O que é o assoalho pélvico e por que é importante exercitá-lo

Saiba o que acontece com o útero durante a gestação
Cuidar dessa estrutura evita problemas como a incontinência urinária e aumenta o prazer sexual. Práticas como o pilates ajudam a fortalecer a estrutura pélvica
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Para manter a saúde em dia, muita gente procura a academia para tonificar bíceps, tríceps, quadríceps, glúteos e o que mais o preparador físico recomendar. Mas existe uma parte do corpo que precisa ser exercitada pelas mulheres desde a adolescência e que não está na ficha do treino: o assoalho pélvico.
O que é o assoalho pélvico?
O assoalho pélvico é um conjunto de estruturas formado por músculos, ligamentos e fáscias [tecidos que envolvem os músculos] que serve para segurar os órgãos da pelve como útero, bexiga, reto e próstata. Nos homens, o enfraquecimento desse conjunto não é comum, mas, nas mulheres, a presença do orifício do canal vaginal deixa o assoalho mais frágil.
Assoalho pélvico é a musculatura responsável por segurar os órgãos abdominais
Sem o devido cuidado, os órgãos que deveriam ser sustentados por essa estrutura podem se deslocar ou mesmo cair. A consequência são problemas que costumam ser muito desconfortáveis e até constrangedores, como incontinência urinária e fecal, bexiga hiperativa e dor na relação sexual.
“São lesões que ocorrem no longo prazo e normalmente aparecem depois da menopausa, já que a queda dos níveis de estrogênio aceleram o enfraquecimento muscular e a perda de colágeno”, afirma o ginecologista Rodrigo de Aquino Castro, do Hospital Samaritano Higienópolis.
“Quanto mais pressão você tem na barriga, mais risco. Isso inclui fatores como obesidade, tosse crônica, exercícios físicos muito intensos e várias gestações, independentemente do tipo de parto. Tudo isso aumenta a pressão na barriga e pode empurrar os órgãos para baixo se você não tem um fortalecimento adequado dessas estruturas”, explica a uroginecologista Lilian Fiorelli, da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
O parto normal é uma das principais causas de lesão no assoalho pélvico, mas isso não significa que as mulheres precisam optar pela cesariana para evitar o problema. Um preparo adequado, com exercícios de fortalecimento, reduz os riscos de prejudicar as estruturas.
Cuidar bem do assoalho pélvico não serve “apenas” para evitar a queda e o deslocamento dos órgãos. Essa prática contribui muito para a qualidade da vida sexual das mulheres – e, consequentemente, de seus parceiros. “Vejo um aumento muito grande na satisfação sexual das mulheres que passam a preparar bem o assoalho pélvico. A sensibilidade na região aumenta, pois há mais circulação sanguínea no local, a lubrificação fica melhor e a mulher consegue englobar mais o pênis, o que aumenta o prazer. Isso tudo faz muito bem para a libido e o desejo”, relata Lilian.
Mulheres que querem engravidar devem fortalecer o assoalho pélvico
Como malhar seu assoalho pélvico
Falar com seu treinador e pedir para incluir o assoalho pélvico na lista de exercícios não é o caminho para cuidar da saúde dessa estrutura.
O primeiro profissional que você deve procurar é o ginecologista, que poderá avaliar se você tem consciência corporal e consegue contrair o local certo.
“Sair fazendo exercício sem a devida orientação pode até ser prejudicial, pois a mulher pensa que está contraindo o assoalho pélvico mas está exercitando outros músculos que pioram o prolapso vaginal e a incontinência”, alerta Lilian Fiorelli, do Albert Einstein.
Depois dessa orientação inicial, a mulher pode procurar um fisioterapeuta pélvico, que é o profissional especializado nesse tipo de cuidado. Outra alternativa são práticas como ioga e pilates, que englobam exercícios para fortalecer o local. É possível até contar com a ajuda de aplicativos e jogos no celular: dispositivos conectados ao aparelho são colocados na vagina, e a mulher interage no game contraindo o assoalho pélvico.
O pompoarismo, técnica que tem como objetivo fortalecer os músculos do assoalho pélvico, também é recomendado, mas costuma exigir um pouco mais de experiência e consciência corporal para ser aplicado.
'Pílula de Bem Estar': como fortalecer o assoalho pélvico

Vício em exercícios físicos: como o esporte pode se tornar uma obsessão nada saudável

Saiba o que acontece com o útero durante a gestação
O que fazer quando algo que faz bem ao corpo e à mente se torna um problema? E como os aparelhos e aplicativos que monitoram a atividade física podem contribuir para agravar essa situação? A corrida tornou-se uma obsessão na vida de Valeria e prejudicou seus relacionamentos
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Correndo em um parque, Valerie Stephan parece estar em paz ao cumprir seu ritual matinal. "Quando corro, sinto que estou ficando mais rápida, mais forte. É como uma série de pequenas vitórias", diz a atleta amadora.
Há dez anos, Valerie começou a correr para melhorar sua forma física. Ela se inscreveu em uma prova de 5 km. Depois, passou para as corridas de 10 km e conseguiu completar uma maratona.
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'Fui viciada em drogas, agora, sou viciada em corrida'
Mas, então, ela começou a acordar cedo todas as manhãs para treinar e a priorizar o esporte acima de tudo. "O exercício me controlava, em vez de eu controlar o exercício. Isso rapidamente se tornou uma obsessão e prejudicou meu trabalho, minha família, todos os aspectos da minha vida", diz.
À medida que o vício aumentava, ela se isolava cada vez mais, até mesmo de pessoas próximas. "Algumas pessoas simplesmente não entendiam por que eu tinha de me exercitar. Elas me achavam um pouco louca."
Depois de anos forçando os limites do seu corpo e da sua mente, Valerie ficou deprimida e esgotada
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Atrasar-se para os compromisso ou reagendá-los e cancelá-los tornou-se a regra. Valerie passou a combinar de se encontrar com os amigos com a condição de que fossem jogar squash ou nadar, relaxando apenas quando atingia seu objetivo no dia. "Eles pensavam que não queria vê-los. Eu queria, mas tinha de treinar muito antes para não me sentir culpada."
Sua obsessão também afetou outros relacionamentos importantes. "Eu nunca conseguia descansar. Estava sempre correndo. Nunca queria passar um tempo em casa."
Depois de anos forçando os limites do seu corpo e da sua mente, Valerie ficou deprimida e esgotada. Precisou parar com tudo para se recuperar e ficou quatro meses sem trabalhar.
"Tudo o que eu queria era mostrar que era uma super-humana que tinha controle total. Não conseguia demonstrar o quanto aquilo era difícil emocionalmente para mim", afirma Valerie.
O que é o vício em exercício?
Psicólogos dizem que a dependência em exercício se enquadra em uma categoria de vício na qual um comportamento se torna compulsivo e causa problemas na vida de uma pessoa.
Estima-se que isso afete cerca de 3% da população em geral, mas chegue a 10% entre os praticantes de corrida de alto desempenho.
Normalmente, os mais propensos ao vício ​são os atletas amadores que, como Valerie, buscam na atividade física alívio para algum sofrimento interno, diz a psicóloga Chetna Kang, do Hospital The Priory, em Londres, no Reino Unido.
Especialistas afirmam que o vício em exerícios não é comum, mas está se tornando mais frequente
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"Muitas vezes, as pessoas chegam com problemas de relacionamento, ansiedade, depressão. Mas, quando você começa a analisar, percebe que o excesso de exercício é o motivo. Isso não é extremamente comum, mas está se tornando cada vez mais", diz Kang.
Caz Nahman, psiquiatra de crianças e adolescentes especializada em distúrbios alimentares, diz que excesso de exercício é uma condição frequente entre seus pacientes.
"O exercício geralmente é benéfico para a saúde mental. É uma ótima maneira de gerenciar a depressão leve ou a ansiedade severa. Mas o excesso pode ter um impacto negativo", afirma Nahman.
Os sintomas incluem lesões como fraturas por estresse, tendinite e falhas do sistema imunológico. Em mulheres, pode levar à interrupção da menstruação, osteoporose e distúrbios alimentares. Nos homens, provoca redução da libido.
Martin Turner, psicólogo de esportes da Universidade Metropolitana de Manchester, no Reino Unido, estuda atletas há dez anos e encontra regularmente pessoas que são dominadas por esse aspecto de suas vidas.
Lidar com a falta da adrenalina e das endorfinas liberadas pelo esporte pode ser particularmente difícil
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"Elas criam uma ideia de que o sucesso como atleta reflete seu valor como ser humano. 'Se falho como atleta, sou inútil'. Quando correr se torna um elemento central de quem a pessoa é, ela pensa: 'Se eu não correr, quem eu sou?'."
Os estudos de Turner mostram que essas ideias estão geralmente associadas a um maior grau de dependência de exercícios, depressão, raiva, ansiedade e esgotamento.
"Existem três razões principais pelas quais essas crenças não fazem sentido. Primeiro, impedem o bem-estar, em vez de contribuir para isso. Segundo, refletem uma motivação de curto prazo. As pessoas correm para evitar a culpa e não pela atividade em si. Terceiro, isso não condiz com a realidade: uma pessoa precisa respirar, comer, se hidratar e dormir, mas não precisa correr", diz o psicólogo.
Sintomas de abstinência
Enfrentar a abstinência da adrenalina e da endorfina liberadas pelo esporte pode ser particularmente difícil. Valerie tentou reduzir a carga de exercícios, mas isso teve um forte impacto sobre seu bem-estar, fazendo com que se sentisse mais inquieta.
Ela diz que isso a manteve presa em um ciclo vicioso. "Fico ansiosa quando não consigo treinar. Não consigo dormir, tenho dores de cabeça. Se não sair para me exercitar, parece que estou em uma prisão."
Especialistas apontam que aparelhos ou aplicativos que monitoram o volume de exercício praticado podem alimentar este vício, especialmente se a pessoa é motivada por conquistas e perfeccionismo.
Usar esses dispositivos e compartilhar o desempenho pelas redes sociais faz com que essa prática se torne pública e competitiva, e torna ainda mais difícil reduzir a carga.
Compartilhar o desempenho pelas redes sociais faz com que a prática de exercícios se torne pública e competitiva
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Valerie diz que adora estes aplicativos e os usa todos os dias para monitorar seu ritmo de corrida, volume de treino e seu progresso. "Você recebe elogios e vê como melhorou e o que seus amigos estão fazendo. Mas, se tenho uma maratona chegando e meu amigo está treinando mais, me sinto pressionada."
Turner diz que estas ferramentas podem aumentar a obsessão e prejudicar a recuperação. "Elas podem ser uma injeção de autoestima. O problema é se te dizem que você ficou aquém de alguma forma. Você não foi tão bom quanto da última vez, não foi tão bom quanto seu amigo. Você fica constantemente competindo com os outros", afirma o psicólogo.
A situação pode piorar ainda mais se a autoestima de uma pessoa estiver diretamente atrelada às suas realizações na prática de exercícios, diz Turner. "Se o aplicativo te diz que você não foi tão bem e você pensa que isso te torna um fracasso completo, é algo pode ser ainda mais problemático."
O caminho para a recuperação
A treinadora de triatlo britânica Audrey Livingstone diz que estes aplicativos e aparelhos estimulam um comportamento doentio entre seus atletas.
"Alguns deles ficam muito ocupados checando o que os outros estão fazendo. Digo a eles que só precisam fazer melhor do que fizeram da última vez. 'Concentre-se no seu próprio desempenho'", diz ela.
Livingstone afirma que busca, nestes casos, reduzir a carga de exercícios dos seus atletas por uma semana. "Eles não gostam, questionam e lutam contra isso. Simplesmente, não entendem por que precisam descansar às vezes."
A treinadora de triatlo Audrey Livingstone diz que aplicativos e aparelhos que monitoram exercícios estimulam um comportamento obsessivo
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Como com qualquer outro tipo de vício, interromper o ciclo vicioso e dar os primeiros passos rumo à recuperação pode ser um processo demorado e complicado. Turner acredita que, antes, é preciso reconhecer que há um problema.
"Uma das coisas que os atletas devem fazer é refletir sobre seus pensamentos, motivações e crenças. É importante ser realista e flexível e dizer 'se não treinar hoje, pode ser ruim, mas certamente não é a pior coisa do mundo' e reconhecer que só porque não treinou, isso não faz da pessoa uma perdedora."
Para Valerie, buscar um equilíbrio entre exercícios e descanso é um desafio contínuo. Agora, com o apoio de parentes e amigos, acredita que está conseguindo se recuperar.
"Entender que aquilo se tornou um vício levou muito tempo. Precisei aprender a abrir mão de me exercitar, não ficar obcecada com isso e que não posso controlar tudo, ao dizer para mim mesma: 'Você não precisa ser perfeita."
Bem Estar dá dicas de exercícios e alerta para cuidados com a saúde
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‘Por que o meu filho gosta de ver mil vezes o mesmo desenho?’

Saiba o que acontece com o útero durante a gestação
A repetição é uma parte importante do aprendizado de crianças, sobretudo as menores. É assim que elas dão sentido ao que aprenderam – e encontram conforto e segurança. As crianças aprendem e consolidam a informação por meio da repetição e precisam ver e rever até consolidar seu entendimento
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Logo ao acordar, Bruno, de quase três anos, invariavelmente pede para assistir ao desenho de Os Três Porquinhos. Depois, ele reencena a história com seus brinquedos, várias vezes por dia.
Pedro, da mesma idade, adora ver os mesmos livros infantis de sua coleção, repetidamente. Ana Gabriela, de sete anos, chegou a pedir para ver o filme dos Detetives do Prédio Azul três vezes no mesmo dia.
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Pais, às vezes irritados de ter de ver os mesmos desenhos e repetir insistentemente as mesmas brincadeiras, muitas vezes se perguntam: por que as crianças ficam obcecadas por alguns objetos, personagens e histórias? Será que elas não cansam?
"As crianças aprendem e consolidam a informação por meio da repetição. Elas precisam de diversas reproduções para realmente aprender – na primeira vez que veem um desenho, por exemplo, vão prestar atenção às cores; na quarta vez talvez foquem sua atenção na história, na linguagem ou no arco narrativo", explica à BBC News Brasil Rebecca Parlakian, diretora-sênior de programas da organização americana Zero to Three, que promove políticas voltadas a crianças de zero a três anos.
"É assim que as crianças vão consolidando seu entendimento em uma coisa única."
"Para nós, adultos, é uma repetição. Para elas, crianças, é uma reelaboração", diz Patricia Corsino, professora-associada da Faculdade de Educação da UFRJ e coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Infância, Linguagem e Educação da universidade.
"Isso se manifesta também nas brincadeiras de ir e voltar, nos pedidos de 'de novo' aos adultos quando eles fazem algo que agrada as crianças", explica a professora. "Nem sempre isso é feito pelos mesmos motivos por cada uma delas, mas o objetivo costuma ser o de se apropriar daquilo ou de buscar o afeto que sentiram (durante a brincadeira), para elas entenderem a si próprias dentro deste mundo tão complexo."
Entrar na brincadeira é bom…
As duas especialistas explicam que, quanto mais os adultos entrarem no jogo, mais criarão momentos para afeto, para a interação com as crianças e até para a ampliação do repertório delas.
'As crianças não precisam de muitas coisas. Precisam de poucas, mas com muita intensidade', diz professora
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Parlakian começa lembrando que é bom limitar o uso de telas, mas ressalta que os pais podem, ao ver o mesmo desenho com as crianças, elaborar conversas e atividades a partir do que assistiram juntos.
"'Vamos contar os números junto com o personagem?' ou então 'Como você acha que o personagem se sentiu naquele momento?'. Outra ideia é, depois de assistir, desligar a TV e fazer um jogo com base no desenho. Com isso, você transfere o que está na tela para a vida real, algo que normalmente não acontece com crianças pequenas se elas meramente assistirem ao desenho", diz a especialista.
No caso de contos clássicos como Os Três Porquinhos, por exemplo, é possível ampliar o entendimento da criança contando a ela as diferentes versões existentes da história ou brincando de reencenar.
"A exposição à mesma história com leves diferenças ajuda as crianças a consolidar o que aprenderam", diz Parlakian. "E reencenar as ajuda a entender como os personagens se sentem, o que as ajuda a desenvolver empatia."
Mesmo sem mudar a história, mas escolhendo bons livros que possam ser lidos com prazer muitas vezes, os pais e cuidadores estarão dando grandes oportunidades para as crianças se desenvolverem, diz Patricia Corsino. "As crianças não precisam de muitas coisas. Precisam de poucas, mas com muita intensidade."
… mas se encher da repetição é compreensível
Não tem nada de errado, no entanto, se os pais cansarem de assistir ao mesmo desenho pela milésima vez. "É natural os pais falarem que não querem mais e estabelecerem seus próprios limites", diz Corsino.
Outra ideia é buscar a variedade dentro do mesmo tema, para expandir os horizontes da criança e dar a elas mais informações a respeito das coisas que elas tanto gostam.
Parlakian conta que, aos três anos, sua filha adorava brincar de montar mesa de piquenique. "Certa vez, eu fiquei tão entediada de vê-la fazer isso pela milésima vez que sugeri: 'vamos fazer um piquenique de verdade no quintal?' Meu filho também teve uma fase em que ficou obcecado por caminhões. Então busquei mais livros sobre o tema e fiz com ele um passeio até um lava-rápido."
E a repetição continua
Repetição também traz sensação de conforto e segurança
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Embora a repetição seja mais visível ao redor da faixa etária de dois a quatro anos, a vontade de ver/ouvir o mesmo filme, desenho ou história continua ao longo da infância e da adolescência, em graus diferentes. Isso porque a repetição, além de reforçar o aprendizado, traz uma sensação de conforto e segurança.
"Muitos leem os livros do Harry Potter diversas vezes, e até mesmo adultos gostam de assistir várias vezes ao mesmo seriado. Essa previsibilidade e consistência nos faz sentir bem", prossegue Parlakian. "Mas, do ponto de vista das crianças, isso é ainda mais forte, porque o mundo tem tantas coisas novas acontecendo o tempo todo, e tantas estão fora do controle delas."
Para crianças pequenas, ao redor dos dois a quatro anos, às vezes é o caso de simplesmente querer exercer sua autonomia – por exemplo, quando ela sempre insiste em usar um determinado par de sapatos e entra em crise se ele estiver sujo.
"Para crianças dessa idade, o poder de fazer essa escolha (da peça de roupa) é algo muito forte, o que explica a crise de birra quando ela não consegue fazê-la", agrega Parlakian.
"Nesses casos, minha sugestão é explicar por que aquele determinado sapato não pode ser usado naquele momento, validar o sentimento da criança (ou seja, dizer a ela que você entende sua frustração) e dar a ela a chance de escolher: 'você tem duas ótimas opções: pode usar o sapato x ou y'. Como elas são muito movidas pelo desejo pela autonomia, oferecer-lhes opções às vezes lhes dá a sensação de controle."
Pode ser um sinal de que há algo errado?
Na imensa maioria dos casos, diz Parlakian, a repetição é parte perfeitamente saudável do desenvolvimento infantil, e em geral as crianças são bastante flexíveis – têm suas preferências por livros e filmes, mas topam assistir ou brincar de coisas diferentes com frequência.
Parlakian só adverte a prestar atenção caso a criança não esteja tendo prazer na brincadeira ou se mostre extremamente inflexível, ou seja, apresente sinais de estresse durante a brincadeira e repita tudo exatamente do mesmo jeito, sempre -, já que esse tipo de comportamento é comum em crianças do espectro autista.
Vale lembrar, porém, que um diagnóstico do tipo só pode ser confirmado em consultas individualizadas com especialistas.

Saiba quais são os sinais de que o útero não está bem

Saiba o que acontece com o útero durante a gestação
É fundamental que mulheres fiquem atentas ao próprio corpo e procurem ajuda médica sempre que perceberem algo fora do padrão. Dor na relação sexual e secreções vaginais anormais são sinais de que o útero não está bem.
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Nem sempre é fácil perceber que algo está errado com a saúde do útero. Alguns dos problemas que afetam o órgão são silenciosos e muitos apresentam sintomas inespecíficos – ou seja, que podem indicar diversas outras patologias. Além disso, é bastante comum que as mulheres considerem esses desconfortos normais.
“Vejo muitas pacientes que acham normais situações como sangrar durante 10 dias ou ter muita cólica, principalmente porque conviveu com esses sintomas a vida inteira. É preciso quebrar algumas crenças equivocadas sobre isso”, alerta o ginecologista Marcos Messina, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
A recomendação, portanto, é consultar anualmente um ginecologista, ficar sempre atenta a qualquer alteração no corpo e procurar um médico quando perceber algo estranho. Veja algumas situações que merecem atenção:
Secreções vaginais anormais: Não ignore secreções com sangue, que tenham odor ou que sejam purulentas. “Elas podem significar uma infecção vaginal ou uma infecção uterina”, diz Helga Marquesini, ginecologista do Centro de Medicina Sexual do Hospital Sírio-Libanês.
Dor no baixo ventre: Há muitos problemas que podem afetar a pelve e causam dor – a infecção urinária é uma delas. Mas a causa também pode ser uterina.
Dor na relação sexual: Não é normal sentir dor durante o sexo. Isso pode significar, entre outras patologias, que o útero está com algum problema.
Infertilidade: A dificuldade para engravidar pode indicar endometriose ou uma infecção por clamídia, por exemplo.
Sangramentos: Sangrar fora do período menstrual deve ser sinal de alerta. Mesmo durante a menstruação, se o volume for muito grande, também se recomenda procurar um médico. “Se a mulher percebe que seu padrão de menstruação está mudando, pode significar algo. Há questões hormonais que também interferem nesse sentido, mas fica como alerta”, recomenda Helga.
Aumento do volume abdominal: Pode ser um inchaço um pouco mais leve, que pareça um problema no intestino, um pequeno volume no pé da barriga ou mesmo um aumento mais significativo. “Há casos em que a mulher parece grávida, mas é um mioma, um tumor benigno”, descreve Messina.
Principais doenças que afetam o órgão
Há diversas patologias que podem atingir o colo do útero (parte mais baixa, que tem contato com a vagina) e o corpo do útero (parte mais alta). Conheça algumas:
Endometriose: Ocorre quando o endométrio, tecido que reveste o útero e deve ser eliminado a cada menstruação, acaba indo para fora da cavidade uterina. O problema pode causar sintomas como dores pélvicas na menstruação ou mesmo fora dela, cólicas fortes, sangramento na urina ou nas fezes e infertilidade. O tratamento pode envolver desde o uso de hormônios até a realização de cirurgias.
Cervicites: São infecções que atingem o colo do útero, causadas normalmente por doenças sexualmente transmissíveis como gonorreia e clamídia. Elas podem ser assintomáticas ou apresentar quadros como dor e alteração na secreção vaginal. Normalmente, o tratamento é feito por meio de antibióticos.
Mioma: É um tumor normalmente benigno (só 0,1% dos casos são malignos) que pode causar dor, sangramento intenso e períodos menstruais prolongados. Há diversas formas de tratamento, que vão desde o uso de hormônios até cirurgia. Não há prevenção para o mioma: sabe-se que o problema afeta mais as mulheres negras e que tem um fator hereditário. A melhor forma de controlar é consultar regularmente o ginecologista e ficar atenta a qualquer alteração no corpo.
Infecção por HPV e câncer do colo do útero: O contato com o papilomavírus (HPV) pode gerar lesões e até evoluir para o câncer no colo do útero. Se diagnosticado precocemente, há excelentes chances de cura. Porém, se o problema está mais avançado, podem ser necessários tratamentos como quimioterapia, radioterapia e cirurgia para remoção do útero ou mesmo de outros órgãos que tenham sido afetados.
Atualmente, a melhor forma de prevenir a infecção por HPV é com a vacina, que entrou em 2014 no calendário brasileiro. Meninas de 9 a 15 anos e meninos de 11 a 14 anos devem tomar duas doses, com intervalo de seis meses entre cada uma. Além disso, mulheres dos 25 aos 64 anos devem fazer regularmente o exame Papanicolau, que detecta possíveis infecções pelo vírus.
Quais os tratamentos pro mioma no útero?

Saiba o que acontece com o útero durante a gestação

Saiba o que acontece com o útero durante a gestação
Embebido em hormônios, o órgão se transforma completamente para atender as necessidades do bebê. A gestação traz muitas alterações para o corpo da mulher, mas nenhum órgão muda tanto quanto o útero. Bombardeado por hormônios, o órgão se transforma completamente ao longo das 40 semanas em que o feto utiliza aquele espaço para crescer e se desenvolver.
Quando a concepção acontece, o útero vai se adaptando para atender às necessidades do bebê
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Parte desse processo ocorre mesmo quando a mulher não engravida – ele faz parte do ciclo menstrual, quando o corpo já começa a se preparar para gestar uma nova vida.
Quando o útero se prepara para receber o embrião, logo depois da ovulação, ele começa a ser embebido em progesterona, que é o hormônio produzido no ciclo menstrual.
"A função da progesterona é trazer água para o tecido e deixá-lo mais elástico. É por isso que as mulheres ficam mais inchadas e amolecidas no período pré-menstrual”, explica o ginecologista e obstetra Alberto d'Áuria, da maternidade Pro Matre Paulista.
Quando a concepção acontece, as transformações se intensificam e o útero vai, pouco a pouco, se adaptando para atender a todas as necessidades do bebê.
Veja abaixo as principais mudanças que ocorrem no órgão ao longo da gestação:
Entenda as principais mudanças que ocorrem no órgão ao longo da gestação
Agência Canarinho/G1