Ideb: rede estadual do RJ sofre queda em avaliação

‘Eu pensava que merecia’: Como a ioga ajudou mulher a superar estupro, trauma e depressão
Em 2021, o Ideb foi de 3,9 e, no ano passado, caiu para 3,3 – bem distante da meta estabelecida para essa faixa de ensino, que é de 4,6. Capital não chega à meta, mas tem avanços. Ministério da Educação divulga Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
A rede estadual do Rio sofreu uma queda na avaliação de qualidade feita pelo Ministério da Educação, segundo números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgados nesta quarta-feira (14).
Em 2021, o Ideb foi de 3,9 e, no ano passado, caiu para 3,3 – bem distante da meta estabelecida para essa faixa de ensino, que é de 4,6.
Além disso, as escolas estaduais do Rio de Janeiro têm o pior Ideb no ensino médio da Região Sudeste, atrás de Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.
RJ- 3,3
MG – 4,0
SP – 4,2
ES – 4,7
Situação da capital
Já a rede municipal do Rio apresentou uma melhora, mas ainda sem atingir a meta. Para os anos iniciais, que vão do primeiro ao quinto do ensino fundamental, as escolas municipais estão com índice 6, acima dos 5,4 de 2021, mas ainda inferior à meta de 6,4 .
As escolas que oferecem ensino fundamental dos anos finais, do sexto ao nono, ficaram com índice 5,2 – acima da nota 5 de três anos atrás, mas abaixo da meta de 5,7.
A prefeitura ressaltou que obteve o maior crescimento percentual na nota (+12%) da avaliação que compõe o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) entre todas as capitais do Brasil. (veja no fim da reportagem mais detalhes).
Bom exemplo em Santa Cruz
Entre as escolas com melhor desempenho na capital está a Escola Municipal Roberto Coelho, em Santa Cruz, que atende turmas do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental.
A unidade que tinha atingido nota 6,2 no ideb de 2021, agora conseguiu nota 8,5.
Esse salto foi conquistado com o esforço de toda a comunidade escolar. Iniciativas que uniram professores, alunos e as famílias surtiram um efeito positivo na ponta do lápis.
É" o resultado de ações como buscar alunos que tinham problemas como assiduidade e frequência e conversar com as famílias", diz o diretor Rafael Amaral.
Prefeitura ressalta salto
Apesar de ainda não chegar à meta, a rede municipal do Rio ressalta que conquistou o maior crescimento percentual na nota (+12%) da avaliação que compõe o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) entre todas as capitais do Brasil nos Anos Iniciais, que são os alunos do 1º ao 5º ano. A rede também observa que o avanço nos Anos Iniciais ocorre justamente no período mais importante, que é a alfabetização.
Nos anos finais, a capital teve o quinto maior salto na nota (+5%) entre todas as capitais. A rede municipal do Rio é responsável pelo ensino fundamental do 1° ao 9° ano.
Desempenho do Rio no Ideb 2023
Secretaria Municipal de Educação/Divulgação
A rede municipal também aponta que teve o maior resultado da série histórica do Ideb e que a capital nunca alcançou notas tão altas. Nos Anos Iniciais, o Ideb da rede carioca chegou a 6,0, maior resultado da série histórica, iniciada em 2005. Nos Anos Finais, o Rio chegou a 5,2, outro resultado inédito.
O RJ2 procurou o governo do estado para comentar os resultados do Ideb, mas não obteve resposta.

Em 20% dos municípios do Brasil, alunos do 5º ano da rede pública não sabem somar moedas de R$ 0,50 ou converter 1 hora em minutos

‘Eu pensava que merecia’: Como a ioga ajudou mulher a superar estupro, trauma e depressão
Notas do Saeb (prova com questões de matemática e língua portuguesa) foram divulgadas nesta quarta-feira (14) pelo Inep. Regiões Norte e Nordeste apresentam os índices mais preocupantes. estudar-matematica-enem
Divulgação
Em 1 de cada 5 cidades brasileiras, os alunos do 5º ano de escolas públicas (municipais, estaduais e federais) apresentaram médias baixíssimas nas provas de matemática do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2023.
Eles não demonstraram habilidades importantes para o dia a dia, como:
💰somar moedas de R$ 0,25 ou de R$ 0,50;
⏰converter uma hora em minutos;
📏identificar um retângulo entre outros quadriláteros;
⌚ver o horário em relógios de ponteiro;
🧮reconhecer frações como partes de um todo;
✖️resolver problemas que envolvam as noções de "duplo" ou "triplo".
➡️Os dados, divulgados nesta quarta-feira (14) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostram que a maior parte dessas cidades é de pequeno porte e está nas regiões Nordeste e Norte. As únicas capitais que aparecem na lista do baixo desempenho são Natal e Porto Alegre.
De 0 a 10, alunos ficam no nível 3 de domínio da matemática
Segundo a escala de proficiência desenvolvida pelo próprio Inep, as médias do Saeb em matemática são classificadas em 10 níveis (nos mais altos, estão as melhores notas). Em 1.137 municípios, os estudantes de 5º ano da rede pública alcançaram, no máximo, 200 pontos, encaixando-se no patamar 3.
Isso significa que eles conseguem realizar apenas tarefas como:
determinar o horário final de um evento, se souberem a duração dele e quando começou;
fazer subtração de números decimais;
reconhecer quadrados, triângulos e círculos, por exemplo.
"Os resultados de aprendizagem de matemática no Brasil merecem destaque, porque são muito críticos. Já no 5º ano, vemos resultados muito fracos, que transbordam e se ampliam nos ensinos finais do fundamental e no ensino médio", afirma Gabriel Corrêa, diretor de Políticas Públicas da ONG Todos Pela Educação. "Desde o começo da trajetória escolar, o ensino da disciplina é pouco priorizado."
Como 'sair do buraco'?
Katia Smole, diretora executiva do Instituto Reúna e ex-secretária da Educação Básica do MEC, enfatiza a importância de recuperar as perdas decorrentes da pandemia da Covid-19, quando as escolas ficaram fechadas por um longo período.
"Não basta retomar as aulas, em especial para os alunos do 5º ano. As redes precisam criar ações muito bem planejadas e sistêmicas para que os estudantes aprendam o que perderam durante a pandemia. Parte do motivo de os resultados não terem voltado, e olha que já não eram bons, vem daí", diz.
Tanto Corrêa quanto Smole reforçam a importância de o governo federal desenvolver uma política nacional para o ensino da matemática. Atualmente, só há programas focados na alfabetização.
"Temos muitos elementos que apoiam essa possibilidade, como a Base Nacional Comum Curricular, um bom sistema de materiais didáticos e avaliação. Cuidar da formação dos professores também é importante [para haver melhora], diz Smole.
Quais as raízes do problema, além da pandemia?
A seguir, veja um resumo das principais dificuldades encontradas pelo Brasil no ensino de matemática:
🧑‍🏫 BAIXA ATRATIVIDADE: A carreira de professor não é atrativa no país, em geral, pela baixa remuneração e pelas condições de trabalho. Nos cursos de licenciatura em matemática, então, a procura por vagas é baixíssima, e a evasão é alta. Quando um aluno tem bom desempenho em cálculo, acaba migrando para carreiras com melhores perspectivas de mercado de trabalho, como economia, engenharia e ciências da computação. Existe um gargalo na formação.
E mais: com os baixos salários, o mesmo professor precisa dar aula em mais de uma escola. O ideal seria que ele ganhasse o suficiente para poder se dedicar integralmente somente a um colégio.
❌ QUALIDADE RUIM EM FACULDADES: O crescimento desenfreado do ensino à distância (EAD) foi um retrocesso na educação, segundo especialistas ouvidos pelo g1: está rebaixando o nível de formação de professores. Em geral, são graduações formuladas a baixo custo, com aulas gravadas e reproduzidas para um número ilimitado de alunos. O MEC vem limitando a abertura de cursos de licenciatura nessa modalidade.
⚖️ DESEQUILÍBRIO NA DISTRIBUIÇÃO DE PROFESSORES: Forma-se um ciclo. Os estudantes aprovados nas faculdades privadas entram, em geral, com uma defasagem nos conhecimentos básicos, provavelmente pela baixa qualidade do ensino médio público. ➡️ Têm acesso a um curso superior fraco. ➡️Após a formatura, enfrentam maior dificuldade para passar nos concursos públicos mais concorridos.➡️ São contratados como professores temporários, em escolas de pior estrutura.➡️ Ensinam alunos que já são mais socialmente vulneráveis e que, por tabela, continuarão recebendo uma formação escolar pior que a dos mais ricos.
Além disso, no sistema de concursos públicos, os professores efetivos com mais experiência adquirem o direito de escolher a região onde trabalharão. Por buscarem melhores condições de infraestrutura, transporte e segurança, por exemplo, acabam optando, em geral, por escolas mais centrais, que já têm melhores desempenhos.
✏️ PASTEURIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO: As estratégias de ensino-aprendizagem raramente são voltadas para a realidade de determinada escola ou região.
💰 DESIGUALDADE ECONÔMICA: Entram aqui nos três aspectos. Veja abaixo:
O processo de educação formal no Brasil é recente. A escolarização básica, no sistema público, passou a ser acessível para a maior parte da população após a década de 1970, gradualmente. Foi só na década de 1990 que a maioria chegou ao ensino fundamental 2.
Por quase 400 anos, o Brasil viveu um sistema escravocrata, que deixou uma estrutura social difícil de ser superada. No cotidiano escolar, há alunos que precisam se preocupar antes com a sobrevivência: alimentação, segurança e moradia, por exemplo.
A escolarização dos adultos que convivem com o aluno também influencia na facilidade de aprendizagem. Crianças que não têm como comprar livros ou que vivem em um grupo social no qual a escrita e a matemática não fazem parte do cotidiano terão menos facilidade do que as demais.
LEIA TAMBÉM: Ideb 2023: 9° ano do fundamental e 3º do ensino médio têm desempenho abaixo da meta de 2021 no Brasil
O que é Saeb?
É uma prova de português e de matemática feita por alunos do 2º, 5º e 9º ano do ensino fundamental e por estudantes do 3º do ensino médio. No caso do 9º ano, para uma amostra específica, houve também questões de ciências da natureza e ciências humanas.
Saeb é diferente de Ideb?
Sim. O Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira (Ideb) é composto pelas notas do Saeb e pelos índices de fluxo escolar (aprovação/reprovação dos alunos).

Ideb 2023: 9° ano do fundamental e 3º do ensino médio têm desempenho abaixo da meta de 2021 no Brasil

‘Eu pensava que merecia’: Como a ioga ajudou mulher a superar estupro, trauma e depressão
Índice considera o desempenho dos alunos principalmente em matemática e língua portuguesa, além de avaliar o fluxo escolar (número de aprovações e reprovações) de cada colégio, município e estado brasileiro. Metas estipuladas para 2021 não chegaram a ser renovadas neste ano. Manual Palacios, Camilo Santana e Carlos Moreno apresentam dados do Ideb 2023
Beatriz Borges/g1
O índice que mede a qualidade da educação no Brasil mostra, em 2023, melhoras pontuais em relação a 2021, mas ainda aponta que os avanços registrados não foram suficientes para colocar todas as etapas do ensino no país dentro das metas estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC).
Os problemas mais graves foram registrados no ensino fundamental II e no ensino médio, principalmente no desempenho dos alunos nas provas de matemática e de língua portuguesa.
É o que mostrou, nesta quarta-feira (14), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ao divulgar os resultados do Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira.
📈CONTEXTO: quando o MEC definiu as metas no Ideb, considerou apenas o período de 2007 a 2021. Como ainda não foi divulgado um novo patamar a ser atingido, o g1 comparou os índices atuais à escala que estava vigente há dois anos.
Veja abaixo:
👍Nos anos iniciais do ensino fundamental, o Ideb nacional foi de 6 – um aumento em relação a 5,8 (em 2021) e 5,9 (em 2019). A meta para esta etapa do ensino, em 2021, era justamente 6.
👎Nos anos finais do ensino fundamental, o número foi de 5, ante 5,1 no levantamento de 2021 e 4,9 em 2019. A meta para esta etapa do ensino, em 2021, era 5,5.
👎E no ensino médio, o Ideb ficou em 4,3 – aumento de 0,1 quando comparado a 2021 e 2019 (4,2). A meta para esta etapa do ensino, em 2021, era 5,2.
Como observado, a única etapa que alcançou a meta foi a dos estudantes de 1º a 5º ano — puxada principalmente pela melhora do fluxo dos alunos (ou seja, da aprovação deles na escola).
Manuel Palacios, presidente do Inep, afirma que, no início dos anos 2000, as taxas de reprovação eram gigantescas, mesmo diante de pesquisas que mostram que reter o aluno não melhora o desempenho dele.
"Acho que, se observarmos esses dados ao longo de 18 anos, é uma grande história de sucesso na educação brasileira. (…) É preciso que a gente avance na educação na idade certa no país."
➡️Os dados apresentados são relativos a 2023. É a primeira avaliação nacional em larga escala que acontece após a pandemia de Covid-19 (a edição de 2021 teve menor adesão, por causa do fechamento das escolas).
🔴O que compõe o Ideb?
O índice cruza duas informações e apresenta resultados em uma escala que vai de 1 a 10:
taxa de aprovação/fluxo escolar (a porcentagem de alunos que não repetiram de ano em uma escola ou rede de ensino);
notas do Saeb, uma prova de português e de matemática feita por alunos do 2º, 5º e 9º ano do ensino fundamental e por estudantes do 3º do ensino médio. No caso do 9º ano, para uma amostra específica, houve também questões de ciências da natureza e ciências humanas.
🔴Resultados do Saeb: notas estão abaixo das registradas no pré-pandemia
Segundo o Inep, o desempenho dos alunos no Saeb (provas de língua portuguesa e matemática) registrou uma discreta melhora em relação a 2021, mas ainda ficou abaixo do patamar pré-pandemia.
Em todas as áreas de conhecimento e etapas escolares, as notas de 2023 foram menores do que as de 2019:

🔴O que a pontuação significa na prática?
Vejamos o exemplo do 5º ano:
Em matemática e em língua portuguesa, os alunos continuam no nível 4 de domínio do conteúdo (em uma escala de 1 a 10, em que 10 é o de conhecimentos mais altos).
Isso significa que eles:
sabem multiplicar números naturais, determinar a divisão exata por números de um algarismo (como 100/2), reconhecer tabelas;
não conseguem, por exemplo, calcular a área de uma figura geométrica, converter cédulas de dinheiro em valores equivalentes de moedas ou resolver problemas matemáticos que envolvam a noção de metade ou de triplo;
são capazes de identificar informações em receitas culinárias, mas não de entender o assunto de uma reportagem ou de uma tirinha.
No 9º ano, o Brasil ocupa o nível 3 nas duas disciplinas. Ou seja, os alunos:
sabem somar, subtrair, multiplicar e dividir números em problemas e interpretam gráficos;
não reconhecem coordenadas no plano cartesiano (eixos x e y), não convertem unidades de medida (como de metro para centímetro) e não fazem somas com quantias de dinheiro;
localizam informações explícitas em crônicas e interpretam o sentido de advérbios e conjunções em textos;
não conseguem identificar os elementos de uma fábula ou o sentido da linguagem de uma tirinha.
E na 3ª série do ensino médio, os alunos estão no nível 2 em matemática e no 3 em língua portuguesa. Veja exemplos:
reconhecem os zeros de uma função e associam gráficos a porcentagens;
não determinam os elementos seguintes de uma sequência lógica de números (como em 2, 6, 10, 14…) e não sabem calcular o reajuste de um valor após aplicar determinada porcentagem de aumento;
reconhecem variantes linguísticas em artigos e localizam informações de artigos de opinião;
não identificam argumentos de contos, não entendem o principal sentido de uma notícia e não reconhecem humor ou ironia em crônicas.
Escola Municipal Dr. Aluízio Rosa Prata, no Rio de Janeiro
Prefeitura de Uberaba/Divulgação
🔴Por que devemos tomar cuidado ao interpretar os dados do Ideb?
A última edição do Ideb, de 2021, trouxe dados enganosos: foram colhidos em condições que acabaram “mascarando”, de forma não intencional, o verdadeiro retrato da educação brasileira na pandemia.
Os dois “ingredientes” do Ideb foram comprometidos, porque:
Parte das redes de ensino adotou a aprovação automática na pandemia (e teve, portanto, um Ideb artificialmente mais alto).
Pela primeira vez, também por causa da Covid-19, a porcentagem de alunos que fizeram a avaliação (Saeb) foi muito mais baixa em alguns estados, fornecendo dados estatisticamente pouco confiáveis.
Nos anos iniciais do ensino fundamental, por exemplo, justamente na etapa em que as crianças enfrentaram dificuldades nos processos de alfabetização à distância, o Ideb nacional foi de 5,8 (uma flutuação muito discreta em relação aos 5,9 de antes da pandemia).
🔴Como o Ideb é calculado?
O cálculo do Ideb obedece a seguinte fórmula: os resultados dos testes de Língua Portuguesa e Matemática são padronizados em uma escala de 0 a 10. Depois, a média dessas duas notas é multiplicada pela média das taxas de aprovação das séries de cada etapa avaliada (anos iniciais, anos finais e ensino médio), que variam de zero a 100.
Exemplo: numa escola com desempenho no Saeb igual a 6 e taxa de aprovação de 90%, (0,90), o Ideb é igual a 6 vezes 0,9 = 5,4.
🔴De quanto em quanto tempo o Ideb é calculado?
O índice é divulgado a cada dois anos, em várias escalas: nacional (em cada etapa escolar), por rede (dos municípios e dos estados) e por escola.
O Inep define metas individuais e gerais, levando em conta o contexto de cada região.
Desta vez, no entanto, não havia nenhum patamar definido como alvo pelo MEC.
Como dito no início da reportagem, no debate das metas, foi considerado apenas o período de 2007 a 2021. Até o final desse período, o Ideb deveria ser igual ou superior a:
6,0 nos anos iniciais do ensino fundamental;
5,5 nos anos finais do ensino fundamental
5,2 no ensino médio.
🔴Mudanças no Saeb
Em 2021, o Inep publicou a Portaria nº 10, estabelecendo diretrizes para um novo Saeb, com as seguintes mudanças:
alteração do formato da prova, com aplicação digital;
maior frequência da avaliação, passando a ser anual;
ampliação das séries abrangidas, incluindo todos os anos a partir do 2º ano do ensino fundamental (em vez de selecionar apenas amostras);
avaliação das quatro áreas do conhecimento definidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC): Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas.
As mudanças seriam implementadas gradualmente. Até a edição mais recente do Saeb, apenas as áreas de conhecimento avaliadas foram alteradas.
São feitas as seguintes críticas ao modelo atual:
os conteúdos avaliados não contemplam habilidades multidisciplinares e ficam presos apenas às disciplinas tradicionais;
na edição de 2023, os conteúdos cobrados em português e matemática para o 5º e o 9º ano do ensino fundamental e para a 3ª série do ensino médio ainda não estavam alinhados à BNCC.
Conheça os problemas que afetaram os dados do Ideb 2021

Golpe da raiz quadrada: por que truque de matemática ensinado nas redes pode ‘roubar’ seus pontos no Enem?

TikTok e Instagram têm vídeos com milhares de visualizações ensinando um macete para calcular raiz quadrada. É uma dica sedutora, que pouparia tempo do aluno, mas… só funciona em casos muito específicos. Cilada! Veja se macete para raiz quadrada realmente ajuda no Enem
Você provavelmente já se arriscou a testar alguma receita ensinada no TikTok, mas ficou frustrado com o resultado, certo? Fique esperto. Essas "ciladas" das redes sociais não existem só na culinária: atingem também a matemática (e, por consequência, atrapalham o desempenho dos alunos nas provas!).
Vídeos que reúnem milhares de visualizações ensinam truques milagrosos para economizar tempo em contas ou equações. O problema é que alguns desses macetes estão errados ou só funcionam em casos muito específicos. É o caso do "golpe da raiz quadrada".
Entenda abaixo:
➡️Diferentes versões de um mesmo post circulam nas redes e ensinam uma maneira rápida de descobrir a raiz quadrada de um número: somando os algarismos e subtraindo 2 do resultado.
➡️Nos casos exibidos nos vídeos, realmente o truque parece dar certo. Por exemplo: √64 -> 6 + 4 – 2 = 8. Ou: √25 -> 2 + 5 – 2 = 5. Mas são apenas coincidências!
➡️É bem simples de descobrir que não dá certo. Basta testar com outros exemplos que não estão no post, como √144. Pela técnica ensinada na rede social, faríamos: 1 + 4 + 4 – 2 = 7. Só que a raiz quadrada de 144 é 12 (e não 7).
➡️Outra prova de que não funciona: √36. Vamos lá: 3 + 6 – 2 = 7. E a raiz quadrada de 36 é 6.
Agora, veja só: raiz quadrada é uma operação exigida em diferentes questões de matemática do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Se alguém ingenuamente acreditar no que os vídeos estão ensinando, pode perder preciosos pontos na prova.
Por isso, ao ver qualquer dica nas redes, siga as dicas abaixo:
✏️teste se o macete funciona com outros números, além daqueles que aparecem na gravação;
👨‍🏫 confirme com um docente se realmente pode ser uma boa tática de resolução.
Outros vídeos

‘Eu pensava que merecia’: Como a ioga ajudou mulher a superar estupro, trauma e depressão

‘Eu pensava que merecia’: Como a ioga ajudou mulher a superar estupro, trauma e depressão
Aos três anos de idade, Natasha Noel viu a mãe cometer suicídio; aos sete, foi estuprada. Os traumas geraram falta de confiança imensa e um quadro de depressão clínica. Hoje, ela pratica ioga que diz proporcionar força física e mental. Natasha acredita que praticar ioga a ajudou a lidar com situações de estresse
Arquivo pessoal/Natasha Noel/BBC
A jornada de Natasha Noel em busca de cura começou aos 21 anos de idade. O namorado dela havia terminado a relação e saído de sua vida.
Era o momento de repensar seu caos interior, mas suas cicatrizes eram profundas.
Aos três anos e meio de idade, ela viu a mãe atear fogo em si própria. Seu pai, que sofria de esquizofrenia, foi enviado para uma casa de detenção, e ela passou a viver com os padrinhos.
Aos sete anos, Natasha foi estuprada. O abusador a encurralou e atacou — mas ela não contou a ninguém.
Por que professores de ioga podem sofrer de sérios problemas no quadril
Ela também não disse nada depois, quando foi abusada e tocada de forma inadequada.
"Minha infância foi marcada pela dor e por uma culpa muito grande. Eu sempre me culpava", conta ela à BBC. "Eu amava ser vítima, porque era algo tão próximo à dor. Eu pensava que merecia aquilo".
Depois de anos sofrendo com inseguranças sobre o próprio corpo, ela encontrou a liberdade na dança. Assim, achou uma forma de se expressar de forma mais confiante.
Ela treinou jazz, balé e dança contemporânea em um instituto local de Mumbai, maior cidade da Índia.
Mas uma lesão no joelho colocou um fim aos treinos. Sua dislexia, combinada ao bullying que encarava na escola, também a afastou dos estudos em um período crucial.
Quando conseguiu se formar, sua mãe adotiva sugeriu que ela seguisse carreira como professora, para garantir certa estabilidade.
Natasha conta que sua nova família cuidava dela da melhor forma que podia, mas nada era suficiente. "O problema era eu, porque eu não estava pronta para essa aceitação e nunca me abria".
"E eu definitivamente não estava pronta para um emprego como professora".
Depois de um término de namoro, surgiu o desejo de mudança.
"Eu sabia que tinha de melhorar", diz ela.
Natasha lida com depressão e ansiedade há muitos anos
Arquivo pessoal/Natasha Noel/BBC
Preenchendo o vazio
Foi uma fase que ensinou a ela uma grande lição: "você precisa cuidar da sua saúde mental, porque ninguém mais vai fazer isso".
Natasha percebeu que estava lidando com anos de ódio a si mesma e de problemas com sua imagem corporal. "A depressão, para mim, era sobre comportamentos extremos. Eu comia até não conseguir mais respirar e depois vomitava, ou então me forçava a passar fome. Ou eu dormia o dia inteiro, ou simplesmente não dormia".
Transtornos do tipo costumam ser negligenciados na Índia, devido ao estigma social e à falta de cuidados médicos. Estima-se que um quarto da população mundial sofrerá com algum transtorno ao longo da vida, segundo a Organização Mundial de Saúde — e a depressão está entre os quadros mais críticos.
Natasha havia passado por terapia antes, quando mais nova. Dessa vez, entretanto, ela também optou por uma série de técnicas para autocuidado. A lista incluía um caderno para anotar momentos pelos quais se sentia grata, que a ajudava a ter mais perspectiva, e um caderno de metas que a encorajavam a agir.
"Minha depressão e minha ansiedade me motivaram a sair dali", conta ela.
"Na pior fase, eu definia apenas metas menores para cada dia, como escovar meu cabelo ou sair de casa para uma caminhada de cinco minutos".
Nos dias em que não conseguia dar conta disso, ela decidia ser mais suave consigo mesma.
"Eu aprendi a dizer a mim mesma que está tudo bem em falhar e tentar de novo amanhã. Eu tive de praticar o amor próprio até que se tornasse o único caminho".
Essa foi a maior diferença na forma como lidava com diversos assuntos. "Eu me lembro de quando meu terapeuta me perguntava como eu estava, e eu respondia 'eu estou bem, e você?'."
"Eu estava tão acostumada a dar amor aos outros, mas nunca a mim mesma", ela lembra.
Cura por meio da ioga
A meditação tornou-se uma grande parte da jornada de Natasha para lidar com depressão e ansiedade.
Ao longo dos anos, ela recorreu também à ioga para melhorar sua força física e mental.
"Depois da minha lesão, eu não pude mais dançar nem fazer qualquer atividade física. Mas comecei a ver mulheres do mundo todo mostrando poses de ioga nas redes sociais e pensei no quanto era incrível", diz ela.
Ela queria chegar lá, um passo de cada vez.
Esse caminho ia desde as posturas físicas (asanas) até as formas de controle da respiração (pranayama), para chegar à atenção plena.
"Praticar ioga ajuda a me manter sã. O processo foi longo, mas o progresso passou a ser encorajador".
Depois de cinco anos, ela se vê em um lugar melhor.
"Hoje, não importa o que aconteça, eu pratico ioga nas primeiras horas do meu dia e tiro alguns minutos para meditar".
Isso tornou os dias de estresse mais tranquilos e ajudou em sua prática do amor próprio, como ela nunca havia conseguido antes.
Natasha decidiu transformar isso em um estilo de vida e passou pelo treinamento para se tornar uma instrutora de ioga.
Lidando consigo mesma
Aos 27 anos de idade, ela ainda tem dias ruins, mas aprendeu a continuar.
Natasha é agora uma professora de ioga, defensora da conscientização sobre saúde mental e influenciadora digital. Ela explica que sua jornada começou com a autoaceitação.
"As palavras que você diz sobre mim, eu já pensei sobre mim mesma e foi muito pior", diz seu perfil no Instagram.
Natasha Noel fala sobre sua jornada, da infância dolorosa ao perdão
Arquivo pessoal/Natasha Noel/BBC
Ela promove a aceitação corporal para mais de 245 mil seguidores, enquanto os inspira a fazer ioga. O perfil na rede social também reflete muitas de suas experiências pessoais.
"Eu repetia constantemente esse 'modo vítima' na minha cabeça. Mas me policiava sobre isso, porque eu mesma estava me puxando para baixo".
Como influenciadora, ela continua a ser chamada por trolls de "mau caráter", "indigna", "fácil" ou "não tão bonita".
Entretanto, Natasha não é mais acometida pela ansiedade. "Eu mudei minha perspectiva e trabalhei duro para melhorar".
"Eu levei 20 anos para chegar aqui e ainda não terminei. Ainda estou me curando, um passo de cada vez".
*O que é o 100 Women? Todos os anos, a iniciativa BBC 100 Women (100 Mulheres) nomeia 100 mulheres influentes e inspiradoras ao redor do mundo e compartilha suas histórias.