‘Um AVC me fez parar de falar – e acho que outro devolveu minha voz’

‘Levava 40 segundos só para dizer meu nome’: o curso de 4 dias que reduz gagueira
Cinco anos atrás, Peter teve um derrame e perdeu a capacidade de falar. Neste ano, ele teve um segundo AVC e a voz voltou. Ilustração BBC
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Peter perdeu a capacidade de falar, em 2014, depois de um acidente vascular cerebral (AVC) aos 73 anos. Mas, de repente, em 2019, ele acordou numa manhã tendo recuperado a fala.
Pouco depois, ele descobriu que havia tido outro AVC. Será que esse segundo derrame contribuiu para a volta da voz?
No dia em que isso aconteceu, Peter estava de férias com a família em Devon. "Eu acordei normalmente e Carol estava do outro lado da cama. Eu me levantei e falei com ela, mas não tive uma sensação estranha. Parecia que falar com a minha esposa era a coisa mais natural do mundo", conta.
"Eu continuei falando e o queixo dela caiu de espanto. Ela disse: 'Peter, você está falando!'." Carol diz que insistiu para que ele não parasse de falar, com medo de que o marido perdesse novamente a voz e a articulação.
O filho do casal, Jonathan, que estava no quarto ao lado, ouviu duas pessoas dialogando e entrou correndo pela porta. "O que está acontecendo, mãe?", perguntou. "Eu pensei que a voz dela tivesse engrossado. Quem seria o dono daquela voz grave?"
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AVC: causas, riscos e prevenção
Carol respondeu que quem estava falando era Peter. "Todos começamos a chorar e a rir ao mesmo tempo. Foi muito emocionante, porque a mudez durou muito tempo." O choque foi tão grande que ninguém da família se lembra quais foram as primeiras palavras de Peter após tantos anos sem falar.
"Carol não estava interessada no que eu estava dizendo, estava mais concentrada no fato de que eu conseguia falar", brinca Peter.
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Comemoração e susto
A família toda saiu para comemorar, mas Carol logo percebeu que o lado esquerdo da boca de Peter estava diferente. Mais tarde naquele mesmo dia ele reclamou de fraqueza nas pernas – estava com dificuldade para andar e o filho teve de carregá-lo.
No hospital, foi diagnosticado um derrame. O casal agora está convencido de que o segundo AVC de alguma maneira "deslocou" algo no cérebro de Peter, fazendo com que ele recuperasse a capacidade de falar que ele havia perdido no primeiro acidente.
No entanto, Alex Leff, professor de neurologia cognitiva e especialista em recuperação da linguagem, diz que há poucas evidências para sustentar uma conclusão científica sobre os motivos do retorno da fala de Peter.
Ele diz que é possível pensar no cérebro como um sistema e um AVC como um evento que danifica algumas das engrenagens de linguagem. Em vários casos, os pacientes "redirecionam algumas das funções de linguagem usando a parte não danificada do cérebro".
Mas quando eles sofrerem danos graves de linguagem, como Peter, esse tende a ser um processo lento, não repentino. "O caso de Peter certamente é um caso incomum", diz Leff.
Ilustração BBC
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Afasia
Afasia é o termo técnico para as dificuldades com linguagem e fala que uma pessoa pode vivenciar após um derrame ou outro dano cerebral;
Há tipos diferentes de afasia;
No caso da afasia de broca, a fala é limitada à troca de menos de quatro palavras que demandam muito esforço para serem produzidas. A pessoa pode entender, falar um pouco e ler, mas normalmente tem limitações para escrever;
Pessoas que têm afasia anômica vivenciam uma persistente dificuldade para encontrar palavras para as coisas que querem dizer ou sobre as quais querem escrever, especialmente pronomes e verbos. Mas elas compreendem a fala dos outros e leem também;
Peter não teve problemas para ler e escrever durante os quase cinco anos em que não conseguiu falar.
Fontes: Associação Nacional de Afasia (Reino Unido) e NHS
O primeiro AVC de Peter
Carol estava com Peter quando ele teve o primeiro AVC. Eles tinham saído, mas Peter não se sentiu bem, então Carol decidiu dirigir de volta para a casa deles, em Gloucestershire, no Reino Unido.
"Eu perguntei que horas eram e ele não me respondeu", conta. "Eu perguntei novamente e senti que algo estava errado. Quando você vive com uma pessoa e está casada com ela por 52 anos, você sabe de tudo."
Na semana que se seguiu ao AVC, Peter sentiu sua habilidade de fala se deteriorar progressivamente. "Eu comecei achar cada vez mais difícil conversar. As palavras eram difíceis de encontrar e eu não conseguia formar frases", conta.
"No final, senti que era quase impossível falar. Eu só conseguia dizer 'sim' e 'não' e, às vezes, uma frase curta. Era o melhor que eu podia fazer."
Carol diz que foi de cortar o coração ver o marido, um engenheiro aposentado a quem descreve como "muito inteligente e eloquente", perder a capacidade de fala. A família toda sofreu junto, diz ela. A filha do casal, Jane, chegou a dizer que "sentia falta do pai".
Carol, então, respondeu: "Ele não está morto, ele não foi a lugar algum. É horrível para nós, mas é pior ainda para ele. E é isso que você tem que lembrar". Apesar de não conseguir formar palavras e frases, Peter diz que não perdeu a capacidade de compreender o que os outros diziam.
"Eu sempre soube exatamente o que estava acontecendo ao meu redor. Estava completamente consciente, mas não poder me comunicar com as pessoas era muito ruim", diz.
Comunicação por escrito e por gestos
O casal criou um sistema de comunicação entre si. Carol fazia perguntas de "sim ou não" e Peter respondia com o dedo polegar para cima ou para baixo. Ele também costumava andar com papel e lápis para escrever o que queria dizer.
"Nós nos viramos bem", diz ele.
Peter tem muito interesse por fotografia, então uma vez quando foi a uma loja de eletrônicos para comprar uma máquina, escreveu num papel as descrições técnicas antes para mostrar ao vendedor.
Às vezes, Carol tinha que explicar o motivo de usar essa forma incomum de comunicação. "Eu dizia: 'Meu marido teve um AVC. Ele não consegue falar, então vai escrever perguntas para você'."
Durante os anos em que não conseguiu falar, Peter frequentemente passava o dia todo lendo ou trabalhando em modelos matemáticos. Carol se lembra que ele vivia escrevendo algoritmos e equações em bloquinhos.
Peter diz que o alívio de recuperar a fala é extasiante a ponto de não poder conter as lágrimas quando comenta sobre o assunto.
"Quando perdi a capacidade de me comunicar, senti que uma parte grande de mim e da minha família tinha desaparecido. Não é possível demonstrar emoções só dizendo 'sim' e 'não'", diz.
O gosto por debates
A família tentava incluir Peter nas conversas e se esforçava para diverti-lo, mas nem sempre era fácil.
A parte mais desafiadora, diz Peter, era ouvir as pessoas dizendo coisas com as quais ele não concordava. "Eu achava frustrante quando as pessoas discutiam sobre um assunto e eu não conseguia me inserir no debate. Era como perder todas as discussões", define.
"É bom poder discordar e debater novamente."
A primeira grande discussão dele depois de recuperar a fala foi sobre o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia. "Meus amigos disseram estavam felizes de 'me ver de volta'", recorda.
"Peter adora uma discussão. Ele poderia debater com um quarto vazio", diz Carol. A fala de Peter agora é quase perfeita. Ele arrasta as palavras apenas de noite, quando está muito cansado. Mas todos os que conhecem o engenheiro aposentado dizem que ele mudou o sotaque.
"As pessoas dizem que estou com um sotaque mais sofisticado agora", diz. "Eu respondo que eu sempre fui sofisticado, mas que tentava esconder isso de todos", brinca.
Carol diz que acabou se acostumando demais a falar pelo marido e que agora tem de se controlar. "É um hábito. Eu tenho de aprender a fechar a boca. Tive um certo monopólio da fala nos últimos anos."
No dia em que conseguiu retomar a fala, Peter chegou a brincar com as enfermeiras: "Acho que Carol vai se arrepender disso". "Às vezes eu me arrependo. Eu falei para você ficar quieto outro dia e você não obedeceu", brinca a esposa de Peter.
Mas a verdade é que ambos temem que Peter perca a habilidade recém-recuperada. "É um equilíbrio delicado", diz Peter. "É como ver alguém ser nocauteado com um martelo e depois voltar. Ele pode sofrer outro golpe e não voltar mais."
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O economista que ajudou milhares de pessoas a conseguirem um rim

‘Levava 40 segundos só para dizer meu nome’: o curso de 4 dias que reduz gagueira
O 'mercado de rins' de Alvin Roth mudou a doação do órgão ao redor do mundo e rendeu a ele um prêmio Nobel. Alvin Roth revolucionou a doação de rins no mundo ao utilizar a teoria econômica para aumentar a disponibilidade de órgãos
Medicina Sistematizada/Reprodução
Quem precisou de um transplante de rim nos últimos anos viu suas chances de conseguir um aumentarem exponencialmente graças a um economista chamado Alvin Roth.
Roth revolucionou a doação de rins no mundo ao utilizar a teoria econômica para aumentar a disponibilidade de órgãos.
Sem sua atuação, milhares de pessoas que hoje vivem bem com um novo rim estariam sofrendo, passando por sessões frequentes de hemodiálise ou mortas.
A doação de rins é diferente das outras porque os seres humanos possuem dois destes órgãos, mas só precisam de um para viver. Por isso, é possível doar em vida.
Há, porém, um obstáculo: os rins do doador e do receptor devem ser compatíveis, o que significa que você pode não conseguir doar o seu para um familiar que esteja enfrentando problemas de saúde, por exemplo.
Antes da intervenção do professor Roth, o seu familiar precisaria esperar a doação de alguém que acabou de morrer, ou continuar sem o órgão.
O economista, então, criou um "mercado de rins", um banco de dados que reunisse as informações de todos os pares que não possuíam compatibilidade entre si, criando novas combinações e garantindo que todos encontrassem um doador.
A venda de rins é ilegal em todos os países com exceção do Irã.
"Em quase todo o mundo, nós não permitimos que preços desempenhem qualquer papel no mercado de rins", diz Roth. Questionado sobre o impacto de sua criação, ele conta que, por causa dela, cerca de mil pessoas conseguem um doador a cada ano nos Estados Unidos – e esse é apenas um exemplo.
Como resultado, ele recebeu o prêmio Nobel de Economia, em 2012.
Problemas na Alemanha
A BBC entrevistou Roth em Berlim, na Alemanha. Sua visita se deve, em parte, ao fato de que o país é um dos únicos entre as nações desenvolvidas em que o seu "mercado de rins" não é legal.
"Acredito que as regras e regulações burocráticas que tratam de rins devem ser revistas de tempos em tempos, à luz de novos acontecimentos, e devem ser modernizadas e adaptadas às possibilidades atuais", afirma.
O Ministério da Saúde alemão diz que pretende organizar uma audiência pública sobre o tema, mas ainda não há data para isso acontecer.
Roth diz que entende as preocupações que justificam a proibição no país.
"Eles temem o tráfico de órgãos. Acreditam que, se eu apareço querendo doar um rim a você, isso significa que estou recebendo dinheiro por isso – e eu posso ser uma pessoa pobre e desesperada. Mas, por outro lado, se o seu irmão decide doar, isso não os preocupa."
Vender rins?
Roth, entretanto, acredita que no futuro as pessoas poderão ser pagas para doar seus rins.
Ele compara o debate sobre o tema ao que teve nos Estados Unidos após a Guerra do Vietnã, quando o país tornou seu serviço militar voluntário – antes, ele era compulsório.
O economista vislumbra um futuro em que as pessoas que desejem doar um rim por dinheiro poderiam ser vistas como "heroínas" pelo Estado, que se responsabilizaria por coletar os rins e distribuí-los utilizando as regras já existentes – assim, os rins seriam dados a quem mais precisa, não a quem pode pagar mais.
Oferecer incentivos financeiros em troca de órgãos, porém, envolve uma discussão ética. E a maioria da comunidade médica, e da população em geral, é contrária à ideia.
Um programa piloto, cuja proposta era a de cobrir os custos médicos de doadores de rins e permitir a doação entre receptores de países ricos e doadores de nações pobres, não obteve o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O filósofo australiano Peter Singer, que escreveu recentemente um artigo para o periódico The Lancet em que defendia o projeto, afirmou à BBC que uma doação ocorreu por meio dele.
Roth apoia o programa. "É uma vergonha quando as pessoas morrem em razão da burocracia."
Esse texto foi produzido por uma parceria entre a Nobel Media AB e a BBC.

Qual o melhor esporte para a saúde de acordo com sua idade

‘Levava 40 segundos só para dizer meu nome’: o curso de 4 dias que reduz gagueira
Nossa capacidade física não é a mesma aos 20 e aos 40, mas isso não significa que devamos deixar os exercícios de lado, só é necessário escolher o mais adequado. Aos 20 anos, estamos em nosso melhor condicionamento físico, mas podemos nos manter ativos ao longo de toda a vida
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Os efeitos benéficos que o esporte tem sobre nossa saúde são muitos e já comprovados.
Encaixar uma atividade física na rotina pode reduzir o risco de problemas cardiovasculares, alguns tipos de câncer e ajuda a combater diabetes do tipo 2, por exemplo.
Além disso, contribui para preservar nossa saúde mental: ao aumentar o nível de endorfinas em nosso corpo, exercícios impactam nosso estado de ânimo e nossa autoestima.
Pode soar óbvio dizer que ter 20 anos não é o mesmo que ter 40. Mas também é lógico pensar que nem todos os esportes são adequados para todas as faixas etárias.
Não saber adequar a atividade física aos anos que vamos somando ao calendário pode, de fato, acarretar certos riscos ao nosso bem estar físico (e mental, se considerarmos a frustração de perceber esse desgaste físico), dizem especialistas.
A professora de fisioterapia Julie Broderick, do Trinity College de Dublin, na Irlanda, elenca em um artigo no The Conversation, publicação online aberta sobre discussões acadêmicas, quais tipos de esporte são mais adequados de acordo com cada fase da vida.
Estas são suas recomendações gerais.
Na infância
Fazer exercícios ajuda as crianças a manter um bom peso, contribui para a formação de músculos mais fortes, estimula a autoconfiança e ajuda a desenvolver padrões de sono regulares.
Durante essa etapa da vida, é recomendável provar diferentes esportes para fortalecer habilidades diferentes – desde natação até esportes com bola ou luta.
Especialistas também aconselham que crianças pratiquem atividades físicas não programadas ao ar livre, como brincar no parque ou no quintal.
Durante a infância, é importante dedicar algum tempo a atividades ao ar livre não programadas
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Na adolescência
Durante a adolescência, costuma-se perder o interesse em esportes, como destaca Broderick.
Mas continuar ligado a alguma atividade física, nessa fase de mudanças, é muito benéfico para manter um bom condicionamento físico e, ainda, ajuda a controlar o estresse e a ansiedade.
Na medida do possível, é recomendável que adolescentes participem de alguma atividade em equipe. Isso os mantém motivados, ampliando seu círculo social e desenvolvendo a disciplina.
Se não for possível, esportes completos como a natação e o atletismo podem ajudar a manter a forma, segundo as recomendações de Broderick.
Aos 20
Essa é a década da nossa vida em que podemos alcançar nosso melhor nível físico, conforme apontam especialistas.
Os tempos de reação e de recuperação chegam ao seu ápice nessa fase e o corpo bombeia oxigênio para os músculos de forma mais rápida que nunca.
Tente obter o máximo rendimento de sua capacidade física, provando diferentes tipos de esporte: rugby, remo ou mesmo levantamento de peso na academia.
Faça ainda com que seus treinos sejam variados e tente combinar o trabalho aeróbico, anaeróbico e de resistência.
Aos 30
Manter a força e a saúde cardiovascular é um passo importante, mas também desafiador. A realização de trabalhos sedentários ou de obrigações familiares podem fazer com que seja difícil reservar um espaço para o esporte em nossas vidas nessa idade.
Por isso, é necessário usar a inteligência.
Os especialistas recomendam treinos curtos, mas de alta intensidade (conhecidos como HIIT, na sigla em inglês) fazendo sprints, em bicicleta, correndo ou reduzindo os tempos de descanso ao fazer circuitos de resistência.
Para as mulheres, especialmente depois de ter filhos, é recomendável fazer exercícios de Kegel para fortalecer os músculos do assoalho pélvico.
Além disso, é importante fazer mudanças na rotina para manter os treinos interessantes – já que, com uma agenda carregada de compromissos, pode ser fácil se esquecer do esporte.
Os treinos de alta intensidade permitem realizar um bom volume de exercícios sem exigir muito tempo
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Aos 40
É nessa idade que a maioria de nós começa a ganhar peso. E, segundo os cientistas, os treinos de resistência (aqueles que utilizam a força) são os melhores para vencer essa batalha contra a balança.
O uso da força durante os treinos mira o acúmulo de gordura e reverte a perda de massa muscular, que acontece entre 3 e 8% por década de vida.
Uma sugestão seria começar a incluir mais exercícios de força feitos com halteres nos treinos para, depois, apostar nas máquinas de musculação.
Essa é também boa fase para começar a correr, o que ajuda o coração, como aponta Broderick. E, ao acrescentar pilates, é possível fortalecer as costas, que podem começar a apresentar sinais de problema.
Aos 50
O desgaste físico se acentua nesta década: podem aparecer dores, desconfortos e mesmo doenças crônicas, como as relacionadas ao coração e à diabetes do tipo 2.
No caso das mulheres, a redução dos níveis de estrógeno faz crescer o risco de doenças cardiovasculares.
O conselho seria, então, incluir em sua atividade física semanal duas sessões focadas em resistência para manter a massa muscular. E, ainda, realizar exercícios cardiovasculares como caminhar ou correr, usando pesos para tornozelos, ou mesmo algo completamente diferente, como tai chi chuan e ioga, que trabalham o equilíbrio.
Aos 60
A partir dos 60, há mais riscos de enfermidades crônicas. Investir nos exercícios reduz a possibilidade de que esses problemas apareçam, como defendem os cientistas.
Os mais aconselháveis nesta idade são as danças de salão e exercícios leves de força e flexibilidade, uma ou duas vezes por semana, que não tenham tanto impacto nas articulações.
A hidroginástica é uma opção ideal, já que seu impacto é mínimo e trabalha os músculos com a resistência da água.
Não se deve esquecer, ainda, do exercício cardiovascular, que pode ser, por exemplo, uma caminhada de ritmo leve.
Aos 70 anos ou mais
Ao chegar neste ponto, o objetivo é se manter levemente ativo e prevenir a fragilidade e as quedas. Além disso, a atividade física ajuda em termos cognitivos.
Vale caminhar e incluir algum exercício de força na semana, mas sempre sob orientação médica.
O importante, no fim das contas, é manter um nível de atividade física equilibrado ao longo da vida.
Vídeo sobre benefícios que a corrida traz para a saúde:
Saiba quais benefícios a corrida traz para a saúde de quem pratica esse esporte

Jejum intermitente: fórmula de saúde ou pura moda?

‘Levava 40 segundos só para dizer meu nome’: o curso de 4 dias que reduz gagueira
Exaltada como inovação saudável, dieta baseada no ritmo alimentar é promovida como uma maneira rápida de perder peso, evitar doenças e aumentar a expectativa de vida. Alguns estudos, porém, contestam tais promessas. Jejum intermitente tem se tornado uma forma popular de perder peso
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Parece que todo mundo está aderindo ao jejum intermitente: celebridades, meu chefe, o namorado da amiga, minha mãe. O diretor-executivo do Twitter, Jack Dorsey, só come uma vez por dia: não toma café da manhã, não almoça e faz sua única refeição entre 18h30 e 20h30.
Apesar de o método de Dorsey ser extremo demais (e não recomendável), o jejum intermitente vem sendo amplamente promovido com uma infinidade de livros que prometem "supercarregar a energia", "otimizar o peso", ativar as células-tronco" e "desacelerar o envelhecimento".
Há também aplicativos que monitoram a janela de tempo do jejum intermitente e a perda de peso. Tudo isso é parte de uma florescente indústria global de dietas que gera 189 bilhões de dólares por ano.
Apesar de o jejum ser, há muito, um ritual de purificação para muitas culturas e religiões (ainda que nesses casos voltado para o lado espiritual), sua chegada à cena moderna de wellness gera sérios questionamentos em termos de saúde. Entre eles, por que seguir uma dieta cujos adeptos dizem ser boa para humanos porque se baseia no que faziam os primitivos ancestrais.
Acima de tudo, o que é exatamente o jejum intermitente, e por que se deveria adotá-lo? Trata-se de padrão alimentar que restringe a ingestão de calorias a determinadas horas do dia ou dias por semana. Há, contudo, numerosas variações.
Um dos exemplos mais comuns, popularizado pelo jornalista científico Michael Mosley, é a dieta 5:2, onde se pode comer sem restrições por 5 dias da semana e limitar a ingestão de calorias nos outros dois, em geral para 500 quilocalorias diárias. Mosley afirma que a dieta curou sua diabetes tipo 2.
Jejum intermitente: todo mundo pode fazer?
Em outro método, a restrição da alimentação por tempo limitado comprime a ingestão para um período de algumas horas por dia (usualmente entre oito e dez horas). Já o jejum em dias alternados, como o próprio nome sugere, limita a ingestão calórica a dia sim, dia não.
Há ainda versões mais extremas, incluindo a chamada "dieta dos guerreiros", que alterna entre 20 horas de pouca alimentação e quatro horas em que se pode comer sem limites. Esse caso, porém, não chegou a ser estudado, uma vez que não é recomendado por nenhum profissional de saúde.
A ideia central do jejum intermitente é dar ao corpo tempo suficiente para reduzir o nível de insulina entre as refeições, permitindo às células adiposas liberarem o açúcar armazenado para ser utilizado como energia.
O fervor de positividade em torno da dieta aumentou exponencialmente após uma série de estudos de sucesso realizado com ratos, que tiveram perda de peso e melhoras na pressão sanguínea, colesterol e níveis de glicose no sangue, e até reduzindo o risco de diabetes tipo 2 e câncer.
Mas, ao contrário dos ratos de laboratório, é muito mais difícil seres humanos seguirem regras rígidas de dieta, o que, em parte, tem dificultado os estudos de longo prazo.
Tão eficaz quanto dietas tradicionais
Um dos estudos mais recentes sobre jejum intermitente, publicados no portal científico "Cell Metabolism", conclui que restringir a alimentação a uma janela de dez horas diárias traz benefícios à saúde dos obesos com alto nível de colesterol, índices elevados de glicose no sangue e pressão alta. Após três meses, os participantes do estudo – a quem foi pedido que não mudassem suas dietas – perderam em torno de 3% da gordura do corpo e 4% da gordura visceral no abdômen.
Isso parece sugerir que um método de jejum de ritmo circadiano 10:14 (comer entre 08h00 e 18h00, por exemplo) seria eficaz para os pacientes de síndrome metabólica, mas a questão é que o estudo foi realizado com apenas 19 participantes durante três meses.
Isso é simplesmente "pouco demais e breve demais", aponta Tilman Kühn, epidemiologista nutricional do Centro Alemão de Pesquisa do Câncer. Em sua opinião, faltou nesse estudo a comparação – crucial – com as dietas convencionais de redução de calorias. "Minha interpretação é que os participantes simplesmente se beneficiaram de um apoio dietético profissional."
Satchidananda Panda é professor do Instituto Salk e coautor do estudo. Apesar de admitir que "ainda é necessário pesquisar mais" para estabelecer se a restrição do período alimentar ou o jejum intermitente pode realmente ajudar a reverter problemas causados pelas dietas insalubres, ele afirma que foi possível descobrir que o jejum 10:14 faz dormir melhor e se sentir mais descansado pela manhã. Panda é autor de um livro cujo subtítulo é "perca peso, supercarregue suas energias e transforme sua saúde da manhã à meia-noite".
Pesquisas anteriores, porém, concluíram que o jejum intermitente não é mais eficaz para a perda de peso ou a melhora dos níveis de insulina do que uma dieta convencional de redução de calorias.
Outro estudo recente coliderado pelo alemão Kühn, realizado durante um período de 50 semanas, comparou uma dieta intermitente 5:2 com outra de redução contínua das calorias, onde os participantes reduziram a ingestões calóricas em 20%, além de um terceiro grupo que não modificou sua dieta.
Os pesquisadores concluíram que tanto o jejum intermitente quanto a redução calórica ocasionaram em perda de peso e gordura, em comparação ao grupo de controle. Alguns indicadores de saúde, como níveis de insulina e de lipídios, também melhoraram. Os resultados foram quase idênticos nas duas dietas.
"Não encontramos prova alguma de um efeito maior ou de maiores benefícios do jejum intermitente", declarou Kühn à DW. "Foi igualmente eficaz, se comparado a uma dieta tradicional moderada de redução de calorias."
Kühn ressala que "jamais confiaria em apenas um estudo". Porém duas outras pesquisas comparativas de cerca de um ano de duração, realizadas na Noruega e na Austrália na mesma época, igualmente chegaram a conclusão de que o jejum intermitente 5:2 não é mais eficaz do que a dieta de redução calórica.
Questão de simplicidade
Por sua vez, Satchidananda Panda acredita que um dos grandes atrativos do jejum 10:14 é o fato de ser mais fácil de ser seguido do que outras formas de jejum intermitente ou dieta convencional. "Mesmo se os dois métodos geram resultados semelhantes, por que alguém preferiria algo difícil de cumprir?", questiona.
O problema com as proezas alegadas pelos estudos de escala reduzida e livros sobre jejuns intermitentes é que, assim como muitas dietas da moda, o jejum é apresentado como uma solução miraculosa, quando, na verdade, o aspecto científico não está tão claro.
"Se alguém achar que um jejum intermitente está funcionando, então eu diria que é um bom método para ele ou ela. Mas, não é uma solução universal para os problemas de saúde de todo mundo", observa Kühn.
À luz dos indicadores disponíveis, ele acha que a comunidade científica deveria, antes, considerar medidas políticas como uma maneira de prevenir obesidade e hábitos alimentares insalubres (como o imposto sobre o açúcar no Reino Unido), em vez de apelar para que os indivíduos mudem seus hábitos alimentares.

‘Levava 40 segundos só para dizer meu nome’: o curso de 4 dias que reduz gagueira

Dinamarquês Daniel Tusk levava 42 segundos para falar o próprio nome; após superar seus medos em um curso, ele passou a ajudar outras pessoas. Gaguejar é uma condição neurológica que afeta mais de 70 milhões de pessoas ao redor do mundo. Mas um programa criado nos anos 1990, que junta técnicas de respiração com ensinamentos da psicologia esportiva, oferece uma terapia intensiva de quatro dias que tem ajudado muita gente ao redor do mundo.
"O programa McGuire é para pessoas que querem mesmo trabalhar a falar", diz Daniel Tusk, que conseguiu superar sua gagueira o curso e o levou à Dinamarca. "Nós começamos bem cedo e terminamos tarde da noite. Então, fisicamente, é difícil, e fazemos muitos exercícios de respiração".
O curso ajuda pessoas com gagueira a superar o medo de falar em público e de conversar com estranhos.
A gagueira de Signora Bergland era tão severa que ela tinha dificuldades até para se apresentar a um estranho. Após participar do curso, seu progresso é motivo de alegria para sua mãe, Susan. "É lindo. Senti que foi a primeira vez que eu a estava vendo muito feliz de verdade", diz.
Embora não exista "cura" para a gagueira, muitos evoluíram consideravelmente depois de participar do programa.
Assista ao vídeo.
VÍDEO SOBRE GAGUEIRA NA INFÂNCIA
Gagueira do desenvolvimento da fala deve sumir em seis meses