Jovem com paralisia cerebral é aprovado na UFSCar, e vídeo de comemoração viraliza; ASSISTA

Governo limite de ultraprocessados na merenda escolar para 15%
Guilherme Isaque de Souza Ferreira, de 18 anos, quer cursar ciências sociais. Em entrevista ao g1, mãe e filho contaram os desafios superados pelo jovem que mora no Centro de São Paulo. Jovem com paralisia cerebral é aprovado em 2º lugar na UFSCar
“Passei, passei, mamãe. Eu quero correr, eu quero correr”. Foi assim que o estudante Guilherme Isaque de Souza Ferreira, de 18 anos, anunciou em casa a aprovação no curso de ciências sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
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O jovem, que tem paralisia cerebral, foi aprovado em segundo lugar por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Ao ver o nome na lista, a alegria tomou conta do estudante que mora na região do Brás, no Centro de São Paulo. A mãe registrou o momento em vídeo, que já teve mais de 400 mil curtidas nas redes sociais (veja acima).
Em entrevista ao g1 nesta quinta-feira (6), Guilherme disse que escolheu o curso por ser envolvido na questão das lutas sociais e, principalmente, pelos direitos das pessoas com deficiência.
“A minha intenção é ajudar os PCDs [pessoas com deficiência] na questão de políticas públicas porque eu vejo muitos problemas na cidade, tanto na infraestrutura quanto no mal preparo em vários setores”, disse.
O jovem, que prestou alguns vestibulares como treineiro no ano passado, acredita que conseguiu a vaga na UFSCar porque gosta muito de aprender.
“Eu nunca fui um aluno nota 10, mas também nunca fui um nota 5. Sempre foi 7, 8, sabe. Gosto muito de estudar, de ler e escrever”, contou. História, geografia e filosofia são suas disciplinas favoritas.
Guilherme Isaque de Souza Ferreira, de 18 anos, foi aprovado no vestibular da UFSCar em São Carlos (SP)
Arquivo pessoal
Susto, alegria e orgulho
O resultado do Sisu, que sairia no dia 26 de janeiro, foi adiado e divulgado um dia depois, o que aumentou ainda mais a ansiedade de Guilherme e outros candidatos.
Ele disse que mal conseguiu dormir e na manhã de segunda-feira (27), não desgrudava do celular. Demorou a acreditar quando viu seu nome no resultado dos aprovados. “Primeiro eu me assustei. Achava que era fake news. Quase enfartei!”, contou.
Naquele momento, a dona de casa Zilmar Lima de Souza Ferreira, de 46 anos, estava fazendo limpeza quando ouviu o filho gritando no quarto. A princípio, ela pensou que ele precisava de ajuda, mas logo percebeu que os gritos eram de felicidade.
“Ele saiu correndo e, como tem dificuldade para descer a escada, tive que correr atrás para ele não cair. Na hora pensei: deixa eu registrar esse momento, meu Deus, que alegria desse menino, e filmei um pedacinho”, disse.
O pai de 53 anos também estava em casa e ficou. A notícia da aprovação e a alegria do filho o deixaram “anestesiado”, contou a esposa. “Ficou sentado no sofá, nem conseguiu levantar, ficou sem forças nas pernas”.
Guilherme Isaque de Souza Ferreira, de 18 anos, foi aprovado no vestibular da UFSCar em São Carlos (SP)
Arquivo pessoal
Para a mãe, foi uma surpresa e ao mesmo tempo um susto porque ele não sabia que o filho tinha feito inscrição no vestibular da UFSCar.
“Ele falou assim: eu quero morar sozinho, mamãe, longe de casa. Quero fazer faculdade em outro lugar. Foi uma escolha dele, não foi minha. Ele é um jovem que desafia os seus limites e nada paralisa ele. Então estamos aqui para dar todo o suporte para ele conquistar o sonho dele”, disse a mãe.
A família planejar viajar a São Carlos na próxima semana para conhecer a cidade. A mãe disse que não tem condições de mudar para o interior neste momento, por isso é preciso entender melhor como é estrutura da UFSCar e se o filho terá algum suporte.
Incentivo ao estudo
Zilmar tem outro filho de 27 anos formado em biomedicina. Saber que o caçula também terá a oportunidade de frequentar a universidade a deixa ainda mais orgulhosa. “Eu só pedia: estuda, estuda, porque isso é um legado que eu posso deixar que ninguém vai roubar”.
O marido, que atualmente trabalho como estoquista, conseguiu concluir o ensino médio, mas ela parou na sétima série. Decidida a também se dar uma oportunidade já garantiu sua matrícula para retomar os estudos.
“É um sonho dos meus dois filhos de ver eu formada. Eles estão muito felizes porque eu vou voltar para a escola. É muito emocionante e muita alegria”, contou.
Luta para viver
Guilherme Isaque de Souza Ferreira enfrenta desafios desde o nascimento, diz a mãe
Arquivo pessoal
A paralisia cerebral de Guilherme aconteceu em decorrência da demora no parto e negligência do médico, diz Zilmar.
O bebê nasceu e entrou em coma. Tão logo saiu ficou entubado. Em meio a problemas de saúde de convulsões, a mãe disse que vivia mais no hospital do que em casa. “Foi um processo bem longo, a vida dele não foi fácil. Eu falei para ele: filho, você já nasceu lutando para viver".
Ao longo do desenvolvimento, Guilherme passou por atendimento especializado na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), na unidade da Mooca, na Zona Leste.
“Fomos por seis meses. Os médicos falaram: mãe, vamos tentar reabilitar esse menino. Não sabemos se um dia vai andar, falar, mas vamos começar o processo. Pelo menos de engatinhar e sentar em uma cadeira de rodas. E foi isso, ele era cadeirante, aí fomos para o processo do andador, da muleta e hoje você viu no vídeo, o menino anda com dificuldade e mais anda”, disse a mãe.
Zilmar contou que o filho em meio a sua condição sempre perguntava se iria conseguir algo na vida. A mãe sempre repetia: “você nasceu para dar certo. Você consegue tudo que você quiser e desistir jamais. Enquanto você tiver fôlego de vida, lute e vai porque você consegue”.
Atendimento especializado
A AACD é uma organização sem fins lucrativos focada em garantir assistência médico-terapêutica de excelência em Ortopedia e Reabilitação. A Instituição atende pessoas de todas as idades, recebendo pacientes via Sistema Único de Saúde (SUS), planos de saúde e particular.
Segundo o coordenador médico Marcelo Ares, o processo de reabilitação da AACD é o ponto de partida para que as pessoas com deficiência física atinjam o seu máximo potencial e tenham autonomia para suas atividades diárias, exercendo plenamente a sua cidadania.
"Contamos com uma equipe multidisciplinar com profissionais focados em oferecer ao paciente todo o apoio necessário, contribuindo para um futuro inclusivo e acessível, para que essas pessoas possam ter autonomia na vida. Dessa maneira, poderão estudar, trabalhar e a garantir acesso a direitos essenciais, como qualquer cidadão", disse.
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Como as guerras começam — e o que os conflitos do passado nos ensinam sobre 2025

Governo limite de ultraprocessados na merenda escolar para 15%
Circunstâncias que levaram o mundo a duas guerras globais revelam pelo menos seis fatores que aumentam o risco de conflitos regionais se ampliarem através de continentes. Avião sobrevoa soldado.
Getty Images via BBC
A Europa passa atualmente por um de seus conflitos mais devastadores em décadas.
Ao mesmo tempo, o Leste Asiático, apesar de não estar em guerra, também não vive um momento exatamente pacífico, com disputas territoriais e brigas por influência.
➡️E uma guerra brutal entre Israel e Hamas disseminou uma onda de violência e instabilidade em todo o Oriente Médio, que agora vê um momento de pausa graças a um acordo de cessar-fogo.
Com tudo isso, analistas, lideranças militares e governos ao redor do mundo já começam a falar na possibilidade de um conflito expandido, de proporções globais, entre as principais alianças atuais.
E, segundo especialistas consultados pela BBC News Brasil, muito disso está ligado à memória das duas guerras mundiais anteriores.
Historiadores afirmam que a forma como ambos os conflitos começaram e se desenvolver nos deixam pistas para interpretar o momento atual e até antecipar a possibilidade de uma nova guerra.
Um olhar atento às circunstâncias que levaram o mundo a duas guerras globais revelam pelo menos seis fatores que aumentam o risco de conflitos regionais se ampliarem através de continentes. A BBC News Brasil explica aqui cada um deles.
Nacionalismo e imperialismo
Revisionismo da ordem global
Vários focos de conflitos
Alianças
Corrida armamentista
Gatilhos e oportunismo
O que o passado sugere sobre o futuro?
Nacionalismo e imperialismo
Para Juliette Pattinson, historiadora e professora de Estudos da Guerra da King's College de Londres, um dos fatores comuns à 1ª e 2ª guerras — e que também foi central para dar início a diversos outros conflitos — é a emergência de sentimentos nacionalistas e imperialistas dentro dos Estados.
"Muitos territórios ou países recém-formados têm a tendência de querer se afirmar no cenário mundial, formar um império ou crescer militarmente", disse à BBC News Brasil.
"E todo esse nacionalismo e imperialismo pode levar a suspeitas mútuas entre países, o que realmente aumenta a tensão. E em muitos casos há uma sensação de que a honra nacional está em jogo."
No caso da 1ª Guerra Mundial, a historiadora cita como exemplo o sentimento de competição entre as grandes potências europeias da época, como Alemanha, França, Grã-Bretanha, Rússia e Áustria-Hungria.
➡️ Antes da guerra explodir em 1914, esses impérios, que se apoiavam em colônias ao redor do mundo, viam outros países tomando novos territórios como uma ameaça.
O avanço da Alemanha e da Áustria-Hungria pelo controle de países como Bósnia e Marrocos, por exemplo, foi visto como um movimento muito agressivo pelos seus adversários. A expansão da Sérvia também gerava muita preocupação.
O que aconteceu a seguir é o que consta em todos os livros de história: duas grandes alianças, conhecidas como Tríplice Entente (entre França, Rússia e Grã-Bretanha) e Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália), se formaram e passaram a se enfrentar em diferentes frentes de batalha.
Tropas italianas em 1915.
Getty Images via BBC
Já durante a 2ª Guerra Mundial, os sentimentos nacionalistas e imperialistas dos governos da Alemanha nazista, da Itália de Benito Mussolini e do Japão foram cruciais para estourar o conflito.
Historiadores apontam que eventos como invasão da Polônia, da União Soviética e de outras regiões da Europa Oriental pelos alemães, a expansão da influência italiana no Norte da África e nos Bálcãs, e a invasão da China e conquista de colônias europeias no Sudeste Asiático pelo Japão foram, em grande parte, consequência do crescimento dessas ideologias.
Pattinson também acredita que a personalidade dos líderes envolvidos foi chave para que os conflitos se expandissem.
Segundo ela, personagens como o imperador Wilhelm 2º da Alemanha na primeira guerra e Hitler e Mussolini na segunda são lembrados como indivíduos ambiciosos que tiveram papel central em lançar seus países para a guerra.
"Esses indivíduos ambiciosos não tinham pessoas ao seu redor para desaconselhá-los ou brecar suas visões expansionistas", diz.
Revisionismo da ordem global
O segundo fator comum tem uma relação direta com o anterior. Segundo especialistas, Estados e lideranças envolvidos em guerras mundiais tendem a compartilhar um certo desejo de alterar o balanço de poder na ordem mundial.
"Podemos perceber em muitas guerras o equilíbrio de poder sendo perturbado ou a ascensão de uma potência percebida como responsável por tentar mudar o status quo", diz Richard Caplan, professor de Relações Internacionais da Universidade de Oxford.
O equilíbrio de poder é um conceito que faz parte de várias teorias das Relações Internacionais. De forma geral, se acredita que a paz é mais provável quando há uma estabilidade.
➡️ Mas quando esse equilíbrio é desafiado, seja por uma potência ascendente que quer mais poder ou por alianças que tentam conter o que veem como uma ameaça, as tensões aumentam e os conflitos podem ocorrer.
Charge zomba a superioridade aérea da Alemanha sobre a Tríplice Entente durante a 1ª Guerra Mundial, por volta de 1915.
Getty Images via BBC
E segundo os estudiosos do tema, grandes guerras tendem a provocar mudanças na distribuição de poder, dando origem a uma nova ordem na qual os vencedores acabam mais poderosos.
Após a 1ª Guerra, por exemplo, os impérios que dominavam a Europa desmoronaram, novas nações foram criadas e o poder foi redistribuído, com a ascensão dos Estados Unidos. A Alemanha, considerada a grande perdedora do conflito, foi obrigada a aceitar as condições impostas pelos vencedores no Tratado de Versalhes.
Mas os termos do pacto geraram ressentimentos profundos, criando um terreno fértil para o autoritarismo de Hitler e, eventualmente, a eclosão da Segunda Guerra.
O conflito que acabou em 1945 terminou por consolidar a hegemonia de duas grandes potências globais: os Estados Unidos e a União Soviética (URSS). Elas emergiram como vencedoras e influenciaram diretamente a reorganização mundial.
Posteriormente, essa bipolaridade deu início à Guerra Fria.
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Vários focos de conflitos
Guerras mundiais ainda tendem a começar quando existem múltiplos focos de tensão ou conflitos ao redor do mundo, dizem analistas.
Antes de 1914, por exemplo, as Guerras dos Bálcãs aumentaram as rivalidades entre as grandes potências. Foi depois desses conflitos que a Sérvia emergiu como um Estado mais poderoso e se tornou a principal rival do Império Austro-Húngaro.
Ao mesmo tempo, a Rússia via os Bálcãs como estratégicos para obter vantagem militar, o que também elevou as tensões com a Áustria-Hungria.
Outros conflitos que precederam a Primeira Guerra foram a guerra entre Rússia e Japão por territórios como a Manchúria e a Coreia entre 1904 e 1905. Além da constante competitividade entre Alemanha e Grã-Bretanha.
No caso da 2ª Guerra, historiadores apontam os desfechos da primeira guerra mundial e a abertura de diversos fronts como eventos que criaram um ambiente propício para o conflito.
David Stevenson, professor de História Internacional na London School of Economics, explica que durante a 2ª Guerra os pontos de tensão se encontravam principalmente na Europa Oriental.
"As fronteiras leste e oeste da Alemanha eram um foco de tensão, assim como a grande crise sobre a Tchecoslováquia em 1938. Depois há a crise da Polônia em 1939, que é o verdadeiro gatilho que dá início à guerra mundial", diz.
O Sudeste Asiático também chegou a ser considerado ponto de tensão, com confrontos entre os EUA e o Japão na então Indochina Francesa, hoje o Vietnã.
"O que vemos foi uma combinação de uma corrida armamentista com uma série de crises diplomáticas", resume Stevenson.
Alianças
E todos esses focos de conflito foram permeados e ditados pelas alianças que se construíram nos períodos pré-guerra.
Na 1ª Guerra, a Tríplice Entente foi formada como resposta às ambições da Tríplice Aliança, criada oficialmente em maio de 1882.
Entre os membros da Entente, a França buscava revanche pela derrota na guerra que 40 anos antes que resultou na perda da Alsácia-Lorena para a recém-formada Alemanha, enquanto a Grã-Bretanha temia a crescente ameaça naval e militar alemã.
Já os russos estavam interessados em expandir sua influência nos Bálcãs e manter uma política de apoio aos eslavos. E quando a Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia, um aliado consolidado da Rússia, o país não teve outra escolha que não se envolver no conflito também.
Adolf Hitler e Benito Mussolini durante exibição de tanques de guerra em Berlim em 1937.
Getty Images via BBC
Quando se trata da 2ª Guerra, as alianças se estruturaram em dois blocos principais: o Eixo e os Aliados.
O primeiro foi integrado inicialmente pelo Japão, pela Alemanha de Hitler e pela Itália de Mussolini. As três potências compartilhavam ideologias expansionistas, militaristas e anticomunistas.
Posteriormente, Hungria, Romênia, Eslováquia e Bulgária também se uniram ao grupo.
O segundo bloco tinha como membros principais Reino Unido, França, União Soviética e Estados Unidos.
Apesar de terem governos e objetivos bastante diferentes naquele momento, as potências se uniram em defesa de suas soberanias e para derrotar o fascismo e o imperialismo do Eixo, dizem os historiadores.
Outros países, como Canadá, Austrália e o Brasil, também se uniram aos Aliados ao longo da guerra.
Corrida armamentista
E enquanto todo o cenário de focos de tensão e alianças ia se formando, outro fator importante e que costuma preceder muitas guerras também se desenvolvia: uma corrida armamentista.
"Os grandes países europeus como Alemanha, França, Rússia e Áustria-Hungria quase dobram seus gastos com armamentos entre 1905 e 1914", diz David Stevenson sobre o cenário que se formava antes da 1ª Guerra Mundial. "Os gastos foram de cerca de 2,5% do PIB desses países para até 5%."
Já na década de 1930, a corrida armamentista foi ainda mais intensa, segundo o historiador.
"Os gastos com armas alemãs, por exemplo, quase dobraram em cinco anos. Quando chegamos a 1938 ou 1939, a Grã-Bretanha, a Alemanha e a França estão gastando mais de 20% do seu PIB em defesa, em despesas militares."
Gatilhos e oportunismo
Além dos fatores de caráter estrutural e de longo prazo, especialistas também afirmam que fatores dinâmicos e eventos-gatilho costumam ter peso no início de guerras.
Entre os eventos específicos que já geraram declarações de guerra no passado estão ataques, assassinatos, falhas em negociações diplomáticas e até acidentes ou percepções equivocadas sobre quais são as verdadeiras intenções dos envolvidos.
➡️ Na 1ª Guerra o grande evento gatilho foi o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand, herdeiro do trono da Áustria-Hungria, em 28 de junho de 1914. Ele foi baleado por um nacionalista sérvio que achava que a Sérvia deveria controlar a Bósnia em vez da Áustria.
Após a morte, a Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia, levando Rússia, Alemanha e Grã-Bretanha a se envolverem, seguindo o sistema de alianças em vigor na época.
Já o estopim da 2ª Guerra Mundial é identificado pelos historiadores como a invasão da Polônia pela Alemanha nazista em 1º de setembro de 1939.
Esse ato de agressão fez com que Grã-Bretanha e a França declarassem guerra contra a Alemanha em 3 de setembro de 1939, marcando o início do conflito.
1939: Tropas alemãs marcham em Praga durante a invasão da Tchecoslováquia.
Getty Images via BBC
Mas segundo Juliette Pattinson, da King's College de Londres, eventos específicos também podem ser explorados e usados como motivo quando já existe a vontade de ir para a guerra.
"A disposição de ir para a guerra é um fator que não podemos esquecer", diz a historiadora. "Antes da 1ª Guerra Mundial, por exemplo, havia uma série estrategistas que passaram anos pensando sobre a guerra. Quando viram a oportunidade de colocar seus planos em ação, decidiram testar."
O que o passado sugere sobre o futuro?
Mas quais desses fatores estão presentes na conjuntura internacional de hoje — e o que isso significa para o nosso futuro?
Os especialistas consultados pela BBC Brasil concordam que é difícil fazer essa avaliação enquanto ainda estamos vivendo os eventos. Toda a análise feita sobre a 1ª e 2ª guerras só é possível porque existe um distanciamento de tempo.
Mas os historiadores e analistas disseram que muitos dos fatores presentes nesses dois grandes conflitos também podem ser identificados atualmente.
Manifestação para a entrada da Itália na guerra ao lado dos Aliados em 23 de maio de 1915.
Getty Images via BBC
Um dos pontos mais claros é justamente o desenrolar de vários conflitos ao mesmo tempo. Além da guerra na Ucrânia e dos confrontos no Oriente Médio, há cada vez mais disputas territoriais no Mar do Sul da China, além de impasses em torno da independência de Taiwan e do arsenal nuclear da Coreia do Norte.
O Sudão também enfrenta um conflito devastador e regiões como o Sahel e o Chifre da África sofrem com insurgências e conflitos armados.
E em todos esses casos é possível identificar a influência das grandes alianças e potências de hoje.
Uma das divisões mais evidentes é entre os Estados Unidos e seus aliados ocidentais, de um lado, e a China e a Rússia, de outro.
"Essa cooperação mais estreita entre China, Rússia, Coreia do Norte e Irã, que vimos particularmente em referência à guerra na Ucrânia e suprimento de armas, é uma das coisas mais sinistras que eu diria haver nos últimos cinco anos", opina David Stevenson, da London School of Economics.
O historiador identifica ainda o crescimento dos sentimentos nacionalistas e imperialistas, assim como uma tendência a querer alterar o equilíbrio de poder vigente — especialmente por parte da Rússia e seus aliados.
O russo Vladimir Putin e o chinês Xi Jinping, por exemplo, falam constantemente de sua "visão para uma nova ordem mundial" e do "objetivo de formar um mundo mais justo e multipolar".
Também não podemos ignorar o fato de que os gastos com defesa estão subindo há alguns anos. Em 2023, por exemplo, as despesas militares mundiais cresceram 6,8%, alcançando o maior aumento percentual desde 2009.
Palestinos retornam às suas casas após cessar-fogo entre Hamas e Israel.
Getty Images via BBC
Os analistas apontam, porém, a necessidade de pensar em todos os momentos da história em que muitas dessas características também se formaram e, apesar de tudo apontar para a possibilidade de uma guerra expandida, nada aconteceu.
Na Guerra Fria, por exemplo, além de todos os demais fatores, os historiadores identificam diversos momentos de grande tensão que poderiam ter servido como gatilhos para um conflito armado, mas que felizmente nunca aconteceu.
A crise dos mísseis de Cuba (quando EUA e União Soviética estiveram à beira de um conflito nuclear pela tentativa de instalações de mísseis soviéticos em Cuba, em 1962) é apenas um exemplo de uma situação que poderia ter saído do controle e gerado mais violência.
"É muito difícil avaliar e mensurar a seriedade do risco atual, mas diria que existe um risco plausível", afirmou Richard Caplan, da Universidade de Oxford.
O especialista destaca a situação na Ucrânia como especialmente delicada.
"A maior preocupação é que a Rússia faça com seus outros países vizinhos o que fez com a Ucrânia", diz Caplan, que teme que uma situação como essa possa significar um confronto direto entre Moscou e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) — a aliança militar composta por 32 países, incluindo os EUA, Reino Unido, França e Alemanha.
Já o acordo de cessar-fogo entre Hamas e Israel foi recebidas com otimismo — mas também cautela — pela comunidade internacional.
A situação no Oriente Médio segue frágil e os acordos entre as duas partes que interromperam conflitos anteriores foram, em várias ocasiões abalados por desentendimentos e acabaram rompidos.
O cronograma e a complexidade do cessar-fogo atual também indicam que até mesmo um pequeno incidente pode se transformar em uma grande ameaça à paz.
O novo governo dos Estados Unidos, com Donald Trump à frente da Casa Branca, também significa novas incógnitas sobre o futuro das relações internacionais.
Em seus primeiros dias no cargo, o republicano afirmou que a Rússia enfrentará "altos níveis de taxas, tarifas e sanções" se o presidente Vladimir Putin não acabar com a guerra na Ucrânia.
Ao mesmo tempo, seu primeiro mandato foi marcado por surpresas.
Trump mantém antipatia expressa pela Otan e, em sua primeira passagem pela Casa Branca colocou em prática fortes políticas pró-Israel. Seu governo também assumiu posição linha-dura em relação ao Irã.
Tudo isso, segundo críticos, pode causar um efeito desestabilizador, especialmente no Oriente Médio.

Criado para público de baixíssima renda, Fies Social ‘cobra’ mais de R$ 2 mil por mês em cursos de medicina: ‘De social, não tem nada’, diz aluna

Governo limite de ultraprocessados na merenda escolar para 15%
Programa voltado a estudantes que ganham até 0,5 salário mínimo (R$ 759) tem como chamariz financiar 100% de cada mensalidade. Mas existe um 'teto': se o curso de medicina custar mais de R$ 10 mil (algo bem comum no mercado), a diferença deverá ser paga pelo aluno. FNDE diz que estuda revisão do valor. “Fies Social? De ‘social’, ele não tem nada”, diz Eduarda Cardoso, de 22 anos, estudante de medicina e beneficiária do programa, criado em 2024 pelo Ministério da Educação (MEC). “Nossa renda é de R$ 700 por pessoa aqui em casa, mas preciso pagar R$ 2.300 por mês na faculdade, mesmo com Fies. É inviável.”
💰O que é Fies Social? Essa modalidade de financiamento do ensino superior é direcionada especificamente a pessoas de baixíssima renda familiar, que ganham menos de meio salário mínimo per capita, ou seja, até R$ 759 (no Fies “normal”, o limite é de 3 salários mínimos). Funciona como um “empréstimo’: em tese, o governo cobre 100% dos encargos educacionais (mensalidades e taxas) ao longo da graduação, desde que o aluno pague essa dívida depois de se formar, quando já tiver um emprego.
O problema, segundo Eduarda e outros jovens ouvidos pelo g1, é que existe um “teto” muito baixo no financiamento, considerando os preços atuais das faculdades. No caso de medicina, o patamar máximo “emprestado” pelo programa é de R$ 10 mil por mês — sendo que boa parte das instituições cobra mais de R$ 12 mil. Tudo o que extrapola o limite deve ser pago pelo aluno mensalmente, na chamada “coparticipação”.
➡️Um exemplo real: Ana Silva, de 24 anos, é uma das que 2,3 mil pessoas que se matricularam em medicina pelo Fies Social. Ela foi aprovada no segundo semestre de 2024, em uma instituição de ensino de Salvador.
Como o curso é integral, ela precisa contar somente com a renda do marido, inferior a R$ 800.
A mensalidade, quando Ana ingressou em medicina, era de R$ 12.553,60. Como só R$ 10 mil são financiados, ela pagou mensalmente R$ 2.553,60, de julho a dezembro do ano passado, usando todas as economias do casal.
Em 2025, a faculdade reajustou as mensalidades para R$ 14.037. Com isso, mesmo com uma renda de R$ 800, ela teria de pagar R$ 4.037 de coparticipação a cada mês.
“Se eu soubesse que [o valor] aumentaria tão absurdamente, nem teria assinado o contrato. Não tem condição de eu continuar estudando neste ano. Já solicitei o trancamento da vaga e a suspensão do contrato do Fies”, conta.
“Como podem chamar esse programa de ‘social’, se é para pessoas que, em situação de vulnerabilidade, vão assumir uma dívida e ainda pagar um valor alto todo mês?”
📜O que diz o governo? Procurado pelo g1, o Ministério da Educação optou por não se pronunciar. Já o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que é ligado ao MEC, declarou que o teto é necessário para garantir a sustentabilidade do programa, “evitando o superendividamento dos estudantes”.
Disse também que o Comitê Gestor do Fies (CG-Fies) está analisando “uma possível revisão” desse limite de R$ 10 mil, com o objetivo de “alinhar o financiamento às necessidades dos estudantes”. “A expectativa é avaliar a proposta ainda no primeiro bimestre”, disse o órgão.
Abaixo, nesta reportagem, leia mais sobre:
a dificuldade enfrentada por alunos que mudam de cidade para estudar;
os obstáculos de mães de baixa renda para se manter na universidade, com coparticipações tão altas;
a diferença do Fies Social para o Fies "normal" (e os problemas do "teto" em ambos os casos);
a possibilidade de instituições de ensino concederem descontos especiais;
as alternativas para resolver as distorções do Fies.
‘Meu sonho ia virar um pesadelo’
Lorena chegou até a entrar no grupo de Whatsapp da turma, mas desistiu do curso após descobrir que o financiamento não seria de 100%
Arquivo pessoal
Diferentemente do que acontece com alunos de baixa renda no Prouni (que concede bolsas de estudo em faculdades privadas) e no Sisu (que seleciona para instituições públicas), o beneficiário do Fies não recebe nenhum benefício de assistência estudantil, como auxílio-moradia.
Se a pessoa precisar mudar de cidade para fazer a graduação, por exemplo, ela terá de arcar não só com a coparticipação alta em medicina, como também com todos os custos de alimentação, transporte e habitação.
✈️Essa conta “que não fecha” foi determinante para que Lorena Alves, de 21 anos, desistisse de assinar o contrato do Fies Social. Ela mora em Petrolina (PE) e havia sido aprovada em uma instituição de ensino em Lauro de Freitas (BA).
“Sou de baixa renda. A coparticipação de medicina já ficaria impossível, ainda mais pagando estadia. Meu sonho viraria um pesadelo”, diz.
“Estou abalada, porque já tinha até entrado no grupo de Whatsapp da turma. Mas não tem jeito: fui pesquisar e descobri que o Fies Social não é social. Não é para mim. Minha avó pode morrer, minha mãe pode morrer, não sei o dia de amanhã. Se eu precisasse largar o curso no meio, não teria quem me ajudasse a pagar uma dívida de meio milhão de reais.”
‘Minha ideia é vender doce e salgado. Desistir é humilhante’
Letícia venderá salgados e doces para pagar a coparticipação em medicina
Arquivo pessoal
Letícia Brandão, de 28 anos, é mãe solo em Itabuna (BA) e beneficiária do Bolsa Família. Há 10 anos, ela tenta ser aprovada em medicina pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
“Diante da qualidade do ensino público no Nordeste, nunca consegui passar. Surgiu, então, em 2024, essa oportunidade do Fies Social. Pensei: se é social, é 100% [de financiamento]. Vou realizar meu sonho! Parecia uma oportunidade incrível. Mas aí descobri que precisava pagar R$ 390 todo mês. Agora, a mensalidade subiu, e serão R$ 980 de coparticipação”, conta.
Ela não quer interromper os estudos. “Minha ideia é vender doce e salgado para conseguir esse valor. É constrangedor desistir, é humilhante. Estou tentando me virar.”
🔴Qual é a diferença para o Fies ‘normal’?
Laboratório em faculdade de medicina
Divulgação
Na modalidade mais ampla do Fies, são aceitos estudantes com renda familiar per capita de até 3 salários mínimos (R$ 4.554). Embora sejam pessoas com situação financeira menos desconfortável que a dos beneficiários do Fies Social, há um agravante: desde 2016, o financiamento para esse grupo nunca mais chegou a 100%, nem mesmo quando a mensalidade fica abaixo do teto.
Se o curso custar R$ 9.900, um estudante que tenha direito a 90% de financiamento (R$ 8.910) terá de pagar uma coparticipação de R$ 990 por mês.
Priscila Tavares, por exemplo, abandonou o curso de medicina em 2022, no Ceará, um ano após ser aprovada no Fies “normal”.
“Minha coparticipação já estava em R$ 4.500. Como precisei desistir, estou sem diploma e com uma dívida de R$ 200 mil [do ano que cursei]”, conta.
“Tenho uma filha com deficiência, não posso trabalhar. Vivo com o benefício de prestação continuada (BPC), enquanto tento passar em uma universidade pública. Preciso terminar o curso para melhorar a vida da minha família.”
🔴As faculdades poderiam dar desconto?
Eduarda pede que o 'teto' do financiamento para medicina seja maior
Arquivo pessoal
Camila Furlan da Costa, professora do curso de administração pública e social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que o MEC, em 21 de março de 2024, emitiu uma portaria que modificou uma das regras do Fies: as instituições de ensino passaram a ter segurança jurídica para conceder um desconto na mensalidade dos beneficiários do programa.
➡️As faculdades, portanto, podem diminuir o valor cobrado desses alunos, sem a obrigação de estender as mesmas condições aos que não fazem parte do Fies.
“Só que a resolução fala em ‘poderá’ [dar o desconto]. Não obriga a instituição a fazer isso”, reforça a docente.
Eduarda, mencionada no início da reportagem, diz que tentou usar essa portaria para negociar uma mensalidade mais atrativa. “Recebi um ‘não’ escancarado. Essa decisão do MEC fez só uma cócega, porque a maioria das faculdades não vai querer aderir”, diz.
Ao g1, Bruno Coimbra, diretor jurídico da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), disse que a solução para o programa ser, de fato, “social”, não pode vir das instituições de ensino.
“A proposta deve ser a de rever o teto [do MEC]. Não faz sentido que as faculdades criem mecanismos próprios e fora da política pública para resolver a questão. Não dá para cada instituição fazer um ‘puxadinho’: as maiores até podem conseguir [dar descontos], mas e as menores? Criaríamos uma distorção. A solução precisa ser a mesma para todos”, afirma.
🔴Quais seriam as possíveis alternativas?
Os entrevistados apontam opções (que dependem da viabilidade econômica, obviamente):
reajustar o “teto” do financiamento com mais frequência, para acompanhar os aumentos das mensalidades de medicina;
indexar o "teto" ao valor médio das mensalidades naquele ano;
estabelecer um limite máximo na coparticipação cobrada dos alunos de baixa renda;
criar contrapartidas, como incentivos fiscais, para que as universidades concedessem bolsas parciais equivalentes à coparticipação;
elaborar iniciativas de apoio para a permanência dos alunos no curso;
vincular o financiamento a programas públicos de residência médica em regiões carentes, para o abatimento de parte da dívida por meio desse trabalho.
No modelo político-econômico do Brasil, não haveria a possibilidade de o governo interferir nos valores das mensalidades das instituições privadas – a única exigência é que os aumentos sejam devidamente justificados ao FNDE.
Outra opção, afirma Camila Furlan da Costa, seria mudar o foco: em vez de despender mais recursos com financiamento, o governo aumentaria o número de vagas em universidades gratuitas.
“O Fies é um programa importante para o acesso de pessoas de baixa renda ao ensino superior, mas gera um endividamento delas”, afirma. “Eu defenderia um maior investimento nas instituições públicas.”
O próprio alcance do Fies vem caindo: em 2014, no primeiro semestre, foram 480 mil novos contratos. Na atual edição, são 112 mil. “O número de financiamentos é muito baixo. Salva individualmente algumas almas, mas não resolve o problema do Brasil”, diz Elizabeth Guedes, vice-presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup).
O FNDE garante que o programa está “em constante aprimoramento, buscando ser sustentável e equilibrado.”
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Prouni divulga resultados da 1ª chamada; saiba como consultar

Governo limite de ultraprocessados na merenda escolar para 15%
Edição do programa oferece mais de 338 mil bolsas para 1.031 instituições privadas de ensino superior, em 403 cursos. Período de inscrições do Prouni 1º semestre de 2025 terminam na terça-feira (28).
Patricia Lauris/g1 Tocantins
Os resultados do Programa Universidade Para Todos (Prouni) do primeiro semestre de 2025 foram divulgados nesta terça-feira (4) no site: https://acessounico.mec.gov.br/prouni.
✏️O que é Prouni? É uma iniciativa do governo federal que oferece bolsas integrais (100%) e parciais (50% de desconto na mensalidade) em instituições de ensino particulares. Nesta edição, são mais de 338 mil vagas.
✏️Quem pôde participar? Para se inscrever, era preciso ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 ou 2024, com média mínima de 450 pontos nas áreas de conhecimento e nota superior a zero na redação. Também há critérios de renda. (Confira os detalhes mais abaixo.)
✏️O que significa ser 'pré-selecionado'? O candidato pré-selecionado ainda não é "dono" da vaga. Ele precisa comprovar suas informações pessoais (como a renda familiar per capita e o certificado de conclusão de curso em escola pública, por exemplo). Esse processo é feito pelas instituições de ensino.
Se não houver formação de turma, o aluno perderá a vaga. Nesse caso, poderá tentar participar da segunda chamada e da lista de espera (caso manifeste interesse).
📅 Datas do ProUni 2025 do 1º semestre
Resultado da primeira chamada: 4 de fevereiro
Resultado da segunda chamada: 28 de fevereiro
Manifestação de interesse na lista de espera: 26 e 27 março
Resultado da lista de espera: 1º de abril
Total de vagas e distribuição por UF
A edição do Prouni do 1º semestre de 2025 ofertará um total de 338.444 bolsas, sendo 203.539 integrais (100%) e 134.905  parciais (50%) .
Participam desta edição do programa 1.031  instituições privadas de ensino superior, com 403 cursos.
Nº de bolsas por UF
Quais são os critérios de desempate?
No caso de notas idênticas na média aritmética das notas do Enem, o desempate entre os candidatos é determinado de acordo com a seguinte ordem de critérios:
Maior nota na prova de redação.
Maior nota na prova de linguagens, códigos e suas tecnologias.
Maior nota na prova de matemática e suas tecnologias.
Maior nota na prova de ciências da natureza e suas tecnologias.
Maior nota na prova de ciências humanas e suas tecnologias.
🎓 Cotas no Prouni
Há bolsas reservadas para pessoas com deficiência e para autodeclarados pretos, pardos ou indígenas.
A quantidade de vagas de cotas é equivalente à porcentagem que cada grupo representa na população do estado, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os cotistas têm ainda de, obrigatoriamente, se encaixar nos demais critérios de exigência do Prouni.
📚 Quem pôde se inscrever?
Além dos critérios relacionados ao Enem, já mencionados no início da reportagem, era preciso também:
Ter cursado o ensino médio completo em escola da rede pública;
Ter cursado o ensino médio completo em escola privada como bolsista integral;
Ter cursado o ensino médio parcialmente em escola da rede pública e parcialmente em instituição privada, na condição de bolsista integral;
Ter cursado o ensino médio parcialmente em escola da rede pública e parcialmente em instituição privada com bolsa parcial ou sem a condição de bolsista; ou
Ter cursado o ensino médio completo em escola privada com bolsa parcial da respectiva instituição ou sem a condição de bolsista;
Ser pessoa com deficiência, na forma prevista na legislação; ou
Ser professor da rede pública de ensino, exclusivamente para os cursos de licenciatura e pedagogia, destinados à formação do magistério da educação básica.
💰 Renda
Para concorrer às bolsas integrais, o estudante deve ter renda familiar bruta mensal per capita de até um salário mínimo e meio (R$ 2.277 por pessoa).
Para as bolsas parciais, o limite da renda familiar bruta mensal per capita é de três salários mínimos (R$ 4.554 por pessoa).
👉🏾 Como calcular a renda familiar bruta mensal por pessoa?
Para saber se o aluno se encaixa nos critérios de renda, deve somar os salários de todos os que moram com ele e, depois, dividir pelo número de componentes do grupo.
Por exemplo: pai (R$ 2,3 mil por mês), mãe (R$ 1,7 mil por mês), candidato do Prouni (sem renda) e irmão mais novo (sem renda).
Somando os valores, chega-se ao total mensal de R$ 4 mil.
Depois, dividindo pelos 4 membros da família, o resultado é R$ 1 mil.
Esse é o valor que deve ser tomado como referência pelo Prouni. Como está abaixo de 1,5 salário mínimo per capita (R$ 2.277), o candidato poderá concorrer à bolsa de estudos integral.
🧾 É possível usar Prouni e Fies ao mesmo tempo? E Prouni e Sisu?
Fies e Prouni: Sim. Se o candidato conseguir a bolsa de estudos parcial do Prouni, que cobre apenas 50% da mensalidade, poderá financiar a outra metade pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Sisu e Prouni: Não. O aluno até pode se inscrever nos dois programas, mas precisará escolher apenas um ao efetivar a matrícula. Lembrando que o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) oferece vagas em instituições de ensino públicas, e o Prouni, em particulares.
VÍDEOS DE EDUCAÇÃO:
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Governo limite de ultraprocessados na merenda escolar para 15%

Atualmente, programa de alimentação atende 40 milhões de alunos em quase 150 mil escolas públicas, fornecendo aproximadamente 10 bilhões de refeições por ano. O governo federal anunciou, nesta terça-feira (4), uma nova redução no percentual de alimentos ultraprocessados permitidos na merenda escolar das escolas públicas. O limite, que hoje é de 20%, passará para 15% em 2025 e, no ano seguinte, cairá para 10%. A medida foi divulgada durante o 6º Encontro Nacional do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), em Brasília.
A mudançatem como objetivo oferecer uma alimentação mais saudável aos estudantes. Atualmente, o Pnae atende 40 milhões de alunos em quase 150 mil escolas públicas, fornecendo aproximadamente 10 bilhões de refeições por ano.
Risco dos alimentos processados
Mais alimentos naturais na merenda
Além da restrição aos ultraprocessados, o governo reafirmou o compromisso com a agricultura familiar. Pelo menos 30% dos recursos do programa devem ser destinados à compra de alimentos vindos de pequenos produtores, priorizando comunidades indígenas, quilombolas e assentamentos da reforma agrária.
Com um orçamento de R$ 5,3 bilhões em 2024, o Pnae é considerado uma das principais políticas de segurança alimentar do país. O governo também destacou a necessidade de oferecer refeições equilibradas, especialmente diante do crescimento da obesidade infantil.
Obesidade infantil preocupa
Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional 2023, do Ministério da Saúde, mostram que 14,2% das crianças brasileiras com menos de cinco anos estão com excesso de peso ou obesidade — taxa quase três vezes maior que a média global, de 5,6%. Entre os adolescentes, a situação é ainda mais preocupante: um em cada três tem excesso de peso.
Esses números reforçam a importância de políticas que estimulem hábitos alimentares mais saudáveis nas escolas. "A alimentação escolar tem um impacto direto no desenvolvimento e no desempenho dos estudantes", destacou o governo.
Capacitação de merendeiras
Durante o evento, foi lançado o Projeto Alimentação Nota 10, que busca qualificar merendeiras e nutricionistas do Pnae em temas como segurança alimentar e nutricional, sustentabilidade e boas práticas na alimentação escolar.
O projeto terá um investimento de R$ 4,7 milhões, com parceria entre o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Itaipu Binacional e instituições de ensino. A iniciativa pretende capacitar mais de 4.500 nutricionistas.
Reajuste para alunos da EJA
Outra novidade anunciada foi o reajuste no valor repassado para alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Após seis anos sem aumentos, o governo decidiu elevar o repasse diário de R$ 0,41 para R$ 0,50 por aluno.
A mudança beneficiará cerca de 2,1 milhões de estudantes, garantindo um aporte adicional de R$ 35,3 milhões aos repasses do Pnae.
Premiação e avanços no Pnae
O evento também contou com a entrega da 5ª Jornada de Educação Alimentar e Nutricional (EAN), que premia iniciativas inovadoras no setor. As inscrições para a 7ª edição já foram abertas para escolas interessadas.
O fortalecimento do Pnae tem sido uma das prioridades do governo. Em 2023, o programa recebeu um reajuste nos repasses após seis anos sem aumento. Os recursos para a educação infantil e escolas indígenas ou quilombolas cresceram 35%, enquanto os ensinos fundamental e médio tiveram um reajuste de 39%.
Brasil no cenário internacional
Além das mudanças internas, o Brasil tem ampliado sua cooperação internacional na área de alimentação escolar. O país é copresidente da Coalizão Global para a Alimentação Escolar, ao lado de França e Finlândia, e, em setembro de 2025, sediará a 2ª Cúpula Global de Alimentação Escolar, em Fortaleza (CE).
O evento reforça o compromisso global de garantir refeições saudáveis para crianças até 2030.
Pnae e a garantia da alimentação escolar
Criado há mais de 60 anos, o Pnae tem abrangência nacional, atendendo todos os municípios e estados do Brasil. A política é garantida constitucionalmente e tem o objetivo de assegurar a oferta de alimentação de qualidade para todos os estudantes da rede pública, incluindo aqueles com necessidades alimentares especiais.
Além de combater a fome e a desnutrição, a alimentação escolar também tem impacto na aprendizagem e no desempenho dos alunos, reforçando a importância de um cardápio saudável e equilibrado.