensino superior americano para roubar informações, explorar pesquisa e desenvolvimento e espalhar informações falsas", diz um comunicado da Casa Branca.
Em comunicado, Harvard classificou a proclamação como "mais um passo retaliatório ilegal tomado pelo governo, em violação aos direitos da Primeira Emenda de Harvard."
"Harvard continuará a proteger seus estudantes internacionais", acrescentou.
Na semana passada, Trump havia ameaçado proibir Harvard de aceitar estudantes estrangeiros por meio do Departamento de Segurança Interna, mas a Justiça bloqueou ações do tipo. Desta vez, o presidente age por meio de uma outra via legal, publicando uma ordem executiva.
Ainda de acordo com a nota da Casa Branca, "Harvard não forneceu informações suficientes ao Departamento de Segurança Interna (DHS) sobre atividades ilegais ou perigosas conhecidas de estudantes estrangeiros, relatando dados deficientes sobre apenas três estudantes".
O texto também acusa a universidade de ter recebido US$ 150 milhões (cerca de R$ 845,5 mi) da China.
"Em troca, Harvard, entre outras coisas, recebeu membros paramilitares do Partido Comunista Chinês e fez parcerias com indivíduos baseados na China em pesquisas que poderiam promover a modernização militar da China."
Na última quinta-feira (29), o Departamento de Segurança Interna dos EUA havia enviado a Harvard uma notificação com a intenção de revogar a certificação da universidade no Programa Federal de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio — a licença necessária para matricular e manter estudantes e professores estrangeiros.
Ainda de acordo com o documento, Harvard teria 30 dias para responder se quer contestar a medida.
Interrupção de vistos
No último dia 27, o governo Trump ordenou também a todos os consulados dos Estados Unidos no mundo que interrompam a concessão de vistos de estudantes, segundo a agência Reuters.
A TV Globo confirmou com fontes do governo americano no Brasil que os processos estão suspensos. A Embaixada dos EUA no país já começou a orientar estudantes a procurarem os consulados locais.
Até a última atualização desta reportagem, o governo dos Estados Unidos ainda não havia se pronunciado oficialmente sobre a decisão.
De acordo com o site "Politico", uma fonte da diplomacia americana afirmou que Washington também está considerando passar a analisar as redes sociais de todos os solicitantes desse tipo de visto — necessário para quem pretende fazer qualquer curso nos Estados Unidos, desde intercâmbio até programas universitários.
Como a nova diretriz ainda está em análise, o Departamento de Estado determinou a suspensão temporária do processo de emissão novos vistos de estudos.
Um comunicado interno foi enviado a todos os consulados dos EUA — responsáveis pela concessão de vistos — orientando que não sejam realizadas entrevistas com os candidatos, última etapa do processo de solicitação do visto de estudos.
Conflito do governo dos EUA com Harvard
A proibição de Harvard aceitar alunos estrangeiros afeta cerca de 7.000 estudantes — um em cada quatro alunos da universidade.
“Sem seus estudantes internacionais, Harvard não é Harvard”, disse a instituição, que tem 389 anos. “Com um golpe de caneta, o governo tentou apagar um quarto do corpo discente de Harvard — estudantes que contribuem significativamente para a universidade e sua missão.”
A universidade também classificou a intenção de Trump como uma “violação flagrante” da Primeira Emenda da Constituição dos EUA, além de outras leis federais.
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O presidente dos EUA, Donald Trump
Ken Cedeno/Reuters
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Trump publica ordem que proíbe Harvard de admitir estudantes estrangeiros

Em 3 anos, Brasil tem 27 ataques de violência extrema em escolas; por que tantos casos?
Casa Branca acusa universidade de facilitar a entrada de 'adversários estrangeiros' e de ter recebido US$ 150 milhões da China. Harvard se nega a cumprir exigências de Trump, e mais de US$ 2 bi em recursos congelados
O presidente dos EUA, Donald Trump, proclamou nesta quarta (4) uma ordem para impedir que a universidade de Harvard receba estudantes estrangeiros em seus cursos.
A proclamação, que é uma espécie de ordem executiva, cita supostas ameaças à segurança nacional.
"O Federal Bureau of Investigation (FBI) alerta há muito tempo que adversários estrangeiros aproveitam o fácil acesso ao ensino superior americano para roubar informações, explorar pesquisa e desenvolvimento e espalhar informações falsas", diz um comunicado da Casa Branca.
A gestão Trump já havia notificado a intenção de publicar a proibição mesmo após avisos da Justiça de que iria bloquear medidas do tipo.
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Ainda de acordo com a nota da Casa Branca, "Harvard não forneceu informações suficientes ao Departamento de Segurança Interna (DHS) sobre atividades ilegais ou perigosas conhecidas de estudantes estrangeiros, relatando dados deficientes sobre apenas três estudantes".
O texto também acusa a universidade de ter recebido US$ 150 milhões da China.
"Em troca, Harvard, entre outras coisas, recebeu membros paramilitares do Partido Comunista Chinês e fez parcerias com indivíduos baseados na China em pesquisas que poderiam promover a modernização militar da China."
Na última quinta-feira (29), o Departamento de Segurança Interna dos EUA havia enviado a Harvard uma notificação com a intenção de revogar a certificação da universidade no Programa Federal de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio — a licença necessária para matricular e manter estudantes e professores estrangeiros.
Ainda de acordo com o documento, Harvard teria 30 dias para responder se quer contestar a medida.
Interrupção de vistos
No último dia 27, o governo Trump ordenou também a todos os consulados dos Estados Unidos no mundo que interrompam a concessão de vistos de estudantes, segundo a agência Reuters.
A TV Globo confirmou com fontes do governo americano no Brasil que os processos estão suspensos. A Embaixada dos EUA no país já começou a orientar estudantes a procurarem os consulados locais.
Até a última atualização desta reportagem, o governo dos Estados Unidos ainda não havia se pronunciado oficialmente sobre a decisão.
De acordo com o site "Politico", uma fonte da diplomacia americana afirmou que Washington também está considerando passar a analisar as redes sociais de todos os solicitantes desse tipo de visto — necessário para quem pretende fazer qualquer curso nos Estados Unidos, desde intercâmbio até programas universitários.
Como a nova diretriz ainda está em análise, o Departamento de Estado determinou a suspensão temporária do processo de emissão novos vistos de estudos.
Um comunicado interno foi enviado a todos os consulados dos EUA — responsáveis pela concessão de vistos — orientando que não sejam realizadas entrevistas com os candidatos, última etapa do processo de solicitação do visto de estudos.
Conflito do governo dos EUA com Harvard
A proibição de Harvard aceitar alunos estrangeiros afeta cerca de 7.000 estudantes — um em cada quatro alunos da universidade.
“Sem seus estudantes internacionais, Harvard não é Harvard”, disse a instituição, que tem 389 anos. “Com um golpe de caneta, o governo tentou apagar um quarto do corpo discente de Harvard — estudantes que contribuem significativamente para a universidade e sua missão.”
A universidade também classificou a intenção de Trump como uma “violação flagrante” da Primeira Emenda da Constituição dos EUA, além de outras leis federais.
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Ken Cedeno/Reuters
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UnB sobe três posições em ranking mundial de universidades

Em 3 anos, Brasil tem 27 ataques de violência extrema em escolas; por que tantos casos?
Dentre instituições brasileiras, universidade alcançou 11ª posição. Desempenho em pesquisa subiu 10 posições. Fachada da UnB, em imagem de arquivo
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
A Universidade de Brasília (UnB) subiu três posições no ranking mundial das melhores universidades do mundo (da 836ª para 833ª posição). Dentre as instituições brasileiras, a UnB alcançou a 11ª posição.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp.
O ranking enumera as 2 mil melhores universidades do mundo, entre mais de 21 mil instituições avaliadas, e foi publicado nesta segunda-feira (2) pelo Centro para Rankings Universitários Mundiais (CWUR), uma organização independente de consultoria em políticas educacionais e pesquisa.
Além disso, a UnB também melhorou o desempenho em pesquisa, subindo dez posições: da 803ª para a 793ª colocação. A universidade é uma das sete instituições brasileiras que apresentaram crescimento na lista.
Metodologia
Segundo o Centro para Rankings Universitários Mundiais (CWUR), as universidades são avaliadas com base em quatro critérios:
Educação (25%): qualidade da formação dos alunos;
Empregabilidade (25%): sucesso profissional dos ex-alunos;
Corpo docente (10%): premiações e reconhecimento de professores;
Pesquisa (40%): volume e impacto da produção científica.
A Assessoria de Comunicação da UnB informou que recebeu com satisfação a notícia da melhora da instituição no ranking do CWUR, atribuindo esse avanço a um trabalho coletivo e contínuo da comunidade universitária.
"Atribuímos esse avanço a um trabalho coletivo e contínuo da comunidade universitária, que tem buscado excelência mesmo em meio a desafios orçamentários e estruturais. A gestão tem feito esforços para fortalecer as políticas de apoio à pesquisa, incentivar a formação e valorização docente, ampliar os vínculos com o setor produtivo e internacionalizar a universidade", diz a UnB.
Projeto na UnB treina pessoas idosas a manter o equilíbrio e evitar quedas
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Em 3 anos, Brasil tem 27 ataques de violência extrema em escolas; por que tantos casos?

Em 3 anos, Brasil tem 27 ataques de violência extrema em escolas; por que tantos casos?
Dos 42 ataques ocorridos desde 2001, relatório aponta que 10 foram em 2022; 12 em 2023 e 5 em 2024. Armas de fogo e facas dominam entre os instrumentos usados pelos agressores. Aluna acende vela durante uma vigília em escola após ataque deixar professora morta em SP
REUTERS/Carla Carniel
De janeiro de 2001 a dezembro de 2024, ocorreram 42 ataques de violência extrema em escolas do Brasil, mostra o relatório D³e – Dados para um Debate Democrático na Educação. Desse total, 27 episódios (64,2%) foram registrados mais recentemente, entre março de 2022 e dezembro de 2024.
2022: 10 ataques
2023: 12 ataques
2024: 5 ataques
Segundo a pesquisa, houve 44 mortos (32 alunos, seis funcionários e seis suicídios dos atiradores) e 113 feridos.
O levantamento, formulado com apoio da B3 Social e da Fundação José Luiz Setúbal, já havia sido divulgado no último ano, mas agora foi atualizado e passou a contemplar também os números e as análises de 2024 — quando houve uma redução da violência nas escolas. Teríamos encontrado um caminho de prevenção?
"Vimos muitos episódios que foram desbaratados. A área da segurança 'aprendeu a lidar com os ataques' — ou seja, está atuando no sentido de identificar e de agir antes que eles aconteçam", afirma Telma Vinha, pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados da Unicamp.
"Porém, ainda falta muito para impedirmos o envolvimento de crianças e jovens com o extremismo e com a radicalização on-line. Falhamos na prevenção das causas e na proteção."
A pesquisa questiona se as ações de contenção e de repressão imediata, embora eficazes para evitar ataques iminentes, estão, de fato, agindo nas causas do problema. O caminho para impedir o envolvimento de jovens com o extremismo e a radicalização on-line, ou seja, para a prevenção em um sentido mais amplo e estrutural, ainda está longe de ser encontrado plenamente, afirma o relatório.
➡️O que são ataques de violência extrema em escolas? Segundo as autoras da pesquisa, Telma Vinha e Cléo Garcia (também da Unicamp), há necessariamente os seguintes elementos:
ataques cometidos de forma intencional por estudantes e ex-estudantes;
crimes de ódio e/ou movidos por vingança dentro de instituições de ensino;
motivações, em geral, relacionadas a ressentimentos ou originadas a partir de preconceitos e discriminações (misoginia, racismo, extremismo etc.);
planejamentos e uso de algum tipo de arma para matar uma ou mais pessoas.
A sensação de que 'o mundo precisa ruir'
Telma Vinha ressalta ainda que está em curso uma alteração no perfil dos ataques. "Há uma tendência de mudança do foco para eventos públicos ou para atos violentos transmitido on-line. Também [ganha espaço] um tipo de violência mais niilista — no sentido de tudo ser 'zoação' e 'brincadeira'", afirma.
➡️O que é violência niilista?
É a recusa total da ordem, a valorização do caos, a destruição e a violência como fins em si próprias.
Infiltra-se como piada, ironia ou desafio, usando humor cruel e linguagem codificada (não se anuncia abertamente como ameaça).
Não ocorre por convencimento ideológico, e sim por repetição e pelo sentimento de pertencimento a uma rede.
Atrai adolescentes (principalmente meninos) ressentidos ou deslocados.
"Em geral, [ocorre] em ambientes digitais anônimos, como fóruns e grupos fechados, que funcionam como espaços de validação: discursos antissistema, estéticas de humor sombrio e exaltação de autores de massacres criam uma cultura de desesperança, de que 'nada faz sentido' ou de que 'o mundo deve ruir'", explica Vinha.
Quais as características dos ataques a escolas no Brasil?
🔴Armas de fogo e facas foram os instrumentos mais usados pelos agressores.

🔴 Dos 42 ataques, 33 (78,57%) foram ativos, com intenção de atingir o maior número possível de pessoas, e nove (21,42%) tiveram um alvo em específico.
🔴Em 81,39% dos casos, os episódios ocorreram em locais em que a famílias dos estudantes têm nível socioeconômico declarado como médio, médio-alto e alto.
🔴 São Paulo lidera o número de ataques, com 10 casos, seguido pelo Rio de Janeiro e pela Bahia, ambos com cinco.
🔴Cerca de 78% dos autores eram menores de 18 anos.
🔴Dos 45 autores de ataques (três episódios foram cometidos em dupla), apenas uma pessoa envolvida era do sexo feminino. Foi um caso de Natal, em dezembro de 2024, quando uma estudante de 19 anos baleou um colega dentro da escola. Não houve mortes, e ela respondeu criminalmente como adulta.
🔴Foram 43 escolas atingidas, sendo que um único autor invadiu duas delas (em Aracruz-ES). Desse total, são: 23 escolas estaduais, 13 municipais e sete particulares.
Por que o número de ataques aumentou a partir de 2022?
É importante observar que os fatores a seguir, isoladamente, podem não ser suficientes para explicar o aumento da violência — mas, em conjunto, criam um cenário propício para a ocorrência de atos extremos.
Entram na lista:
pandemia da Covid-19 – e todas as consequências do isolamento social, do estresse, das perdas e do contato exacerbado com redes sociais;
vulnerabilidade social e emocional dos adolescentes – agravada pelo contexto de pressão por desempenho, intensificação da desigualdade ou uso massivo de tecnologias;
busca por aceitação, identidade e pertencimento – isso leva o aluno a entrar em grupos de ódio que validam experiências negativas e oferecem uma falsa sensação de acolhimento;
exposição a conteúdos violentos e participação em comunidades extremistas on-line;
disseminação de informações falsas e de teorias conspiratórias;
falta de regulação das plataformas digitais;
construção de masculinidades violentas – que associam o "ser homem" à agressividade e que fortalecem arquétipos como o do "macho alfa";
vínculos familiares fragilizados ou disfuncionais;
ambiente escolar como espaço de sofrimento – com bullying, discriminação, exclusão, humilhação e injustiças;
acesso a armas de fogo;
fragilidade nas redes de proteção e no atendimento psicossocial.
O que pode ser feito para prevenir novos ataques?
O estudo recomenda as seguintes medidas, entre outras:
regulação das plataformas digitais e medidas para conter a exposição de crianças e adolescentes a conteúdos de risco;
implementação de sistema de registro de ataques ocorridos e dos casos desbaratados pela polícia;
ampliação dos serviços de psicologia e de serviço social nas redes públicas de educação básica;
incorporação e/ou fortalecimento do letramento racial e de gênero no dia a dia das escolas;
alfabetização midiática e educação digital;
expansão das escolas em tempo integral.
"A gente precisa discutir sobre os riscos de ter armas em casa", diz pesquisador em segurança após ataque em escola estadual