Saiba o que acontece com o útero durante a gestação

Por que um terço dos países mais pobres enfrenta ao mesmo tempo epidemias de obesidade e de desnutrição
Embebido em hormônios, o órgão se transforma completamente para atender as necessidades do bebê. A gestação traz muitas alterações para o corpo da mulher, mas nenhum órgão muda tanto quanto o útero. Bombardeado por hormônios, o órgão se transforma completamente ao longo das 40 semanas em que o feto utiliza aquele espaço para crescer e se desenvolver.
Quando a concepção acontece, o útero vai se adaptando para atender às necessidades do bebê
Pixabay
Parte desse processo ocorre mesmo quando a mulher não engravida – ele faz parte do ciclo menstrual, quando o corpo já começa a se preparar para gestar uma nova vida.
Quando o útero se prepara para receber o embrião, logo depois da ovulação, ele começa a ser embebido em progesterona, que é o hormônio produzido no ciclo menstrual.
"A função da progesterona é trazer água para o tecido e deixá-lo mais elástico. É por isso que as mulheres ficam mais inchadas e amolecidas no período pré-menstrual”, explica o ginecologista e obstetra Alberto d'Áuria, da maternidade Pro Matre Paulista.
Quando a concepção acontece, as transformações se intensificam e o útero vai, pouco a pouco, se adaptando para atender a todas as necessidades do bebê.
Veja abaixo as principais mudanças que ocorrem no órgão ao longo da gestação:
Entenda as principais mudanças que ocorrem no órgão ao longo da gestação
Agência Canarinho/G1

Mitos ou verdade? Teste seus conhecimentos sobre menstruação

Você sabe reconhecer os sintomas de anormalidade na menstruação? Resposta às perguntas do quiz do G1. O assunto ainda é tabu para muita gente, o que acaba gerando desconhecimento. Com a ajuda dos ginecologistas Pablo Novik, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Maria Teresa Roncaglia, do Hospital Sírio-Libanês, e Beatriz de Brito Barbosa, da Clínica Mantelli, o G1 elaborou este quiz para você saber um pouco mais sobre o tema.
Mito ou verdade? Teste seus conhecimentos sobre o útero

Gravidez natural foi um ‘milagre’, diz empresária que superou a endometriose

Quênia de Freitas engravidou aos 36 anos, depois de passar por três procedimentos cirúrgicos para amenizar os sintomas da doença. Gravidez natural foi ‘milagre’, diz empresária que superou a endometriose
Nem cinco testes de gravidez diferentes convenceram a empresária Quênia de Freitas, 39 anos, de que ela estaria esperando o primeiro filho. Isso porque diversos especialistas garantiram que a inseminação artificial seria a única forma de ela realizar o sonho de ser mãe.
Mitos ou verdade? Teste seus conhecimentos sobre menstruação
Saiba o que acontece com o útero durante a gestação
Quênia sofria havia mais de 20 anos com a endometriose aguda, quando o tecido que reveste o útero cresce para fora do órgão, dificultando uma gestação.
Foram diferentes diagnósticos, três cirurgias e muitas dores. Mas a moradora de Niterói, no Rio de Janeiro, não desistiu. Contrariando os especialistas, ela teve uma gravidez natural. “Milagres acontecem”, comemora.
Hoje, com muito mais qualidade de vida, ela virou inspiração para outras mulheres que sofrem da doença.

Lua de Saturno tem cânions que expelem água e é uma das preferidas dos cientistas

Por que um terço dos países mais pobres enfrenta ao mesmo tempo epidemias de obesidade e de desnutrição
Encélado tem fraturas em sua superfície. Missão Cassini analisou composição e traz resultados. : Mapa de calor indica água sendo expelida pelas faixas do tigre
Nasa
Há cerca de duas semanas, falamos neste blog sobre a confirmação da existência de água em uma lua de Júpiter, em Europa, para ser mais preciso. Antes dessa confirmação, sabíamos há mais tempo que a Encélado, uma pequena lua de Saturno tinha um oceano protegido por uma camada de gelo.
Estudo confirma existência de água em Europa, uma das luas de Júpiter
Cassini: Missão de 20 anos da Nasa chega ao fim em 'grand finale'
Até a passagem das sondas Voyagers no começo da década de 1980, os astrônomos tinham poucas informações sobre esse mundo gelado. Com os sobrevoos das duas sondas, ficou claro que o alto poder de refletir a luz do Sol era decorrente de uma capa de gelo que cobre a lua inteira.
Mas uma pergunta ficou no ar (ou espaço): como poderia ser o gelo assim tão branco? A desintegração de meteoros e das próprias luas pequenas de Saturno produzem toneladas de poeira que uma hora ou outra cai nas outras luas, ou vai se juntar ao sistema de anéis. O gelo de Encélado deveria estar coberto por essa poeira. Em outras palavras, deveria estar sujo.
A cor do gelo indica que ele é recente, ou seja, indica que existe um mecanismo que constantemente recobre o gelo antigo (e sujo) com gelo novo (e branquinho).
Encélado, lua de Saturno
Reprodução/Nasa
Em 2005, a sonda Cassini descobriu uma série de fraturas na camada de gelo formando verdadeiros cânions. As fraturas, conhecidas como "faixas do tigre" em alusão às manchas na pelagem desse animal, têm origem no polo sul de Encélado e têm por volta de 130 kg de extensão com um espaçamento regular de 35 km entre uma e outra.
A sonda Cassini revelou também criovulcões ativos, ou seja, vulcões que expelem água fria de dentro das fraturas. Então, além de uma capa de gelo, a Encélado possui também um oceano abaixo do gelo. Se não cobrir toda a lua, pelo menos está em um bolsão de água no polo sul.
Plumas dos criovulcões nas faixas de tigre
Nasa
Desde essa descoberta, a Encélado é a preferida dos astrobiólogos. Possuir água no estado líquido é um dos pré-requisitos para um objeto abrigar vida. Além desse fato, os criovulcões estão permanentemente jogando a água do subsolo no espaço, mas que também acaba sendo depositado em sua superfície.
Diferente de Europa, onde o oceano está blindado por uma camada de mais de 10 km de gelo, em Encélado é possível estudar a composição do oceano mesmo do espaço. Aliás, a própria Cassini fez isso, voando através das plumas expelidas pelos criovulcões para analisar as partículas ejetadas. Resultados preliminares mostram que se trata de água salgada, ainda que seja uma mistura de sais, inclusive o cloreto de sódio, o nosso sal de cozinha.
Um dos fatos mais intrigantes a respeito das faixas do tigre é sua morfologia. Todas elas partem do polo sul, têm uma extensão similar e estão espaçadas pela mesma distância. Qual mecanismo poderia esculpir essas marcas sobre a superfície?
De acordo com uma equipe de pesquisadores liderada por Max Rudolf, da Universidade da Califórnia, é tudo uma questão gravitacional.
A órbita de Encélado em torno de Saturno é muito ovalada, há períodos em que a pequena lua está muito próxima, mas há períodos em que ela está muito distante do gigante Saturno. A diferença de distâncias se traduz em uma diferença de forças gravitacionais ao longo da órbita, de modo que esse estica e puxa faz com que o gelo se rompa e mesmo se derreta. Essa ação é mais eficiente nos polos, e faz com que o gelo rache nessas localidades e as rachaduras gigantes se propaguem para o equador.
E como essas rachaduras ficam equidistantes umas das outras? Como é no fundo delas que se abrem os criovulcões, o material expelido a uma alta pressão acaba se diferenciando quando estão no espaço.
As partículas mais leves são capturadas pelo sistema de anéis de Saturno e as mais pesadas são atraídas de volta a Encélado, caindo e se acumulando ao redor da fissura. De acordo com Rudolf e seus colegas, a concentração de neve se dá a 35 km de distância de onde ela foi expelida, e o seu acúmulo faz o gelo afundar, formando novas fissuras.
O mecanismo é complexo, mas se baseia em dois princípios simples: o de forças de marés e o congelamento da água. São as forças de marés que fazem o gelo se derreter quando Encélado está se aproximando de Saturno e quando se afasta dele. O congelamento da água faz a capa de gelo se expandir, trincando em sua extensão.
Uma pena que depois do fim da missão Cassini ainda não exista nenhum plano de lançar outra sonda para estudar o sistema de Saturno. Junto com a Europa Clipper, que vai estudar a lua de Júpiter, elas dariam um ótimo avanço na busca por vida em outros lugares do Sistema Solar.
VÍDEO: REVEJA A CONCLUSÃO DA MISSÃO CASSINI
Sonda Cassini revela que anéis de Saturno seriam mais recentes do que imaginado

Por que um terço dos países mais pobres enfrenta ao mesmo tempo epidemias de obesidade e de desnutrição

Por que um terço dos países mais pobres enfrenta ao mesmo tempo epidemias de obesidade e de desnutrição
Sistemas alimentares estariam por trás do baixo crescimento e do comer em excesso em países de baixa renda, segundo estudo. Sistemas alimentares podem estimular consuma em excesso de alimentos de baixa qualidade
Getty Images/BBC
Um terço dos países mais pobres do mundo lida, ao mesmo tempo, com níveis altos de obesidade e de subnutrição, que deixa pessoas magras demais. A constatação vem de artigo da publicação científica "The Lancet".
O relatório afirma que o problema seria causado pelo acesso global a alimentos ultraprocessados, e por pessoas se exercitarem cada vez menos.
Obesidade é a segunda causa de morte evitável
Obesidade é doença e pode ser causada por vários fatores
Os autores pedem mudanças nos "sistemas alimentares modernos", que eles acreditam serem vetores do problema.
Os países da África Subsaariana e da Ásia são os mais afetados.
A publicação estima que cerca de 2,3 bilhões de crianças e adultos no planeta estejam acima do peso, e que mais de 150 milhões de crianças apresentem crescimento atrofiado.
Muitos países de baixa renda e de renda média encaram os dois problemas ao mesmo tempo, a chamada "dupla carga da desnutrição".
Isso significa que 20% das pessoas estão acima do peso, 30% das crianças com menos de quatro anos não estão crescendo adequadamente, e 20% das mulheres são classificadas como magras.
Comunidades e famílias podem ser afetadas pelas duas formas de desnutrição, assim como indivíduos em diferentes fases da vida.
De acordo com a publicação, 45 entre 123 países foram afetados por essa dupla carga nos anos 1990, e 48 entre 126 países nos anos 2010.
Também nos anos 2010, 14 países com menor renda do mundo já apresentavam esse "problema duplo" desde os anos 1990.
Sistemas alimentares falhos
Os autores do relatório afirmam que os governos precisam tomar uma atitude, assim como as Nações Unidas e os membros da academia, para solucionar o problema. E o foco apontado por eles é o de mudanças na dieta.
O jeito como as pessoas comem, bebem e se deslocam está mudando. O número crescente de supermercados, a ampla disponibilidade de alimentos pouco nutritivos, assim como a diminuição nos níveis de atividade física conduzem ao número maior de pessoas com sobrepeso.
E essas mudanças estão afetando tanto países de baixa e de média renda, quanto os de alta renda.
Ainda que o crescimento atrofiado de crianças em muitos países tenha se tornado menos frequente, a alimentação com ultraprocessados logo na infância está ligada ao baixo crescimento.
Comemos cada vez mais alimentos ultraprocessados – mas que qual é o impacto disso em nossa saúde?
Twinsfisch/Unsplash
"Nós estamos presenciando uma nova realidade nutricional", diz o autor principal do estudo, Francesco Branca, diretor do Departamento de Nutrição para Saúde e Desenvolvimento da Organização Mundial de Saúde (OMS).
"Não podemos mais caracterizar os países de baixa renda como subnutridos, ou os de alta renda como preocupados apenas com obesidade."
"Todas as formas de desnutrição têm um denominador comum: os sistemas alimentares que falham em fornecer às pessoas uma dieta saudável, acessível, segura e sustentável".
Branca diz que isso requer uma mudança nos sistemas alimentares, da produção ao processamento, passando por comércio e distribuição, assim como precificação, marketing e rotulagem, padrões de consumo e de desperdício.
"Todas as políticas e investimentos relevantes precisam ser reexaminados", afirma.
O que seria uma dieta de alta qualidade?
De acordo com o artigo, uma dieta do tipo contém:
muitas frutas e vegetais, grãos integrais, fibras, nozes e sementes
porções moderadas de alimentos de origem animal
porções mínimas de carnes processadas
porções mínimas de comidas e bebidas que sejam ricas em energia e em açúcar adicionado, gordura saturada, gordura trans e sal
Dietas de alta qualidade reduzem o risco de desnutrição ao encorajar crescimento saudável, desenvolvimento e proteção do corpo contra doenças ao longo da vida.
Como manter uma alimentação saudável na infância