Betelgeuse: a estrela que se apaga

O que é o peito escavado, condição que muitos pensam ser estética, mas pode matar
bete00: Betelegeuse na constelação do Órion
ESO
Betelgeuse é uma das estrelas mais brilhantes do céu, mas está se apagando. Um comportamento previsível, mas cada vez mais estranho!
Você sabe que toda estrela tem um ‘ciclo de vida’, por assim dizer. De um modo geral, elas se formam a partir de uma nuvem de gás e poeira que se contrai, começa a gerar energia a partir da fusão do hidrogênio em hélio. Quando o suprimento de hidrogênio no núcleo acaba, a estrela começa sua trajetória final de vida que depende muito de quanta massa ela tinha.
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Se for pouca massa, como o Sol, ela fatalmente vira uma gigante vermelha para depois formar uma nebulosa planetária com uma anã branca em seu centro. Já se a estrela tiver tipo mais de 10 vezes a massa do Sol, ela explode como uma supernova deixando em seu lugar uma estrela de nêutrons ou até mesmo um buraco negro.
Betelgeuse está no segundo caso.
Nuvens de gás ejetadas por Betelgeuse
ESO/VLT/Kervella
Se você já viu as 3 Marias numa noite de verão, principalmente, já viu Betelgeuse. Ela faz parte da constelação do Órion, que as 3 Marias fazem o cinturão, e ocupa o lugar honroso do sovaco do caçador. No caso, o sovaco mais alaranjado. O outro que é mais azulado corresponde à estrela Bellatrix.
Betelgeuse tem quase 12 vezes a massa do Sol e um raio de quase mil vezes o raio solar, fazendo dela uma supergigante vermelha fria com 3.600 K de temperatura. Os modelos indicam que a estrela tem entre 8 e 8,5 milhões de anos, o que também nos informa que ela está no fim de sua vida. Mas afinal quão próximo do fim?
De novo, de acordo com os modelos, espera-se que uma estrela desse tipo sofra pulsações lentas quando estiver se encaminhando para explodir em supernova fazendo seu brilho variar de forma quase periódica. Isso tem a ver com reajustes de seu equilíbrio interno, quando o peso das camadas externas tenta se equilibrar com a pressão gerada pelas altas temperaturas das camadas internas. Esse ajuste faz com que a estrela pulse, se expandindo e contraindo, o que faz sua temperatura variar. Se sua temperatura varia, seu brilho também varia.
A gravidade nas camadas mais exteriores de uma supergigante é relativamente baixa. Cada vez que uma estrela dessas pulsa, deixa para trás nuvens e bolhas de gás que se esfriam rapidamente. Betelgeuse está nesta fase.
As variações de brilho previstas na teoria têm sido observadas há décadas, mas na última noite a estrela ultrapassou magnitude 1,5 podendo ter chegado a mais de 2! Qualquer um dos valores representa o brilho mais baixo medido desde que os registros começaram! Isso corresponde a mais de 100 anos de observações diárias.
Disco de Betelegeuse em comparação com o Sistema Solar
ALMA/Gorman/Kervella
A isso tudo, somam-se as imagens de alta resolução que mostram nuvens e bolhas de gás ao redor da estrela. Betelgeuse é muito grande (se estivesse no Sistema Solar ela ocuparia a órbita de Júpiter) e está a apenas 700 anos luz. Essa combinação faz com que os melhores telescópios consigam enxergar seu disco. É a única estrela em que isso é possível, tirando o Sol, claro.
Betelgeuse está seguindo o script de estrela moribunda direitinho, variações de brilhos esperadas, ainda que exageradas, e com ejeção de matéria. Mas será que ela vai explodir mesmo? A resposta é sim, vai. A questão é quando.
Os modelos mostram que ela vai explodir a qualquer momento dentro dos próximos 100 mil anos, que é um tempo gigante para nós humanos, mas em termos de supergigante é muito pouco. Lembre-se, Betelgeuse já viveu mais de 8 milhões de anos, 100 mil anos é menos do que 1,5% deste tempo. Em escalas humanas seria como dizer algo como ter uma expectativa de vida de menos de um ano e meio.
E olha, de repente já até aconteceu e a gente ainda não sabe! Como a distância entre a Terra e a estrela é de 700 anos luz, se ela explodiu depois de 1321, a luz da explosão ainda está a caminho. É improvável, mas vai saber…
Para adicionar mais uma pitada de emoção, também ontem, o observatório de ondas gravitacionais LIGO reportou a detecção de um pulso de ondas de origem desconhecida. Origem desconhecida no sentido em que o sinal não corresponde a nenhum dos milhares de modelos teóricos calculados para eventos conhecidos, como colisão de estrelas de nêutrons ou entre buracos negros.
Explosões de supernovas também geram ondas gravitacionais, e eu imagino que os modelos correspondentes estejam disponíveis, mas o que parece o sinal foi muito fraco para uma análise mais profunda. Ao menos até agora, quem sabe mais tarde o LIGO se pronuncie de forma diferente. O que deixa a coisa mais interessante é que a região do céu que corresponde à origem do sinal, com 95% de confiança, é onde está Betelgeuse… Será?
Curva de luz de Betelguse nos últimos 40 anos
AAVSO/C. Barbosa
Não creio, a explosão de Betelgeuse seria um evento muito mais proeminente nos dados do LIGO, mas pode ser que o sinal tenha relação com algum processo ligado aos momentos finais de vida. Ou pode ser que não tenha nada a ver e a coincidência de posição tenha sido uma trolada monstro do universo. Pelo sim, pelo não, eu fui atrás das câmeras que monitoram o céu em observatório do outro lado do mundo, onde ainda é noite e está tudo encoberto!
Eu secretamente torço para a explosão acontecer nos próximos meses, afinal uma supernova na Via Láctea é um evento raríssimo e por estar tão perto, o show seria inesquecível. É bem provável que seria possível ver a estrela até mesmo de dia e durante a noite, se não houver Lua, seu brilho intenso seria capaz de projetar sombras. A última vez que uma supernova na nossa galáxia explodiu se tornando brilhante o suficiente para ser facilmente observada a olho nu foi em 1604. O evento foi observado por Kepler e sua progenitora estava a 14 mil anos luz.
Existe uma piada entre os astrônomos que diz o motivo para não ter havido outra supernova tão brilhante desde então, é que desde 1604 não nasceu nenhum outro astrônomo tão bom quanto Kepler. Mais um motivo para eu torcer a favor da explosão!
Se você está preocupado com possíveis efeitos nocivos da explosão, pode ficar tranquilo. Nós estamos mesmo muito perto de Betelgeuse, mas distante o suficiente para não sofrer nenhum dano. Nem pela radiação, nem pela onda de choque. Infelizmente, o mesmo não se pode afirmar para os mais de 20 sistemas estelares próximos da estrela.
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Veja 6 dicas para ter um coração saudável

O que é o peito escavado, condição que muitos pensam ser estética, mas pode matar
Fatores de risco como hipertensão, colesterol alto, obesidade, sedentarismo, tabagismo, diabetes e histórico familiar podem aumentar a probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares. Uma avaliação médica anual pode identificar riscos de doenças cardiovasculares
CC0 Public Domain/Divulgação
Você sabia que aqueles fatores de risco clássicos – hipertensão, colesterol alto, obesidade, sedentarismo, tabagismo, diabetes e histórico familiar – podem aumentar a probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares? A diretora da Sociedade Brasileira de Cardiologia Gláucia Moraes de Oliveira garante que, para cuidar deste importante órgão, o segredo está na rotina, com a adoção de hábitos saudáveis e preventivos.
A especialista separou seis dicas para ter um coração mais saudável. Confira.
1 – Faça uma avaliação médica anual
Um evento cardiovascular pode ser infarto, acidente vascular cerebral (AVC) ou até a morte. Uma avaliação anual vai permitir que você saiba se tem maior predisposição a esse tipo de problema, o que permitirá a adoção de medidas de prevenção. É importante também, a cada 12 meses, uma avaliação de seus níveis de colesterol e triglicerídeos, além da análise médica da presença de diabetes ou de síndrome metabólica.
2 – Mantenha um peso adequado
A obesidade e o sobrepeso costumam estar entre os fatores principais de doenças cardiovasculares. Esses problemas aumentaram nas últimas décadas: o percentual mundial de homens acima do peso ideal cresceu de 28,8% para 36,9% entre 1980 e 2013. A situação das mulheres é ainda mais preocupante: nesse período, esse número subiu de 29,8% para 38%.
3 – Cheque sua pressão arterial com o médico anualmente
De acordo com a especialista, a hipertensäo arterial é a doença crônica mais prevalente em todo o mundo, afetando um terço da população adulta. Medir a pressão arterial com frequência é fundamental, porque a doença é assintomática. "Isso dificulta muito a adesão a cuidados", explica.
4 – Mantenha uma dieta adequada
O consumo exagerado de sal e hábitos alimentares inadequados afetam diretamente a saúde do coração. Por isso, os médicos recomendam uma alimentação equilibrada como uma das principais receitas para uma manter uma boa saúde cardiovascular. "Diversos estudos observacionais encontraram forte associação entre o consumo de grãos, frutas e hortaliças, alimentos ricos em vitaminas e minerais e menor risco para doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio", conta a especialista.
5 – Abandone o cigarro
Fumar provoca o aparecimento de doenças crônicas, que irão se manifestar em torno de 30 anos após o início de seu consumo regular. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, quase 6 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência do tabaco. Pelo menos 600 mil são fumantes passivos, ou seja, convivem com fumantes. As perspectivas são de que esse número possa chegar a 8 milhões até 2030.
6 – Pratique exercícios físicos regularmente
De acordo com a especialista, o sedentarismo tem estreita ligação com mortes por doença venosa crônica (DVC). "O incremento da atividade física se relaciona com ganho de saúde, melhor qualidade de vida e maior expectativa de vida. É de fundamental importância priorizar um forte combate ao sedentarismo", afirma Gláucia.

Como calcular a verdadeira idade do seu cachorro

O que é o peito escavado, condição que muitos pensam ser estética, mas pode matar
No primeiro ano de vida, os filhotes crescem tão rapidamente que envelhecem o equivalente a 31 anos humanos. Quando se trata de comparar a idade dos animais entre as espécies, as definições biológicas de idade são muito mais úteis do que suas contrapartes cronológicas.
Berkay Gumustekin/Unsplash
Se seu cão está vivo há mais de uma década, a crença generalizada é a de que ele envelheceu tanto quanto um humano ao longo de 70 anos. Esse fator de conversão — com cada ano de vida de um cão sendo tratado como equivalente a sete anos humanos — vem da divisão da expectativa de vida humana de cerca de 77 anos pela expectativa de vida canina de cerca de 11.
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A suposição é que cada ano que um cão vive é equivalente a sete anos humanos em qualquer estágio da vida do animal. Mas novas pesquisas sugerem que as coisas não são tão simples. E, se olharmos para alguns marcos básicos do desenvolvimento, fica claro o motivo.
Por exemplo, a maioria das raças de cães atinge a maturidade sexual entre seis e 12 meses — o teto desse intervalo corresponderia, tradicionalmente, a uma idade humana de 7 anos. E no outro extremo do espectro, embora incomum, sabe-se que alguns cães vivem por mais de 20 anos. Sob a regra de conversão do "fator sete", isso equivaleria a um ser humano de 140 anos.
Para tornar as coisas mais complicadas, a expectativa de vida dos cães depende significativamente da raça. Cães menores tendem a viver significativamente mais, sugerindo que envelhecem mais devagar do que os cães maiores.
Tudo isso levanta a questão do que exatamente queremos dizer com idade. A maneira mais óbvia de descrevê-la é simplesmente o período de tempo decorrido desde o nascimento. Isso é conhecido como definição cronológica de idade.
No entanto, existem outras descrições. A idade biológica, por exemplo, é uma definição mais subjetiva, que depende da avaliação de indicadores fisiológicos para identificar o desenvolvimento de um indivíduo. Isso inclui medidas como o "índice de fragilidade" — pesquisas que levam em consideração o status da doença de um indivíduo, deficiências cognitivas e níveis de atividade.
Depois, existem os biomarcadores de envelhecimento mais objetivos, como níveis de expressão gênica (genes que produzem proteínas em taxas diferentes em diferentes estágios da vida) ou o número de células imunes. A taxa na qual a idade biológica aumenta depende de fatores geneticamente herdados, como saúde mental e estilo de vida.
Por exemplo, se você passou muito tempo comendo junk food e fumando cigarros em vez de se exercitar e comer de maneira saudável, é provável que sua idade biológica exceda sua idade cronológica. Ou então você pode ter 60 anos e um corpo de 40, se tiver se cuidado bem.
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A vida de um cachorro
Os autores do novo estudo de envelhecimento sugerem que uma maneira sensata de medir a idade biológica é o chamado "relógio epigenético" — medido por mudanças químicas no nosso DNA que deixam "marcas" ao longo do tempo.
Joe Caione/Unsplash
Quando se trata de comparar a idade dos animais entre as espécies, as definições biológicas de idade são muito mais úteis do que suas contrapartes cronológicas.
Saber que um hamster tem seis semanas de vida não oferece uma boa ideia da fase de vida desse animal, mesmo que você saiba que a expectativa de vida de um hamster é de apenas três anos. Aprender que um hamster atingiu uma idade em que pode se reproduzir oferece uma imagem muito melhor do seu nível de maturidade.
Os autores do novo estudo de envelhecimento sugerem que uma maneira sensata de medir a idade biológica é o chamado "relógio epigenético" — medido por mudanças químicas no nosso DNA que deixam "marcas" ao longo do tempo.
Em particular, a "metilação" — a adição de grupos metil (um átomo de carbono ligado a três átomos de hidrogênio) ao DNA — parece ser um bom indicador da idade. Muitos marcadores fisiológicos importantes, como o desenvolvimento dos dentes, parecem ocorrer nos mesmos níveis de metilação em diferentes espécies. Assim, combinando os níveis de metilação em labradores e humanos, os pesquisadores derivaram uma fórmula para mapear a idade do cão com seu equivalente humano.
Essa fórmula é: idade equivalente humana = 16 x ln (idade cronológica do cão) + 31.
Aqui "ln" representa uma função matemática conhecida como logaritmo natural. A função logarítmica é utilizada nas escalas não lineares para mensurar a energia liberada durante terremotos (Richter) ou para medir o som (decibéis).
É útil também para medir quantidades cujos tamanhos variam em diferentes ordens de magnitude. É até possível que uma experiência logarítmica da passagem do tempo explique por que percebemos o tempo acelerando à medida que envelhecemos.
No gráfico, você pode ver como o logaritmo natural funciona para converter os anos em que um cão viveu (idade do cão) na idade humana equivalente na curva tracejada vermelha. A curva sugere que os cães amadurecem extremamente rapidamente no início, mas que o envelhecimento diminui, o que significa que a maior parte de suas vidas é vivenciada como uma forma de meia-idade prolongada.
Um atalho útil é lembrar que o primeiro ano do cão conta por 31 anos humanos. Depois disso, toda vez que a idade cronológica do cão dobrar, o número de anos humanos equivalentes aumentará 11. Portanto, oito anos representam três "duplicações" (de um a dois, dois a quatro e depois de quatro a oito) dando a um cão idade equivalente a 64 anos (31 + 3×11).
Essa aproximação útil é representada pela curva preta na figura abaixo. A linha verde representa a regra do fator 7, que sugere idades irreais no extremo superior do espectro da idade canina.
Gráfico mostra variação da idade do cachorro, de acordo com os métodos de cálculos
BBC
A maioria dos amantes de cães já deve ter suspeitado que a relação entre idade de humanos e cães não é linear, tendo notado que, inicialmente, seus animais de estimação amadurecem muito mais rapidamente do que sugere a regra linear do fator 7.
Um refinamento mais sofisticado das regras do fator 7 sugere que cada um dos primeiros dois anos do cão corresponde a 12 anos humanos, enquanto todos os anos subsequentes contam para quatro equivalentes humanos. A curva azul na figura acima, que representa essa regra, mostra a melhor concordância com a nova lei logarítmica.
Na prática, os novos insights moleculares sobre a conversão da idade humana para a de cães encapsulados pela lei logarítmica sugerem que os cães passam para a meia-idade ainda mais rapidamente do que a maioria dos donos suspeitaria.
Vale lembrar que, quando você descobrir que o Rex está relutante em perseguir a bola como antes, provavelmente ele tem mais quilometragem do que você imagina.
Cachorro na Praia do Sol, na Represa Guarapiranga, em SP
Fábio Tito/G1
*Christian Yates é professor sênior em biologia matemática na Universidade de Bath, no Reino Unido. Ele também é autor de The Maths of Life and Death (As matemáticas da vida e da morte, em tradução livre).
Este artigo foi originalmente publicado no The Conversation e republicado sob uma licença Creative Commons.

Ginkgo biloba: qual o segredo da árvore para viver mais de mil anos e o que médicos dizem sobre seu consumo

O que é o peito escavado, condição que muitos pensam ser estética, mas pode matar
Estudo recente explica como essa espécie é capaz de viver por vários séculos sem se deteriorar. O Ginkgo biloba pode viver ao longo de vários séculos
Getty images via BBC
Da próxima vez que você se sentir velho, lembre-se do ginkgo biloba. Essas árvores podem viver mais de mil anos e são concebidas para serem quase imortais.
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Um estudo recente acaba de revelar o segredo da longevidade dessa espécie milenar.
A pesquisa, considerada a mais completa realizada até hoje sobre o envelhecimento das plantas, oferece a primeira evidência genética capaz de explicar a elevada expectativa de vida do ginkgo biloba.
O estudo se concentrou na análise genética de árvores de ginkgo biloba com idades entre 15 e 667 anos, nos Estados Unidos e na China.
O exame da casca, das sementes e das folhas das árvores mostrou que seu crescimento não diminui, mesmo que tenham se passado centenas de anos. Na verdade, os pesquisadores descobriram que, em alguns casos, esse crescimento acelera.
Eles constataram ainda que o tamanho das folhas, a capacidade de fotossíntese e a qualidade das sementes tampouco são afetados pela idade.
O que explica isso?
A espécie é conhecida pelas vistosas folhas amarelas
Getty Images via BBC
Eternamente jovem
O ginkgo biloba pode viver por vários séculos e, paradoxalmente, corre o risco de extinção devido ao desmatamento.
As representantes dessa espécie são nativas da China e são as últimas remanescentes de uma família antiga de árvores, que já existiam na última era dos dinossauros.
Também são conhecidas como nogueira-do-japão ou árvore-avenca e, embora estejam desaparecendo na natureza, podem ser encontradas em parques e jardins de várias partes do mundo, onde se destacam pelas vistosas folhas amarelas durante o outono.
O segredo da longevidade e boa saúde é que elas produzem substâncias químicas que as protegem contra fatores de estresse, como doenças ou secas.
A análise genética revelou que o ginkgo biloba produz seus próprios antioxidantes, antimicrobianos e hormônios protetores.
O ginkgo biloba gera suas próprias substâncias protetoras
Getty Images via BBC
Além disso, os biólogos descobriram que os genes relacionados à idade não são ativados quando a árvore atinge uma certa idade, como acontece em outras espécies, como ervas ou plantas anuais (que, em geral, germinam, florescem e morrem no período de um ano).
Assim, embora a árvore seja devastada por raios ou geadas, todos os seus processos necessários para continuar crescendo saudável continuam funcionando sem problemas.
"À medida que envelhece, o ginkgo biloba não mostra sinais de enfraquecimento da sua capacidade de se defender do estresse", diz o biólogo Richard Dixon, da Universidade do Norte do Texas, nos EUA, coautor do estudo.
Segundo especialistas, esse tipo de estudo pode ser útil para desenvolver melhor os programas de reflorestamento e entender que árvores podem trazer mais benefícios aos ecossistemas ao longo do tempo.
Serve para humanos?
Em várias partes do mundo, o extrato de ginkgo biloba é vendido como um suplemento para tratar diversos tipos de doenças, como perda de memória, zumbido no ouvido e problemas circulatórios.
Os médicos alertam que não há evidências sobre os benefícios do ginkgo biloba para curar certas doenças
Getty Images via BBC
Os médicos advertem, no entanto, que não há evidências suficientes dos benefícios do ginkgo biloba em seres humanos.
"O efeito do ginkgo biloba na melhora da memória apresenta resultados conflitantes", diz o site da Clínica Mayo, instituição de saúde que é referência nos EUA.
"Enquanto algumas evidências sugerem que o extrato de ginkgo biloba pode melhorar modestamente a memória em adultos saudáveis, a maioria dos estudos indica que o ginkgo não melhora a memória, a atenção ou a função cerebral."
A clínica também informa que pessoas epilépticas, propensas a convulsões, distúrbios hemorrágicos ou mulheres grávidas não devem consumir ginkgo biloba.
E adverte que as sementes cruas ou torradas podem ser venenosas.
O serviço público de saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês) afirma, por sua vez, que o ginkgo biloba "não é recomendado como tratamento para pessoas que estão se recuperando de um ataque cardíaco".
Hábitos para um envelhecimento saudável

O que é o peito escavado, condição que muitos pensam ser estética, mas pode matar

O que é o peito escavado, condição que muitos pensam ser estética, mas pode matar
Essa condição é frequentemente vista como um problema estético, mas ela pode esmagar o coração. Kerry Van Der Merwe tem peito escavado e quer aumentar a conscientização sobre a doença
Kerry Van Der Merwe/Arquivo pessoal/ via BBC
Respirar é uma luta diária para Kerry Van Der Merwe.
Ela tem peito escavado, uma condição médica rara que, em muitos casos, causa uma má-formação da parede torácica causada pelo afundamento do osso esterno.
Em outras palavras, é uma doença que pode esmagar o coração das pessoas que a têm.
Essa condição é frequentemente vista como um problema estético. Portanto, no Reino Unido, país onde Kerry vive, seu tratamento não é coberto pelo sistema de saúde pública (NHS, na sigla em inglês).
Kerry também é mãe e faz tratamento com antidepressivos desde o início do problema
Kerry Van Der Merwe / Arquivo pessoal via BBC
Espalhando os relatos sobre seu caso, ela quer aumentar a conscientização sobre uma condição que causa dor e angústia diariamente, para que aqueles que sofrem com ela não se sintam incompreendidos e ignorados — como se sentiu durante muito tempo.
'Estrangulada por dentro'
Kerry é cabeleireira, tem 44 anos e visitou pelo menos 10 médicos antes de encontrar o diagnóstico correto para sua falta de ar e taquicardia.
"Eu não conseguia nem mesmo abrir um pote, e eles nem me disseram que iriam estudar o caso", lembra Kerry, que também é mãe de uma menina e vive em Devon, no sul da Inglaterra.
O NHS não oferece tratamento cirúrgico para pessoas com essa condição, pois considera que não há evidências suficientes dos possíveis benefícios do processo.
De acordo com o organismo, os sintomas incluem dor no peito, falta de ar, fadiga, tontura e frequência cardíaca alta, mas não resulta em um grande impacto psicológico no paciente.
Embora Kerry não concorde com este último ponto.
"Não há como viver assim. É como se eles estivessem me estrangulando por dentro", ela diz.
"E recusar (a sentir isso) é absolutamente desagradável", diz Kerry.
"Eu tomo antidepressivos a minha vida toda, desde que a deformação começou", diz ela.
"Eu não consigo fazer coisas simples como subir ou descer escadas. Meu coração bate tão rápido que é realmente perigoso."
Segundo a Clínica Mayo, dos EUA, embora em alguns casos o único sintoma seja a deformidade no peito, em algumas pessoas o esterno pode comprimir os pulmões e o coração.
Neste último caso, alguns sintomas são menos tolerância ao exercício, palpitações ou batimentos cardíacos acelerados, infecções respiratórias recorrentes e sopro cardíaco.
Após sua peregrinação por várias consultas médicas sem obter resposta ou tratamento, Kerry procurou um especialista.
O cirurgião torácico Joel Dunning, do Hospital Universitário James Cook, em Middlesbrough, na Inglaterra, finalmente solucionou o "mistério".
"Ela nunca soube o que é ser normal", diz Dunning, que acrescenta que "sem dúvida" o coração de sua paciente está sendo "esmagado" por seu esterno.
Segundo o especialista, é "loucura" negar a cirurgia "que prolonga a vida" em casos como o dela.
"Não é preciso ser especialista para lhe dizer que, se seu peito esmaga seu pulmão e você retirar aquilo que o comprime, respirará melhor."
Graças à intervenção do cirurgião, Kerry agora deve passar por um procedimento para inserir três barras de titânio que elevarão o peito dela para uma posição normal.
Dunning chama a atenção para os benefícios psicológicos desta cirurgia, que, segundo ele, deveria ser oferecida gratuitamente.
Para o cirurgião, os adolescentes que sofrem de peito escavado seriam os mais beneficiados pela intervenção.
"São adolescentes tentando encontrar seu caminho no mundo e a condição os torna introvertidos, constantemente preocupados."
O peito escavado geralmente se desenvolve durante a puberdade e é mais frequente em homens do que em mulheres
Science photo Library via BBC
Uma vida em modo de espera
Mas há casos em que sofrer de peito afundado pode ter outras consequências. Katie Bruce viveu isso na própria pele.
Ela tinha 21 anos quando desmaiou por conta da síndrome do peito escavado e foi atropelada por um carro.
Ele perdeu quatro dos dentes da frente e sofreu várias fraturas no rosto. Um lado de sua mandíbula se desprendeu do crânio e "nunca mais voltou ao normal".
A jovem graduada em bioquímica conseguiu se submeter à cirurgia em março, apenas um ano após solicitar sua primeira cirurgia — que tinha sido rejeitada.
Como o afundamento no peito era profundo, os cirurgiões só puderam inserir uma barra de metal. A peça acabou virando e a jovem de 26 anos ficou de cama enquanto esperava outra cirurgia para corrigir a complicação.
"Sinto como se estivessem me esfaqueando repetidas vezes entre as costelas. Nenhum analgésico pode aliviar isso", diz ela.
"Tenho 26 anos, um diploma universitário e não posso fazer nada. Não posso conseguir um emprego, não consigo pensar em pagar o financiamento de uma casa ou formar uma família. Minha vida parece estar em modo de espera."
Katie diz que essas complicações não teriam ocorrido se ela tivesse sido submetida à operação quando era mais jovem e sua estrutura óssea ainda estivesse se formando.
"Se eles tivessem mais consciência disso e eu fosse tratada mais cedo, eu nunca teria sido atropelada por aquele carro."
Katie também teve sintomas como falta de ar e taquicardia, mas, como Kerry, levou muitos anos até receber o diagnóstico correto.
"Estou surpresa com o número de médicos que visitei e nenhum deles sabia nada a respeito do assunto."
Enquanto isso, Kerry aguarda a cirurgia com a esperança de que o procedimento traga uma mudança em sua vida. Embora esteja nervosa, ela sabe que precisa da operação.
"Estou com medo, mas sei que vai salvar minha vida."
Materiais e ajustes prometem tornar a operação para peito escavado mais eficaz