Entenda como o estresse prejudica o coração

Infográfico: saiba como reconhecer e o que fazer em caso de infarto
Liberação de hormônios pode alterar a pressão arterial e causar arritmias; saiba como prevenir Situações de estresse são naturais na rotina e precisam ser gerenciadas com prática de exercícios e alimentação adequada
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Você se considera uma pessoa estressada? Sai do trabalho de cabeça quente, não consegue dormir pensando nas tarefas do dia seguinte, costuma bater boca no churrasco da família? Mesmo que passar por essas situações seja normal e faça parte da vida, encarar os desafios de forma mais tranquila faz bem não só para a cabeça, mas também para o coração. Literalmente.
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Estresse: como funciona, sintomas e soluções
O estresse libera no corpo hormônios como adrenalina e noradrenalina, substâncias vasoconstritoras. Como diz o nome, elas constringem, isto é, estreitam os vasos, elevando a pressão arterial e levando a uma alta na frequência cardíaca.
Esse aumento pode também ser caracterizado por arritmias, batimentos descoordenados do coração, especialmente em quem já tem algum tipo de problema cardíaco.
Mas o estresse, por si só, não é o vilão. Ele é uma reação natural (e, em alguns casos, benéfica) a uma situação de risco.
“É uma necessidade de autoproteção da pessoa. Se você tentar, por exemplo, atravessar a Avenida Paulista e não tiver o mínimo de estresse, a chance de ser atropelado é enorme. É natural que, frente às mais diversas situações, ocorra algum nível de estresse saudável. O problema é quando o estímulo é permanente, passa do limite e começa a gerar dano à sua atividade normal”, explica o cardiologista, clínico geral do HCor e médico assistente da Unifesp, Abrão Cury.
Para não chegar a esse extremo, os médicos recomendam uma receita clássica: combinar uma alimentação saudável à prática regular de exercícios físicos.
“Um fator que diminui muito o estresse é a liberação de endorfina, que neutraliza a adrenalina. E a endorfina é secretada em exercícios mais intensos”, explica o cardiologista e coordenador da Diretriz de Prevenção 2019 da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Dalton Precoma.
Precoma esclarece que existe uma diferença entre atividade e exercício físico. “Uma caminhada até o trabalho, por exemplo, é uma atividade física. É útil, mas não caracteriza um exercício físico, que acontece quando você passa a frequentar uma praça, uma academia, uma aula com regularidade, como natação, caminhada ou bicicleta. O ideal é fazer 150 minutos de exercício semanais, divididos de três a cinco vezes por semana”, explica.
Além disso, o convívio social, a manutenção da qualidade do sono e o tratamento de doenças são outros hábitos que contribuem para a redução do estresse. “Sobretudo, deve haver uma mudança de estilo de vida, e o cardiologista deve orientar todos esses fatores”, afirma.
O diretor administrativo da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), Pedro Spineti, acrescenta que estratégias de relaxamento e meditação têm mostrado benefícios em redução de níveis de pressão arterial e de arritmias. “Nem sempre a gente precisa medicalizar, mas a gente precisa aprender a lidar melhor com o que os tempos atuais nos impõem”, observa.
Coração partido
Embora seja uma doença mais rara, a síndrome do coração partido (também conhecida como síndrome de Takotsuba ou cardiopatia do estresse) provoca sintomas semelhantes aos de infarto, como dor no peito e falta de ar. Apesar disso, não se caracteriza como um infarto do miocárdio “tradicional”, aquele em que as artérias são entupidas por uma placa de gordura. No caso da síndrome, a artéria coronária sofre um fechamento abrupto e temporário por liberação de enzimas que dilatam o coração.
A síndrome do coração partido pode ocorrer em eventos de alto estresse, como falecimento de um familiar, catástrofes naturais e outras situações de grande choque para o indivíduo. “Do ponto de vista do estresse crônico, o efeito no coração está mais relacionado ao aumento da pressão arterial a longo prazo e aceleração da frequência cardíaca. Na síndrome de Takotsuba, o estresse é agudo e há um aumento das enzimas cardíacas que podem fazer o coração dilatar, mas em geral é uma condição reversível”, explica Spineti.
Se houver sintomas de infarto (dor no peito, falta de ar, fadiga, sensação de cansaço), o ideal é levar o paciente para a emergência mais próxima, pois apenas um cardiologista pode avaliar no cateterismo se se trata de um infarto do miocárdio (com entupimento da artéria) ou de uma condição como a Takotsuba.
VÍDEOS SOBRE ESTRESSE
Matérias de arquivo falam sobre a síndrome do coração partido e o estresse, confira nos vídeos abaixo:
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Duas estrelas de nêutrons se despedaçam

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Ilustração artística do choque entre estrelas de nêutrons.
National Science Foundation/LIGO/Sonoma State University/A. Simonnet.
No dia 25 de abril do ano passado, os mais importantes detectores de ondas gravitacionais emitiram um alerta: um “pulso” de ondas havia passado pela Terra. Isso aconteceu às 10:18 da manhã na Itália – sede do observatório Virgo, mas alta madrugada nos EUA onde estão os demais que compõem o LIGO. Alertas como esses chegam todos os dias, a maioria não passa de alarme falso, mas a análise que veio na sequência deixou todo mundo encafifado.
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As ondas gravitacionais são uma das previsões da Teoria de Relatividade Geral de Albert Einstein. Ele em si não tinha percebido isso até publicar um trabalho sobre a sua própria teoria e um dos revisores do artigo sugeriu que ele desenvolvesse a ideia. Conta-se que ele ficou muito bravo com a sugestão e meio que a contragosto desenvolveu a ideia, mas de birra mandou o artigo para outra revista…
Ondas gravitacionais são minúsculas ondulações no tecido do espaço-tempo (como se fosse um gigantesco lençol vibrando) provocado por eventos extremos de objetos compactos ou com muita massa. Um objeto compacto é um objeto muito denso, ele tem muita matéria confinada em um volume muito pequeno. Exemplos deste tipo de objeto são as anãs brancas, as estrelas de nêutrons e os buracos negros. Quando eles colapsam ou se chocam, causam uma distorção no tal tecido do espaço-tempo, que se propaga como ondas pelo universo. Você pode ter uma boa ideia disso imaginando uma pedrinha caindo em um lago de superfície calma e lisa. Mas para detectá-las foi preciso um esforço tecnológico sem precedentes, tanto que a primeira detecção da história aconteceu apenas em 2015.
Os três principais observatórios de ondas gravitacionais operam de maneira conjunta. Dois deles estão nos EUA, um no estado da Louisiana e outro a 3 mil quilômetros de distância no estado de Washington, sendo que o mais recente opera na Itália. Com os 3 em atividade é possível detectar um pulso de ondas gravitacionais com grande grau de confiança e, mais ainda, apontar a posição no espaço de onde o sinal foi gerado. Todavia, neste caso em específico, apenas o detector da Louisiana estava operacional no momento do evento e o sinal chegou no limiar de detecção do observatório italiano, de modo a complicar um pouco sua análise. Sem os outros observatórios para ajudar na detecção, ficou impossível restringir a posição da origem do evento no céu.
O sinal de abril do ano passado começou a ser analisado imediatamente, fazendo-se a comparação dos registros com modelos calculados previamente que abrangem uma vasta combinação de possibilidades: colisão entre buracos negros, colisão entre estrelas de nêutrons e por aí vai. A melhor combinação de fatores que conseguiu reproduzir o sinal detectado foi uma colisão de estrelas de nêutrons. Mas não exatamente como imaginado.
A estimativa da massa total do sistema deu por volta de 3,4 vezes a massa do Sol, mas a questão é que de todos os sistemas duplos de estrelas de nêutrons da galáxia têm no máximo 2,9 massas solares. Se você repartir a massa do sistema igualmente nas duas estrelas, dá 1,7 massa solares para cada. Só que o limite para uma estrela de neutros é de, no máximo 1,44 massas solares. Acima disso a estrela colapsa em um buraco negro. Esse limite foi calculado pelo físico brasileiro Mário Schenberg em colaboração com o físico indiano Subramanyan Chandrasekhar em 1942. Outra possibilidade levantada seria a de uma colisão entre um buraco negro e uma estrela de nêutrons, mas aí o problema seria o inverso: o buraco negro teria de ser excepcionalmente pequeno e aí entra a explicação mais exótica: a colisão entre dois buracos negros primordiais.
Buracos negros primordiais são previstos para terem se formado nos primeiros momentos depois do Big Bang, antes mesmo do universo completar 1 segundo de idade. Esse tipo de buraco negro poderia ter um limite bem amplo de massas, mas apenas os que têm mais de 100 milhões de toneladas teriam sobrevivido à radiação de Hawking. Abaixo desse limite, os buracos negros já teriam se evaporado. Se essa teoria estiver correta, os buracos negros primordiais mais comuns no universo teriam por volta de 1 massa solar, mais ou menos o esperado para os elementos desse evento. Entretanto os próprios cientistas do projeto não acreditam muito nessa ideia e acham mais provável que os modelos disponíveis precisam ser melhorados.
Falando em cientistas, a colaboração envolve por volta de 530 pela parte do Virgo e 1.300 pelo lado do LIGO. Nesse segundo grupo estão alguns pesquisadores brasileiros divididos em duas equipes. Uma, encabeçada por Odylio Aguiar está baseada no INPE em São José dos Campos (SP) e tem atualmente 5 pesquisadores. Já a outra equipe tem 2 pesquisadores chefiados por Riccardo Sturani da UFRN em Natal (RN).

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Haja coração: Como a emoção de torcer pode agravar problemas cardiovasculares

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Estudos apontam aumento de procura à emergência de hospitais em dias de partidas importantes. Em dias de jogos importantes, aumentam as ocorrências em emergências hospitalares
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Os olhos não tiram o olho da bola que viaja pelo campo. A cada lance, uma reação na forma de gritos, gestos exagerados, comentários sobre o que o jogador deveria ou não ter feito. Envolver-se assim com um jogo de futebol é rotina para muitos torcedores, mas pode ser um comportamento que aumenta as chances de um evento cardiovascular.
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Pesquisas científicas mostram que aumentam as ocorrências em que pacientes procuram emergências de hospitais por problemas cardíacos em dias de jogos importantes. Em 2006, por exemplo, um estudo alemão publicado na revista The New England Journal of Medicine apontou crescimento de 2,66 vezes nas internações em dias de partidas da seleção alemã na Copa do Mundo daquele ano.
Em 2013, levantamento da Universidade de São Paulo apontou aumento de 4% a 8% nas ocorrências de infarto entre brasileiros em jogos de Copa do Mundo.
Já em 2014, ano em que o Mundial foi realizado no Brasil, o cardiologista Nabil Ghorayeb, médico do esporte do Hospital do Coração (HCor), conduziu outra pesquisa.
Em dias de jogos do Brasil e nas finais, alguns hospitais do país foram convidados a informar atendimentos na véspera da partida, no dia, no dia seguinte e dois dias depois. Quando procurava a emergência, o paciente preenchia uma ficha informando se havia relação do episódio com o jogo em questão. Os dados foram um tanto surpreendentes. “A final Argentina x Alemanha superou todos os outros dias em número de atendimentos. Talvez por aquele temor de que a Argentina fosse campeã”, analisa Ghorayeb.
Rivalidade exacerbada à parte, o estudo foi na mesma direção de seus antecessores: apontou aumento de emergências cardíacas em dias de jogos importantes. Cardiologistas destacam que eventos de alto estresse costumam desencadear problemas cardiovasculares, especialmente em quem tem maior risco, como, por exemplo, quem é hipertenso ou tem histórico familiar de doenças cardíacas.
Nesses casos, o nervosismo da torcida por um time de futebol pode servir de “gatilho” para desencadear episódios de angina ou até de infarto.
“Vários mecanismos geram fatores para descompensar um indivíduo sob estresse. Se há um estresse abrupto, nosso organismo tem resposta cardiovascular para aquele estímulo. Então, se você leva um susto, naturalmente você sente o coração acelerar. É a resposta fisiológica. Se o estresse é muito intenso, a resposta também. No caso de você ter uma predisposição básica, ou seja, condições cardiovasculares que geram um fator de risco maior, essa descompensação pode ocorrer mais facilmente e você parar mesmo em um Pronto-Socorro”, explica Carlos Hossri, cardiologista e membro da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).
Hossri acredita que deveria haver orientações mais específicas sobre os perigos desse tipo de estresse, especialmente em cardiopatas. “Meu pai, por exemplo, é hipertenso e já sabe que vai passar mal. Como fica muito nervoso, nem fica perto da televisão. Sabe o resultado depois. Há um envolvimento emocional muito grande e não há orientação específica para esse público. Para quem tem doença prévia, é preciso evitar esse estresse crônico ou aprender a administrá-lo algo que é difícil porque esse engajamento é subjetivo, emocional e, por isso, nos foge à razão”, afirma.
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Estresse pode deixar os cabelos brancos, mostra estudo

Infográfico: saiba como reconhecer e o que fazer em caso de infarto

Infográfico: saiba como reconhecer e o que fazer em caso de infarto
Condição é responsável por 1 em cada 10 óbitos no país e pode ser evitada com hábitos saudáveis. Mal-estar repentino, falta de ar, dor no peito: se você já presenciou alguém com esses sintomas, sabe que eles podem indicar a ocorrência de um infarto, certo? No Brasil, são registrados mais de 400 mil casos por ano, dos quais 100 mil levam a óbito. Na hora de socorrer alguém, o mais importante é levar o paciente até uma emergência mais próxima, para que o médico possa fazer o diagnóstico correto.
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“A gravidade do infarto depende da quantidade de músculo que será afetada. Quanto mais rápido você aliviar aquela obstrução da artéria, mais tecido do miocárdio será poupado e melhor será a recuperação. A indicação é ir direto para uma emergência, para que o diagnóstico seja preciso”, explica o cardiologista e coordenador do Programa de Infarto Agudo do Miocárdio do HCor, Leopoldo Piegas.
Confira no infográfico os sintomas e o que fazer em caso de infarto:

Infografia G1