Governo lança guia sobre uso de celulares e outros dispositivos por crianças e adolescentes

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Documento traz orientações para familiares, cuidadores e educadores e alerta para os riscos associados ao uso precoce e excessivo de dispositivos digitais. Governo lança guia sobre uso de telas por crianças
O governo federal lança nesta terça-feira (11) um guia oficial para o uso consciente de dispositivos eletrônicos, como telefones do tipo smartphone. O documento traz orientações para familiares, cuidadores e educadores e pode servir de base para políticas públicas nas áreas de saúde, educação, assistência social e proteção à criança e ao adolescente.
Criança no celular
Canva
Além de recomendações, o guia também alerta para os riscos associados ao ambiente digital, que podem ir do uso excessivo até a exposição de práticas de violência ou de vitimização por crimes (veja mais abaixo).
A ideia do governo é que o guia seja abrangente, de acordo com a diversidade de famílias brasileiras, e trabalhe não apenas com o tempo de uso, mas também na diferença dos tipos de uso.
Segundo o documento, um dos fatores que mais contribuem para o uso precoce e excessivo de dispositivos digitais por crianças e adolescentes é a utilização excessiva por parte dos adultos, que são considerados modelos e referências de comportamento.
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Migração para o online
O secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, João Brant, afirma que a elaboração do guia partiu de uma constatação do governo federal de que "boa parte da nossa vida migrou para o ambiente online e a pandemia acelerou isso”.
"A gente achou que tinha um papel. Nosso papel era entender como é que o resto do mundo estava lidando com isso, reunir informações, reunir evidências científicas e oferecer para as famílias e para esses profissionais um conjunto de informações que a gente acha que são relevantes para que eles possam tomar suas decisões", explica.
“O governo se sente respondendo a um comando constitucional de compartilhamento da responsabilidade no cuidado com crianças e adolescentes e queria fazer isso de uma forma que não fosse também aumentar a angústia sem aumentar os instrumentos”, disse Brant.
Em janeiro deste ano, o presidente Lula sancionou uma lei que restringe o uso de celulares nas escolas. A lei proíbe o uso dos smartphones durante a aula, mas também no recreio ou nos intervalos entre os cursos. O guia elaborado pelo governo vai ao encontro da nova lei e busca complementar e servir de referência para as famílias e escolas.
Recomendações
Segundo Brant, o conjunto de orientações possui um caráter mais prático, “respeitando, obviamente, a autonomia das famílias, e dos espaços”.
O documento traz recomendações para as crianças e adolescentes, para as famílias e responsáveis dos jovens, para o setor empresarial, influenciadores digitais e para escolas e sistemas de ensino. Além disso, também traz sugestões para governos e para os sistemas de garantia dos direitos da criança e do adolescente e de defesa do consumidor.
Além de recomendar que crianças com menos de dois anos não usem telas e aparelhos digitais, o guia orienta que crianças com menos de 12 anos não devem possuir aparelhos smartphones próprios e que “quanto mais tarde se der a posse ou aquisição de aparelho próprio, melhor”.
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Entre as principais recomendações estão:
o uso de dispositivos eletrônicos, aplicativos e redes sociais durante a adolescência (12 a 17 anos) deve se dar com acompanhamento familiar ou de educadores;
o acesso a redes sociais deve observar a faixa etária sinalizada pela classificação indicativa;
estímulo ao uso de dispositivos digitais, para fins de acessibilidade ou superação de barreiras, por crianças ou adolescentes com deficiência, independentemente de faixa etária.
Para as escolas, as sugestões incluem:
avaliar criteriosamente o uso de aparelhos, como celulares ou tablets, para fins pedagógicos na primeira infância, evitando seu uso individual pelos estudantes;
evitar tarefas pedagógicas que estimulem a posse de aparelhos celulares próprios, bem como o uso de aplicativos de mensagem, por crianças (antes dos 12 anos).
Além disso, empresas que desenvolvem aplicativos que possam ser usados por crianças e adolescentes devem investir em estratégias de verificação da idade, oferecer produtos ou serviços com base em princípios de segurança por design, coletar o mínimo necessário de dados.
Criança com celular
Ron Lach/Pexels
O guia também recomenda que as empresas realizem um trabalho de não expor crianças à comunicação mercadológica (inclusive de apostas), de combater o trabalho infantil e ampliar a disponibilidade e divulguem ferramentas que auxiliem processos de mediação familiar.
O secretário destaca que as recomendações fazem parte de um conjunto de questões que exigem ações efetivas. “É uma percepção de que você não enfrenta os aspectos negativos do uso de telas de forma voluntária […] A gente precisa que as famílias possam atuar, mas a gente não pode jogar sobrecarga de solução desse problema só nas costas das famílias, isso seria muito injusto", avalia.
“Nossa percepção é que boa parte dos problemas que a gente sofre para uma lógica de dependência tem a ver com o modelo de negócios das plataformas digitais. E, portanto, a gente precisa atenuar esses efeitos negativos das plataformas também”, destaca o secretário.
Segundo Brant, a regulação das redes “geraria consequências muito positivas para crianças e adolescentes”.
“Um ambiente regulado permite que você lide com aquilo que a gente chama de riscos sistêmicos. Ou seja, aqueles riscos que são inerentes à própria atividade econômica, mas que precisam ser mitigados, atenuados. [A regulação] deve estabelecer um ambiente que você acompanhe as obrigações das plataformas formas, para atenuar os riscos, por exemplo, em relação à saúde de crianças e adolescentes”.
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Riscos
O guia faz ainda um alerta para os riscos associados ao ambiente digital, que incluem:
acesso a conteúdos impróprios;
abuso e exploração sexual;
exposição a pessoas desconhecidas e predadores sexuais;
riscos à privacidade;
cyberbullying;
racismo algorítmico;
deepfakes e “sextorsão”;
golpes financeiros;
exposição à comunicação mercadológica;
trabalho infantil;
jogos de apostas online;
exposição à desinformação;
contato com bolhas informacionais, discursos de ódio, grupos radicais ou extremistas.
Outro aspecto abordado pelo guia é a educação digital e midiática, ou seja, a necessidade tanto de crianças e adolescentes quanto de adultos de aprender a lidar com o ambiente digital. Este ponto, destaca o secretário, demanda que as escolas incluam o tema em seus currículos.
“Acho que quanto mais preparado o adolescente ou a criança estiver para lidar com aquilo, menos ele vai estar sujeito a efeitos negativos […] Obviamente, se você está preparado como cidadão pela própria escola, um processo de formação regular e formal para lidar com aquilo, você vai estar mais preparado para lidar com os problemas”, disse Brant.
Brant também destaca a importância de os familiares e professores conhecerem o ambiente digital que as crianças estão imersas, uma vez que “ boa parte do que acontece ali não é visível a olho nu, especialmente no que acontece nos dispositivos individuais”.

60% das universidades federais não têm políticas de combate ao assédio, diz TCU

Após diagnóstico tardio de autismo, jovem se forma em Direito na USP, abre empresa e busca apoio para ir a congresso internacional
Segundo relatório da Corte de Contas, 41 das 69 universidades não têm instâncias para acolhimento de vítimas de assédio. Tribunal determinou que instituições adotem providências. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) não tem políticas contra assédio
Além da Banca/UFSC
A área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) constatou que 60% das universidades federais não têm políticas de prevenção e combate ao assédio. Isso representa 41 das 69 instituições federais.
De acordo com o relatório, aprovado em sessão nesta quarta-feira (12), a falta de política voltada ao assédio nas universidades faz com que não haja instâncias responsáveis pelo acolhimento e orientação das vítimas.
O TCU afirma que as universidades estão contrariando orientações da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
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Além disso, entre as 28 universidades que possuem política de prevenção, a Corte de Contas constatou que há lacunas em 19 delas. Entre as lacunas, estão:
não inclusão de toda a comunidade universitária nos normativos do plano de combate;
falta de definição sobre procedimentos para encaminhamento de relatos de assédio;
falta de orientação sobre a apuração de denúncias envolvendo trabalhadores terceirizados, principalmente na condição de vítimas;
menção somente ao assédio sexual, sem a inclusão do assédio moral.
"Em relação aos efeitos das lacunas identificadas nas políticas de prevenção e combate ao assédio no âmbito das universidades federais, destaca-se o prejuízo às ações e estratégias de prevenção e combate ao assédio no âmbito dessas instituições de ensino", diz o relatório.
A análise do TCU apontou:
ausência de comprovação de estruturas internas e de protocolos de acolhimento das vítimas;
falta de integração das estruturas de acolhimento e orientação nos casos de assédio;
ausência de protocolo para evitar revitimização e/ou retaliação de denunciantes.
Determinações do TCU
Em sessão nesta quarta-feira (12), a Corte de Contas determinou que as instituições federais adotem providências para institucionalizar a política de prevenção e combate ao assédio.
Para as universidades que já têm políticas em curso, mas com lacunas, o TCU determinou a revisão de ações e estratégias, além de promover a inclusão de toda a comunidade universitária na discussão.
Os ministros também mandaram as universidades divulgarem os seus planos de prevenção e combate ao assédio.
Universidades sem política contra assédio
Veja quais instituições não têm políticas contra assédio, segundo o TCU:
Universidade Federal do Acre (UFAC);
Universidade Federal do Amazonas (UFAM);
Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (Ufape);
Universidade Federal da Bahia (UFBA);
Universidade Federal do Ceará (UFC);
Universidade Federal do Cariri (UFCA);
Universidade Federal de Catalão (UFCat);
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA);
Universidade Federal do Semiárido (Ufersa);
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES);
Universidade Federal Fluminense (UFF);
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS);
Universidade Federal do Maranhão (UFMA);
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT);
Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT);
Universidade Federal da Paraíba (UFPB);
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE);
Universidade Federal de Pelotas (Ufpel);
Universidade Federal do Piauí (UFPI);
Universidade Federal do Paraná (UFPR);
Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA);
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE);
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ);
Universidade Federal de Sergipe (UFS);
Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB);
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC);
Universidade de São João del-Rei (UFSJ);
Universidade Federal do Tocantins (UFT);
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM);
Universidade Federal de Alfenas em Minas Gerais (Unifal-MG);
Universidade Federal do Amapá (Unifap);
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp);
Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa);
Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa);
Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila);
Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab);
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio);
Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf); e
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Unesp 2025: veja lista da segunda chamada para candidatos do Enem

Após diagnóstico tardio de autismo, jovem se forma em Direito na USP, abre empresa e busca apoio para ir a congresso internacional
São 775 oportunidades remanescentes a quem fez o Exame Nacional do Ensino Médio 2023 e/ou 2024. Acesse a lista na reportagem. Campus da Unesp de Franca
Wilker Maia/g1/arquivo
A Universidade Estadual Paulista (Unesp) divulgou nesta quarta-feira (12) o resultado da segunda chamada para 775 vagas remanescentes do Vestibular 2025 a candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 e 2024.
VEJA AQUI A LISTA DA SEGUNDA CHAMADA
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Todos os candidatos que participaram das duas edições podem se inscrever e não é necessário ter feito o Vestibular 2025 da Unesp , que oferece um total de 6.596 vagas em 24 cidades.
A matrícula para a primeira chamada por este sistema deve ser feita entre esta quarta (12) e quinta (13), pelo Sistema de Graduação (Sisgrad).
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Outras possibilidades
Também de forma virtual, via Sisgrad, estão sendo feitas as matrículas para cursos com vagas remanescentes após a quarta chamada do Processo Seletivo “Olimpíadas Científicas Unesp 2025”.
São, ao todo, 449 vagas adicionais em cursos de graduação para participantes e medalhistas de olimpíadas do conhecimento.
Há, ainda, o Sistema de Reserva de Vagas para Educação Básica Pública (SRVEBP), que destina 50% das vagas de cada curso de graduação da Unesp para alunos que tenham feito todo o ensino médio em escola pública.
Unesp de Marília
Unesp/Reprodução
Dentro desse sistema, 35% das vagas são destinadas aos candidatos que se autodeclararem pretos, pardos ou indígenas. A somatória inclui as 934 vagas do Provão Paulista direcionadas exclusivamente para alunos do ensino público.
Este sistema, segundo a Unesp, tem garantido maioria de ingressantes vindos de escolas públicas desde o a edição 2017 do vestibular.
Cronograma de chamadas
O calendário completo de matrículas na Unesp, considerando o vestibular, ingresso pelas notas do Enem e Olimpíadas Científicas, prevê chamadas até 14 de março. Nesta segunda (10) também sai a lista da oitava chamada, com matrículas via Sisgrad até terça (11).
Confira os detalhes das próximas chamadas:
9ª chamada – lista sai às 10h de 12 de março, com matrículas até 13 de março;
10ª chamada – lista sai às 10h de 14 de março, com matrículas até 17 de março.
Quais são os campi?
Campus da Unesp em Rosana (SP)
Reprodução/Unesp
Os cursos da Unesp são oferecidos nas seguintes cidades:
Araçatuba (126 vagas);
Araraquara (764);
Assis (352);
Bauru (992);
Botucatu (538);
Dracena (70);
Franca (369);
Guaratinguetá (274);
Ilha Solteira (265);
Itapeva (66);
Jaboticabal (252);
Marília (400);
Ourinhos (54);
Presidente Prudente (529);
Registro (64);
Rio Claro (423);
Rosana (58);
São João da Boa Vista (70);
São José do Rio Preto (391);
São José dos Campos (108);
São Paulo (185);
São Vicente (72);
Sorocaba (72);
Tupã (102)
A Unesp
A Unesp é uma universidade pública e gratuita que está entre as maiores e melhores do país e da América Latina.
Presente em 24 cidades do Estado de São Paulo, com 34 unidades universitárias, desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão universitária em todas as grandes áreas do conhecimento.
Criada em 1976, a Universidade tem cerca de 50 mil estudantes, entre alunos de graduação e pós-graduação (stricto sensu).
Oferece ainda cursos pré-vestibulares gratuitos e mantém programas de extensão abertos para a comunidade.
Três escolas de ensino médio/técnico também são mantidas pela Unesp, que possui cerca de 1.900 laboratórios e 33 bibliotecas, além de cinco fazendas de ensino e pesquisa e três hospitais veterinários.
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Em ranking mundial de cursos, Brasil alcança excelência em Odontologia e Engenharia; saiba quais as melhores universidades

Após diagnóstico tardio de autismo, jovem se forma em Direito na USP, abre empresa e busca apoio para ir a congresso internacional
'QS World University Rankings' analisou mais de 21 mil programas acadêmicos de mais de 1.700 universidades, em 100 diferentes países. Curso de Odontologia
Divulgação/Univassouras
No "QS World University Rankings 2025" — ranking mundial de cursos universitários divulgado nesta quarta-feira (12) —, o Brasil alcançou o nível de excelência (ou seja, teve mais de um representante no TOP 50) em duas graduações:
🦷Odontologia:
Universidade de São Paulo (USP – em 13º lugar),
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp – 26º lugar)
e Universidade Estadual Paulista (Unesp – 39º lugar);
⛽Engenharia de petróleo:
Universidade de São Paulo (USP – em 9º lugar)
e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ – em 40ª lugar).
Em outros 7 casos, o país apareceu com um único representante no TOP 50: a USP.
Antropologia (25º lugar)
Arqueologia (43º lugar)
História da arte (entre 21º e 50º lugar)
Engenharia mineral (33º lugar)
Política (50º lugar)
Educação física (39º lugar)
Enfermagem (47º lugar)
"O Brasil continua sendo um líder regional em rankings de ensino superior, particularmente por meio de instituições como a USP, que garante altas posições", afirma Ben Sowter, vice-presidente da QS. "No entanto, a crescente competição global, especialmente da Ásia, apresenta desafios para as que as universidades brasileiras continuem mantendo sua posição.”
Critérios de avaliação
A QS analisou mais de 21 mil programas acadêmicos de mais de 1.700 universidades, em 100 diferentes países. Os critérios de avaliação foram os seguintes:
reputação acadêmica;
reputação entre empregadores;
citações em pesquisas;
produtividade acadêmica;
diálogo com instituições internacionais.
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Guia de Carreiras – engenharia civil: conheça a bailarina apaixonada por matemática

Após diagnóstico tardio de autismo, jovem se forma em Direito na USP, abre empresa e busca apoio para ir a congresso internacional

Após diagnóstico tardio de autismo, jovem se forma em Direito na USP, abre empresa e busca apoio para ir a congresso internacional
Silvano Furtado da Costa Silva foi convidado para o Global Disability Summit, congresso sobre deficiências que acontecerá em Berlim, no início de abril. Ele desenvolve projetos sobre a inclusão de pessoas neurodivergentes no mercado de trabalho. Silvano Furtado busca apoio para participar de um congresso internacional sobre deficiência
Arquivo pessoal
Após concluir a graduação, Silvano diz que percebeu as dificuldades que enfrentaria para conseguir um emprego: i
Em 2017, o paraibano Silvano Furtado da Costa Silva, hoje com 25 anos, resolveu as 90 questões da 1ª fase da Fuvest (vestibular da Universidade de São Paulo) em apenas uma hora. E não pense que foi à base de "chutes": no fim do processo seletivo, ele recebeu a notícia de que havia sido aprovado no curso de Direito da instituição.
"Eu sempre tive uma aversão natural a qualquer tipo de prova. Se eu passar 3 horas na mesma atividade, enlouqueço. É uma sobrecarga sensorial: ficar no mesmo ambiente, concentrado por tanto tempo… Por isso, me condicionei a terminei o vestibular bem rapidamente", conta.
➡️Foi só durante a graduação que Silvano, com apoio de uma psicoterapeuta, entendeu por que sentia esse incômodo tão significativo. O jovem foi diagnosticado com:
transtorno do espectro autista (TEA),
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)
e altas habilidades/superdotação.
Essas descobertas justificavam outros comportamentos, como a estereotipia na linguagem (no caso dele, uso de um vocabulário extremamente formal), o desconforto sensorial (com luz e sons) e a seletividade alimentar.
"Eu tive um diagnóstico tardio em razão de ser um migrante nordestino — nasci em João Pessoa — que não teve acesso à medicina assistencial na infância. Só descobri [os transtornos] aos 19 anos, porque estava tendo dificuldades na universidade", afirma Silvano.
✏️Pouco tempo depois, começou a pandemia: foram dois anos de atividades acadêmicas e aulas remotas. "Para mim, acabou sendo tranquilíssimo, porque não precisava lidar com a pior parte da socialização: as regras de convivência que ninguém nos ensina", diz.
"Mas, quando voltei para o presencial, falei durante uma reunião que não voltaria a botar o pé na USP após ter meu diploma, a não ser que passassem a respeitar os neurodivergentes. Era tudo uma bagunça, com métodos avaliativos absurdamente cansativos e com falta de previsibilidade [a mudança de rotina costuma gerar incômodo a pessoas com TEA]."
Silvano começou, então, a formular condutas de inclusão na Faculdade de Direito — coordenou a política de acessibilidade pedagógica, por exemplo, que permitiu aos alunos com deficiência indicarem quais formas de avaliação seriam mais viáveis (chamada oral ou dissertações, por exemplo).
Como o paraibano não conseguia fazer provas, preferia entregar trabalhos aos professores. E eram de nível acadêmico tão elevado que, em um dos casos, o docente sugeriu que o texto fosse publicado em uma revista científica.
Busca por apoio a iniciativas de inclusão no mercado de trabalho
No fim de fevereiro deste ano, Silvano foi selecionado para participar do Global Disability Summit, congresso internacional sobre deficiências que ocorrerá em Berlim, no início de abril.
"Será uma reunião multicultural de pessoas ligadas ao tema. O Brasil ainda está muito atrasado nas discussões sobre autismo. Precisamos estar presentes para criar parcerias captar investimentos e entender o que os outros países estão fazendo na inclusão", afirma.
💰Falta agora levantar recursos financeiros para bancar as passagens aéreas, a hospedagem e a alimentação na Alemanha. "Abri uma vaquinha e estou buscando apoio de empresas parceiras. Mas, tão em cima da hora, fica mais difícil", conta. (Segundo Silvano, o melhor caminho para potenciais parcerias e apoio é através do site https://consultea.com.br/)
O convite para o evento surgiu a partir da carreira que Silvano vem construindo desde que se formou. Após concluir a graduação, o jovem entendeu por que há tantos autistas formados que estão desocupados.
"Eu nunca conseguiria me adaptar a um emprego formal, porque cobram constância, e não qualidade. Alguém como eu não seria aceito", diz. Foi por isso que ele começou a trabalhar como autônomo em uma empresa de cibersegurança.
Depois, ainda abriu a "ConsulTEA", uma agência de consultoria que auxilia empresas a estabelecer políticas sólidas de inclusão e a empregar neurodivergentes. Dessa forma, além de elas darem oportunidades a profissionais com deficiência intelectual, ainda seguem uma agenda social de respeito à diversidade, aumentando seu valor no mercado.
Silvano ainda integra a equipe de neurodiversidade da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, em que desenvolve projetos para inclusão.
"São dois objetivos principais: gerar um ambiente de trabalho inclusivo e produzir valor por meio da contribuição desse público, que tem perspectivas diferentes e capacidades únicas", diz.
Vídeos de Educação