Governo criará comissão especial para discutir o novo Plano Nacional de Educação

Ministro da Educação defende regular as mensalidades de medicina cobradas por universidades privadas
PNE vigente foi elaborado em 2014 e devia ter validade até 2024, mas acabou prorrogado por lei até dezembro de 2025. Documento define as diretrizes para a educação brasileira. Presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em solenidade de abertura do ano legislativo.
Mario Agra/Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, disse nesta quinta-feira, 13, que deverá criar uma comissão especial para discutir o novo Plano Nacional de Educação (PNE). O objetivo, segundo ele, "é tentar abreviar esse desafio que o parlamento tem de elaborar o plano". A declaração foi dada em São Paulo durante o encontro promovido pela organização Todos Pela Educação.
➡️As comissões especiais são uma forma de agilizar a tramitação de projetos, uma vez que o texto aprovado pode ser levado direto ao plenário.
"Essa comissão especial será o palco para que o tema possa ser discutido, para que a sociedade possa ser ouvida, o executivo federal, os secretários estaduais e municipais, as organizações que tratam de educação no Brasil para que o melhor texto possível possa ser elaborado", disse a jornalistas.
O plano vigente foi elaborado em 2014 e devia ter validade até 2024, mas acabou prorrogado por lei até dezembro de 2025. Esse documento define diretrizes, metas e estratégias para a política educacional brasileira.
Motta disse desejar que a discussão não seja politizada. "A educação no Brasil deve estar acima de qualquer preferência político-ideológica. Quando nos perdemos ao politizar esse tema, o país tem um grande prejuízo.
Levantamento aponta que metas do PNE estão longe de serem cumpridas
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Com carreira acadêmica e vida financeira ‘resolvidas’, Gil do Vigor ajuda alunos da rede pública a também ‘vigorarem’

Ministro da Educação defende regular as mensalidades de medicina cobradas por universidades privadas
Ex-BBB, economista e pesquisador, Gil organizou um aulão para estudantes da rede pública do Recife, antes do Enem 2024. Dos 600 participantes, mais de 60 foram aprovados em universidades estaduais e federais. Gil do Vigor comemora aprovação de alunos e diz que sofre com ‘síndrome do impostor’
Quem vê o currículo de Gil do Vigor talvez não imagine que o pernambucano sofra com a “síndrome do impostor” (fenômeno em que a pessoa frequentemente duvida de sua própria competência).
Gil é amado pelo “Bra-silll”, apresentador de quadros em programas de variedades, rosto de dezenas de campanhas publicitárias, PhD pela Universidade da Califórnia e pesquisador na Universidade de Chicago. Mas, ainda assim, é acometido por pensamentos como “meu Deus, não sou capaz” ou “melhor sair correndo antes de passar vergonha!”.
“Acho que é um medo de ter a resposta de que não consegui fazer algo. Quando prestei o Enem, deixei o RG em casa. Minha mãe saiu correndo atrás de mim e disse: ‘você esqueceu o documento!’. Eu tentei me autossabotar, porque tinha medo de fazer a prova e não dar certo”, conta. “Mas aprendi que, independente da minha confiança, preciso ter coragem de ao menos tentar.
🧑‍🏫Aos 33 anos, Gil traçou um plano para evitar que alunos de baixa renda enfrentem a mesma insegurança que quase o afastou dos estudos. Depois de criar um canal no Youtube (“Matemática do Vigor”), ele ainda organizou o Aulão do Vigor em outubro de 2024: com transmissão on-line, o evento recebeu 600 jovens da rede pública do Recife para um dia inteiro de revisão de conteúdos.
Entre uma aula e outra, Gil buscou motivar os jovens a não desistirem dos estudos. Os resultados foram animadores: mais de 60 passaram em universidades públicas em 2025.
“Eu e minha mãe temos a educação na veia. Ela [Jacira Santanna] sempre foi uma grande apoiadora dos estudos e se esforçava ao máximo para me dar todo o suporte”, diz Gil.
“Eu precisava retribuir isso de alguma forma. Depois que ganhei mais dinheiro e mudei nosso status social, passei a me esforçar para que outras pessoas também dessem aquela vigorada.”
➡️Como funcionou o Aulão? Dona Jacira organizou todo o processo: com a ajuda de uma equipe, ela divulgou a abertura das inscrições, conversou com diretores das escolas públicas, planejou o transporte de todos os jovens até o evento, garantiu parcerias com marcas de materiais escolares e forneceu alimentação para os participantes.
“Eu tenho muito orgulho desses alunos”, diz Jacira. “A menina que ganhou o desafio de matemática no Aulão era tão esforçada, tão humilde e inteligente… Quando vi o nome dela lá em cima, no topo da lista de aprovados, me emocionei muito. Fiquei me lembrando do meu filho.”
'Gil mostrou que o futuro está nos estudos'
Júlia Ellen foi aprovada na Universidade Federal Rural de Pernambuco
Arquivo pessoal
É claro que o g1 conversou com a aluna em questão: Júlia Ellen, de 18 anos, foi selecionada para o curso de licenciatura em química na Universidade Federal Rural de Pernambuco. “Foi muito gratificante ter participado do Aulão, porque os professores fizeram com que até as matérias mais chatas atraíssem minha atenção”, diz. “Teve muito acolhimento, e o Gil mostrou para a gente que o futuro está nos estudos.”
Matheus Satiro, outro aluno do Aulão, já tinha enfrentado uma maratona de preparo para o Enem, escrevendo redações semanalmente e revisando todas as disciplinas. Ouvir o discurso de Gil do Vigor pessoalmente foi o toque final. “Fui aprovado em ciências econômicas, o mesmo curso que ele fez. Ver um cara que nasceu aqui onde nasci e que conseguiu estudar lá nos Estados Unidos é uma inspiração”, afirma.
Próximo passo: defesa na universidade
Gil do Vigor
Reprodução
Gil diz aos alunos que, quando é acometido por pensamentos “sabotadores”, tenta se lembrar da importância de tentar.
Ao g1, ele resumiu sua estratégia. “Não posso bloquear minha vida. Minha mãe sempre disse: ‘filho, vá, não olhe para o resultado, olhe para a jornada’”, conta. “E comecei a colocar isso em prática. Minha defesa [na Universidade de Chicago] está chegando. Vou falar que estou confiante? Estou é me cag***! Queria sair correndo. Mas, se eu não tentar, vou viver a vida inteira com medo? Não posso.”
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Concurso nacional unificado para professores será em outubro; veja data das inscrições

Ministro da Educação defende regular as mensalidades de medicina cobradas por universidades privadas
Presidente do Inep adiantou informações sobre o cronograma da Prova Nacional Docente. Professores em sala de aula (SEDUC-PI)
Reprodução
A Prova Nacional Docente deverá ser aplicada em outubro, afirma Manuel Palacios, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Durante um evento promovido pela ONG Todos Pela Educação nesta quinta-feira (13), em São Paulo, Palacios também adiantou que:
as inscrições devem começar em junho;
os resultados serão divulgados em dezembro, para que as redes selecionem seus professores a tempo do início do novo ano letivo.
✏️ O que é? Criada pelo Ministério da Educação (MEC), a nova avaliação deverá funcionar como um concurso nacional e unificado para selecionar professores que lecionarão nas redes públicas de ensino.
Os municípios e estados interessados em usar as notas para contratar seus docentes devem aderir ao programa até 17 de abril. A cidade de São Paulo, por exemplo, já confirmou que adotará a prova em seu processo seletivo, afirma Fernando Padula, secretário municipal de Educação.
Por meio da mesma avaliação, será possível que um docente se candidate tanto para uma vaga de um município no Sul do país quanto para uma oportunidade no Nordeste, por exemplo.
✏️ Por que o concurso foi criado? Entre os objetivos, estão: aumentar o número de profissionais efetivos (usando critérios adequados) e elevar a frequência das contratações— sem exigir que cidades pequenas, que usualmente sofrem com problemas logísticos e orçamentários, tenham de organizar seus próprios processos seletivos.
“Ainda que o processo de adesão não tenha sido concluído ainda, já sabemos que serão ao menos 250 mil candidatos que se formaram em cursos de licenciatura”, afirma Palacios.
Além disso, o presidente do Inep afirmou que "teremos critérios mais claros na admissão de professores" para estados e municípios.
✏️ Como será a prova? A avaliação usada no concurso é o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), na versão específica para licenciaturas, criada em 2024.
Um terço do exame, aplicado anualmente, será de perguntas gerais para professores, e dois terços, de questões específicas da disciplina lecionada pelo candidato.
“[As provas serão] capazes de aferir a capacidade [do professor] de lidar com um tema pedagógico ou com um problema do dia a dia”, diz Palacios.
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Mensalidade de medicina de R$ 15 mil: ministro quer regulação contra abusos

Ministro da Educação defende regular as mensalidades de medicina cobradas por universidades privadas
"Temos de saber por que determinadas faculdades de medicina cobram R$ 15 mil, e outras cobram R$ 8 mil", disse Camilo Santana. Ministro Camilo Santana participa de evento do Todos Pela Educação
Luiza Tenente/g1
Q
O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou, nesta quinta-feira (13), que defende a regulação das mensalidades cobradas pelas faculdades privadas de medicina no Brasil, por meio da criação de um novo instituto no MEC.
“Mais de 80% do ensino superior é privado. Temos de saber por que determinadas faculdades de medicina cobram R$ 15 mil, e outras cobram R$ 8 mil. Precisamos ter algumas regras mais claras em relação a isso”, disse Santana no Encontro Anual Educação Já, organizado pela ONG Todos Pela Educação.
“(…) Necessitamos compreender para dar uma regulada nas cobranças, para elas não serem abusivas no setor privado.”
➡️No sistema político e educacional brasileiro, as universidades particulares têm autonomia para definir as mensalidades cobradas dos alunos. A única exigência é que os aumentos sejam devidamente justificados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Thais Gonçalves/Divulgação
Por enquanto, sem aumento do teto no Fies Social
Em reportagem publicada pelo g1 em 6 de fevereiro, estudantes de medicina de baixíssima renda (até meio salário mínimo per capita), beneficiados pelo Fies Social, afirmaram que o programa, “de social, não tem nada”.
➡️Em tese, o Fies Social financiaria 100% das mensalidades e taxas cobradas pelas universidades. Só que, em medicina, existe um "teto": se o curso custar mais de R$ 10 mil (algo bem comum no mercado), a diferença deverá ser paga pelo aluno. Com isso, jovens com renda de R$ 700, por exemplo, estavam pagando R$ 2.300 por mês à universidade, mesmo com o Fies.
➡️Um exemplo real: Ana Silva, de 24 anos, é uma das que 2,3 mil pessoas que se matricularam em medicina pelo programa. Ela foi aprovada no segundo semestre de 2024, em uma instituição de ensino de Salvador.
Como o curso é integral, ela precisa contar somente com a renda do marido, inferior a R$ 800.
A mensalidade, quando Ana ingressou em medicina, era de R$ 12.553,60. Como só R$ 10 mil são financiados, ela pagou mensalmente R$ 2.553,60, de julho a dezembro do ano passado, usando todas as economias do casal.
Em 2025, a faculdade reajustou as mensalidades para R$ 14.037. Com isso, mesmo com uma renda de R$ 800, ela teria de pagar R$ 4.037 de coparticipação a cada mês.
“Se eu soubesse que [o valor] aumentaria tão absurdamente, nem teria assinado o contrato. Não tem condição de eu continuar estudando neste ano. Já solicitei o trancamento da vaga e a suspensão do contrato do Fies”, conta.
Em fevereiro, quando questionado pelo g1, o MEC, por meio do FNDE, afirmou que o aumento do teto do financiamento seria discutido ainda no primeiro bimestre de 2025. Nesta quinta-feira (13), no entanto, Santana deu a entender que não haverá uma flexibilização desse limite por enquanto. "Estamos dialogando", disse.
“Minha preocupação é que, a cada vez que o MEC aumente o teto de medicina, as faculdades também aumentem [as mensalidades], porque sabem que o financiamento será garantido."
“Nós já permitimos o financiamento do Fies Social 100% para baixa renda e aumentamos o teto da medicina em 2023. Mas o problema é este [as faculdades elevam os custos]. Estou defendendo a criação de um instituto de regulação do ensino superior para reconhecer as limitações que o MEC tem, do ponto de vista estrutural, para acompanhar isso.”
Alunos de medicina do Fies Social pagam mais de R$2 mil por mês: ‘De social, não tem nada'
Quais seriam as alternativas para beneficiar os alunos de baixa renda, sem interferir na autonomia das instituições de ensino?
Especialistas entrevistados pelo g1 apontam opções (que dependem da viabilidade econômica, obviamente):
reajustar o “teto” do financiamento com mais frequência, para acompanhar os aumentos das mensalidades de medicina;
indexar o "teto" ao valor médio das mensalidades naquele ano;
estabelecer um limite máximo na coparticipação cobrada dos alunos de baixa renda;
criar contrapartidas, como incentivos fiscais, para que as universidades concedessem bolsas parciais equivalentes à coparticipação;
elaborar iniciativas de apoio para a permanência dos alunos no curso;
vincular o financiamento a programas públicos de residência médica em regiões carentes, para o abatimento de parte da dívida por meio desse trabalho.
Segundo Camilo Santana, aumentar o teto do financiamento comprometeria o orçamento do MEC.
O alcance do Fies vem caindo: em 2014, no primeiro semestre, foram 480 mil novos contratos. Na atual edição, são 112 mil. O FNDE garante que o programa está “em constante aprimoramento, buscando ser sustentável e equilibrado.”

Ministro da Educação defende regular as mensalidades de medicina cobradas por universidades privadas

Ministro da Educação defende regular as mensalidades de medicina cobradas por universidades privadas
Camilo Santana não sinaliza que haverá revisão do teto do Fies Social para esse curso, justamente por causa dos aumentos ‘abusivos’ das mensalidades. ‘Temos de saber por que determinadas faculdades cobram R$ 15 mil, e outras cobram R$ 10 mil’, diz. 'Precisamos dar uma regulada nas cobranças'. Ministro Camilo Santana participa de evento do Todos Pela Educação
Luiza Tenente/g1
O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou, nesta quinta-feira (13), que defende a regulação das mensalidades cobradas pelas faculdades privadas de medicina no Brasil, por meio da criação de um novo instituto no MEC.
“Mais de 80% do ensino superior é privado. Temos de saber por que determinadas faculdades de medicina cobram R$ 15 mil, e outras cobram R$ 8 mil. Precisamos ter algumas regras mais claras em relação a isso”, disse Santana no Encontro Anual Educação Já, organizado pela ONG Todos Pela Educação.
“(…) Necessitamos compreender para dar uma regulada nas cobranças, para elas não serem abusivas no setor privado.”
➡️No sistema político e educacional brasileiro, as universidades particulares têm autonomia para definir as mensalidades cobradas dos alunos. A única exigência é que os aumentos sejam devidamente justificados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Por enquanto, sem aumento do teto no Fies Social
Em reportagem publicada pelo g1 em 6 de fevereiro, estudantes de medicina de baixíssima renda (até meio salário mínimo per capita), beneficiados pelo Fies Social, afirmaram que o programa “de social, não tem nada”.
➡️Em tese, o Fies Social financiaria 100% das mensalidades e taxas cobradas pelas universidades. Só que, em medicina, existe um "teto": se o curso custar mais de R$ 10 mil (algo bem comum no mercado), a diferença deverá ser paga pelo aluno. Com isso, jovens com renda de R$ 700, por exemplo, estavam pagando R$ 2.300 por mês à universidade, mesmo com o Fies.
Em fevereiro, quando questionado pelo g1, o MEC, por meio do FNDE, afirmou que o aumento do teto seria discutido ainda no primeiro bimestre de 2025. Nesta quinta-feira (13), no entanto, Santana deu a entender que não haverá uma flexibilização desse limite por enquanto. "Estamos dialogando", disse.
“Minha preocupação é que, a cada vez que o MEC aumente o teto de medicina, as faculdades também aumentem [as mensalidades], porque sabem que o financiamento será garantido."
“Nós já permitimos o financiamento do Fies Social 100% para baixa renda e aumentamos o teto da medicina em 2023. Mas o problema é este [as faculdades elevam os custos]. Estou defendendo a criação de um instituto de regulação do ensino superior para reconhecer as limitações que o MEC tem, do ponto de vista estrutural, para acompanhar isso.”
Alunos de medicina do Fies Social pagam mais de R$2 mil por mês: ‘De social, não tem nada'